Graforréia, sempre como se fosse a última vez

Foto: Fernando Halal (http://www.flickr.com/photos/fernandohalal)

Não é muito difícil um show da Graforréia Xilarmônica lotar. Pode ser tarde da noite, pode ser numa segunda-feira, como foi o caso do mais recente, dia 6 de dezembro, no bar Opinião. A verdade é que o trio sempre toca para casa cheia.

É fácil concluir que um dos motivos para tanta badalação é o fato de que o público teme que toda apresentação seja a última – o que não é algo improvável, levando em consideração o que Frank Jorge falou nesta entrevista exclusiva ao Nonada. Mas seria injusto dizer que a proximidade do fim é o único motivo que leva os fãs a prestigiarem os shows do grupo.

Antes da Graforreia, sobem ao palco os Dingo Bells, que em breve lançam seu primeiro disco. Com um som ousado e ainda assim com um pé no tradicional, o trio promete ser um dos destaques de 2011 na cena gaúcha. Também na abertura do show, os já calejados Efervescentes mostram-se com os ânimos renovados pela estreia discográfica, que deve abrir (mais) portas para a banda, que mistura rock clássico com ritmos mais dançantes.

Já depois da meia-noite, Frank Jorge, Carlos Pianta e Alexandre “Alemão” Birck sobem ao palco e mostram-se mais desenvoltos do que nunca. Alguns anos e quilinhos a mais não impedem os caras de dar a seus fãs tudo o que eles querem e um pouco mais. Só a quantidade de clássicos presentes no show da Graforréia são suficientes para torná-lo uma experiência obrigatória.

Frank Jorge e Carlos Pianta em mais uma apresentação antológica da Graforréia Xilarmônica

O antológico Coisa de Louco II ainda é a base do repertório xilarmônico, e nem poderia ser diferente. Afinal, um álbum que conta com “Nunca Diga”, “Literatura Brasileira”, “Você Foi Embora”, “Bagaceiro Chinelão” e o hino-que-todos-conhecem “Amigo Punk” não poderia mesmo ser deixado em segundo plano. Enquanto os músicos, totalmente descontraídos, se divertem no palco, a plateia dança, canta e sorri com satisfação por relembrar algumas das melhores músicas já compostas por uma banda gaúcha.

Chapinhas de Ouro, o outro álbum de estúdio da Graforréia, geralmente menosprezado, também é responsável por ótimos momentos da apresentação. “Pensando Nela”, “Eu” e “Colégio Interno”, entre outras, são tão boas quanto qualquer coisa composta para Coisa de Louco II que seria injusto dizer que o álbum é mais fraco que seu antecessor. Ausente dos dois discos oficiais de estúdio, “40 anos” é um dos momentos mais emocionantes do show, já que representa a atual situação dos músicos – batalhadores pais de família conscientes de que já fizeram muito pelo rock no Rio Grande do Sul.

Além da música, outro elemento que se destaca nas mais recentes apresentações de Frank – solo, com a Graforréia ou em participações especiais nos shows da Pública – é a distribuição de brindes. Consumidor voraz de cultura pop, o vocalista/baixista tem tentado se desapegar de alguns itens de sua coleção, já que o apartamento em que vive está simplesmente abarrotado de discos, filmes e livros. Para se ter uma ideia, neste show ele distribuiu alguns vinis de U2 e Roberto Carlos e até filmes em VHS, como Forrest Gump. Ótimos brindes, mas quem não conseguiu levar nada também voltou pra casa recompensado. Afinal, a experiência de ver a Graforréia ao vivo, com sua formação clássica, não pode ser mensurada em nenhum disco, por melhor que ele seja.

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