RS institui versão estadual da Comissão da Verdade

O Rio Grande do Sul terá uma versão estadual da Comissão da Verdade. O governo do Rio Grande do Sul cria hoje (17) a Comissão Estadual da Verdade, que irá acompanhar e auxiliar os trabalhos do órgão nacional implantado pela presidente Dilma Rouseff (PT). A solenidade ocorre durante a Conferência Direitos Humanos, Desenvolvimento e Criminalidade Global, a partir das 18h, no auditório do Ministério Público do Estado (Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 80).

Destinada a facilitar o acesso da sociedade a documentos oficiais da ditadura militar no Brasil (1964 – 1985), a comissão terá como objetivo resgatar a memória política e histórica do Estado e subsidiar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, criada no final do ano passado pela presidente Dilma Rousseff através da lei 12.528/2011. A comissão será composta por cinco integrantes indicados pelo governador, que exercerão suas funções sem remuneração e com o apoio de três secretarias – Casa Civil, Justiça e Direitos Humanos, e Segurança Pública. Serão observados os critérios da reputação ilibada e histórico de defesa dos direitos humanos e da democracia. O grupo, concebido para dar suporte à Comissão da Verdade do governo federal, terá autonomia para definir o ritmo de trabalho. Outra consequência das investigações poderá ser a criação de um museu destinado a manter viva a memória dos tempos de ditadura, com a exposição de documentos, fotos, vídeos e outros itens da época.

O episódio "O sequestro dos Uruguaios" será um dos investigados pela Comissão

Casos como o “Sequestro dos Uruguaios” e “Mãos amarradas” deverão estar entre os investigados. No primeiro, as vítimas foram Lilian Celiberti e Universindo Diaz, sequestrados em Porto Alegre em novembro de 1978. Os dois, uruguaios, acabaram condenados pela ditadura do seu país a cinco anos de prisão. O chefe brasileiro da Operação Condor, o delegado do Dops Pedro Seelig, 81 anos, vive em Porto Alegre.

Já a segunda ocorrência é a morte do sargento Manoel Raymundo Soares, então com 30 anos, ferrenho contestador do golpe militar. Em 1966, seu corpo foi encontrado boiando no Rio Jacuí com as mãos atadas. A previsão é que ocorra ainda a investigação e o esclarecimento de outros crimes que ocorreram no Estado. A Operação Condor, aliança entre regimes militares que atuavam na América do Sul para orquestrar a repressão aos opositores das ditaduras e envolveu países como Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai, também será investigada.

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