Um ano de travessia – Música

Desde que o Nonada entrou no ar, há um ano, muita coisa boa aconteceu no mundo da música. Bom, também aconteceram algumas coisas ruins, mas igualmente importantes. O fato é que é difícil julgar o que é relevante ou não sem emitir um juízo de valor ou deixar transparecer seu gosto musical, em detrimento de outras coisas interessantes que poderiam entrar. Esta lista tem apenas alguns fatos marcantes que ocorreram nesses 12 meses. Você lembra mais algum que deveria ter entrado e ficou de fora? Escreva pra gente!

Em novembro do ano passado, um novo festival surgia no Brasil: o SWU (Starts with You). Com a proposta de aliar música e sustentabilidade, o evento teve um cast expressivo na primeira edição, incluindo nomes como Rage Against the Machine, Queens of the Stone Age, Pixies, Regina Spektor, Kings of Leon e Linkin Park. A segunda edição, até agora, decepcionou um pouco em relação ao cast e ao trazer Neil Young apenas para palestrar (!!!), mas os organizadores ainda prometem mais atrações. Mas o mais importante do SWU é que ele voltou a aquecer o mercado dos grandes shows, estimulando o retorno do Rock in Rio ao país este ano e, em 2012, a tão esperada primeira edição brasileira do Lollapalooza.

Antes tarde do que nunca: em 2010, os Beatles se redimiram de um atraso histórico ao disponibilizar seu catálogo completo no iTunes. É óbvio que milhões de pessoas já haviam feito downloads das músicas do quarteto de Liverpool, mas apenas em novembro do ano passado tornou-se possível baixar o material de forma, digamos, legal. Para aqueles que acham meio sem sentido vender música pela internet quando é muito fácil tê-la de graça, é bom lembrar que, desde sua criação, em 2003, o iTunes já vendeu mais de 10 bilhões de canções. Ou seja: com a liberação do material via web, Paul McCartney e Ringo Starr vão engordar ainda mais suas contas bancárias, assim como os herdeiros de George Harrison e John Lennon.

 

Definitivamente, 2011 tem sido um ano pródigo em lançamentos musicais, especialmente na área do rock. Entre os discos mais esperados de 2011, King of Limbs, do Radiohead, surpreendeu mais pelo clipe de “Lotus Flower”, com Thom Yorke fazendo uma dancinha pra lá de esquizofrênica. Strokes, com Angles, e Arctic Monkeys, com Suck it and See, não chegaram a decepcionar, mas também não fizeram jus à expectativa. Apontado como um dos melhores álbuns do ano, Back and Forth, do Foo Fighters, tem liderado as vendagens no segmento roqueiro, mas é bem provável que o incrivelmente dançante I’m with You, do Red Hot Chili Peppers (que recém saiu do forno), entre no páreo.

 

Há quem ame, há quem odeie, mas uma coisa é fato: todo mundo já deve ter ouvido falar n’A Banda Mais Bonita da Cidade. No dia 17 de maio, o grupo musical de Curitiba, até então praticamente anônimo, postou no YouTube o vídeo da música “Oração”. Não demorou muito para que o clima fraterno do clipe se espalhasse pelas redes sociais. Em pouco tempo, o vídeo estourou e, até a edição deste post, tinha 7,4 milhões de visualizações. A música, com cerca de seis minutos, mais parece um mantra, já que a letra, curta, é repetida diversas vezes, mas com dezenas de pessoas se juntando à banda.

Mesmo que já é um artista consagrado tem que se adaptar às novidades mercadológicas.  Em julho, Chico Buarque interrompeu um jejum de cinco anos com um novo disco, intitulado simplesmente Chico. O músico lançou o álbum com um show ao vivo transmitido na internet, uma estratégia inédita em sua carreira. Aos 67 anos, Chico optou por um lançamento permeado por ações na rede, com a criação de um site para mostrar o making off, permitir a venda antecipada e a divulgação das faixas, aos poucos. Durante o show na web, o músico comentou a estratégia de divulgação: “É moderno, mas retoma o que havia antigamente com o rádio. Lançar as músicas pouco a pouco favorece o entendimento das canções”. E quanto à música? É o velho Chico de sempre, para a sorte dos fãs.

Inevitável mencionar a morte de Amy Winehouse como um dos fatos mais relevantes do último ano. E, por mais que todos esperassem que a cantora tivesse um fim trágico, sempre havia aquele fiozinho de esperança de que a diva britânica finalmente se entregasse a uma rehab. No dia 23 de julho, uma das maiores revelações da música pop dos últimos anos se juntou ao chamado Clube dos 27 – do qual fazem parte nomes como Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin, Kurt Cobain, Brian Jones e, obviamente, é uma alusão aos músicos que morreram aos 27 anos. A autópsia preliminar indica que Amy ingeriu apenas álcool, ao contrário do que muita gente pensava. Mas certamente não foram duas latinhas de cerveja.

Há um mês, o gaúcho Tonho Crocco, ex-integrante da Ultramen, virou assunto nacional por conta de um fato inusitado: um processo movido pelo deputado federal Giovani Cherini (PDT) contra ele por causa do rap “Gangue da Matriz”. Na música, Tonho faz um forte protesto contra os parlamentares do Rio Grande do Sul que, no fim do ano passado, aprovaram um aumento de 73% de seus próprios salários. O curioso é que ele dá nome aos bois e Cherini, na época presidente da Assembleia Legislativa gaúcha, nem é citado na letra. Pressionado pela opinião pública, o deputado desistiu da ação. Já o músico viu sua popularidade crescer, mas, segundo disse em seu perfil no Twitter, vendeu apenas quatro discos na semana em que ocorreu o episódio. Será?

Lady Gaga não passa despercebida. Seja usando um vestido feito de bifes ou engolindo um terço, ela sempre dá um jeito de chamar a atenção. Em 2009, a cantora americana já havia tido um sucesso impressionante, o que levou muita a gente a chamá-la de “a nova Madonna”. No entanto, conseguiu superar a si mesma e terminou 2010 com o disco mais vendido do ano: nada menos que seis milhões de cópias de The Monster. E o sucessor, Born this Way, vai pelo mesmo caminho. Só na semana de lançamento, mais de um milhão de cópias já haviam se esgotado. Nas vendas digitais, a cantora Adele chegou a desbancar Gaga, mas, ao que tudo indica, Born this Way deve ultrapassar 21, o segundo álbum da inglesa.

Em 2011, duas das maiores premiações da música brasileira resolveram dar uma diminuída na interatividade. Em suas últimas edições, todas as categorias do Prêmio Multishow e do Video Music Brasil, da MTV, foram decididas por votação popular via internet. Resultado: a supremacia de grupos adolescentes como Restart e Cine, cujos fã-clubes se mobilizaram para garantir a vitória dos ídolos. Ambas as premiações foram malhadas pelos críticos e voltaram com júris especializados, restringindo a participação do público a categorias específicas. O Prêmio Multishow já rolou, tendo como alguns dos vencedores, segundo o júri, Marcelo Camelo (cantor), Tulipa Ruiz (cantora), Holger (banda) e Copacabana Club (banda). O Restart levou dois troféus, o de melhor disco e o de melhor clipe – ambos por votação dos fãs. O VMB ocorre no dia 20 de outubro.

Como considerar um fato marcante algo que ainda nem aconteceu? O último tópico desta lista refere-se a um disco do qual não ouvimos uma única música. Mesmo assim, não é difícil imaginar que o álbum Lulu, parceria entre Lou Reed e Metallica que chega às lojas no dia 31 de outubro vá render pano pra manga. Os metaleiros mais ortodoxos certamente vão chiar pelo fato de a banda ter voltado a “experimentar demais”, enquanto os fãs de Lou vão achar um ultraje ele ter se reunido a um grupo heavy. Em tempo: Lulu é o nome de uma peça teatral alemã,  baseada em histórias do expressionista Frank Wedekind, cuja montagem em Berlim teve músicas escritas pelo ex-líder do Velvet Underground. Após tocar com o Metallica em Nova York, em 2009, o cara decidiu convidar a banda para transformar o material em um disco.

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