O apartheid fotografado por Ernest Cole

“Trezentos anos de supremacia branca na África do Sul nos colocaram na escravidão, despiram-nos da nossa dignidade, roubaram-nos a nossa autoestima e cercaram-nos de ódio”, escreveu Ernest Cole no seu único livro publicado, House of Bondage (1967 – tradução livre). Tal livro, lançado nos Estados Unidos, determinou o banimento do fotojornalista e de sua obra da África do Sul. O registro do momento histórico em que viveu, marcado pelo apartheid, e a carga de denúncia de suas imagens colocam Cole numa posição de importância na história da fotografia do século XX, ainda que seu trabalho não esteja entre os mais divulgados sobre o assunto.

As imagens de Ernest Cole  foram raramente vistas no continente africano. Pela primeira vez este trabalho está em uma grande exposição – a maior já realizada sobre o fotógrafo – com aproximadamente 150 fotografias. Intitulada “Ernest Cole, The Photographer”, a mostra está acontecendo na Galeria de Arte de Joanesburgo desde outubro, e percorrerá no próximo ano espaços expositivos de outros países da África. Depois disso, um tour está planejado pela Europa e Estados Unidos.

Nascido em 1940, Ernest Cole tem uma identificação muito intensa com os negros de seu país, pois viveu ele próprio o apartheid, passando por situações de preconceito. Trabalhou em alguns jornais, e carrega também o título de primeiro fotógrafo freelancer da África do Sul – começou na função em 1959. Grande parte da sua obra está reunida na Hasselblad Foundation, que fez uma seleção de fotos de Cole em seu site. Ele morreu de câncer em Nova Iorque no ano de 1990, 23 anos após o seu exílio e sem ter retornado ao seu país.

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