A maior festa do rock

Kiss não economiza na pirotecnia em suas apresentações

Texto Riccardo Facchini 

Fotos Michel Cortez 

Nada menos do que uma farra dionísica é o que se pode esperar de um show do Kiss. E foi exatamente isso que eles entregaram na noite de quarta-feira, 14, no Gigantinho.

O esforço da banda acabou tendo que ser dobrado devido ao atraso Axl Rosiano de duas hora e meia, o que causou impaciência da plateia, que chegou a assobiar e vaiar em alguns momentos. O show, que estava originalmente marcado para as 21h, começou apenas às 23h30min devido ao atraso na chegada dos caminhões com parte da produção. As carretas vieram direto de Assunção, no Paraguai, e acabaram detidas na alfândega brasileira. Quem subiu ao palco às 21h acabou sendo a Rosa Tattooada; neste horário, filas que se estendiam até o Parque Marinha do Brasil, localizado ao lado do ginásio, ainda podiam ser observadas. Inexplicavelmente, apenas um portão havia sido aberto, o que gerou as filas; depois, quando a produção abriu os outros, houve um princípio de corre-corre, mas não faltou tempo para que todos se acomodassem tranquilamente.

Paul Stanley não poupou energias para fazer a alegria do público

Quando chegou a hora tão esperada, Gene Simmons, Paul Stanley, Tommy Thayer e Eric Singer caíram, quase que literalmente, do céu. A banda entrou no palco em uma plataforma que baixou do alto para levar todos ao delírio com a clássica Detroit Rock City, em meio a labaredas de fogo e explosões, artifícios usados em profusão ao longo de todo o show. Na sequência, mostrando as garras desde o primeiro minuto, foi a vez de Shout It Out Loud, outro hit da banda. A execução foi atrapalhada por problemas com os microfones, que em alguns momentos ficaram mudos, mas a plateia compensou cantando junto a plenos pulmões. Em seguida, a falha foi corrigida e não reapareceu.

Calling Dr. Love, de execução sublime, deu sequência aos hits e Hell or Hallelujah foi a primeira das novas canções presentes no novo álbum Monster, lançado no último mês de outubro. Wall of Sound, também do último disco, acompanhou-a. A recepção do público de 8.000 pessoas (a organização estimou em 10.000) a estas foi boa, apesar de obviamente mais morna do que aos grandes clássicos. Hotter Than Hell, com direito ao baixista Gene Simmons cuspindo fogo, e I Love it Loud, cujo coro foi cantado a todo volume pela plateia, seguiram a coleção de clássicos.

Guitarrista Tommy Thayer foi um dos destaques do show

Outta This World, a terceira e última canção executada do novo disco, foi cantada pelo guitarrista Tommy Thayer, o novato do grupo. Ele entrou na banda em  2003 e é também o mais novo em idade, com 52 anos. Nesta música, pela primeira vez o cenário deixou de ser de fogos e incontáveis luzes para se transformar no espaço sideral. O substituto de Ace Frehley mostrou competência nos vocais, mas ao longo de todo o show ele se destacou mesmo pelos solos extremamente bem tocados. A guitarra dele, por sinal, durante toda a apresentação teve mais volume que a de Paul Stanley, que é membro original da banda e divide com Gene Simmons a liderança do grupo.

Tudo isso ficou evidente no solo que o guitarrista dividiu com o baterista Eric Singer. Por várias vezes durante o solo Thayer disparou fogos de artifício de sua guitarra. O que mais um guitarrista pode querer na vida do que disparar fogos de artifício do instrumento? Para finalizar, o baterista pegou uma bazuca e deu o troco no guitarrista, e aí foi a vez de Gene Simmons voltar ao palco para fazer seu show particular no clássico número em que ele cospe sangue pela boca, em meio a um tenso solo de baixo carregado de distorção.

As baladas não tiveram vez na apresentação. De volta aos hinos rock ‘n’ roll, o Kiss emendou God of Thunder, Psycho Circus, War Machine, Love Gun e Black Diamond para fechar o show. Na introdução da última, Paul Stanley, que falou bastante com seus seguidores, chegou a puxar um pedaço de Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, mas logo parou, dizendo “vocês querem ouvir músicas do Kiss”.

O baixista Gene Simmons é membro fundador do Kiss

Para o bis, a banda veio armada de Lick it Up, I Was Made For Lovin’ You e fechou com a obrigatória e inesquecível Rock ‘n’ Roll All Nite, maior hino da banda. Tudo isso, claro, com inúmeras explosões, labaredas de fogo, luzes e uma interminável chuva de papel picado, que deram ao ginásio um colorido muito bonito.

Assim, por uma hora e meia, o Kiss mostrou como se faz uma verdadeira festa rock ‘n’ roll: intensa, com guitarras em volume máximo, músicas de levantar até cadáver e intermináveis fogos e explosões. Uma festança que certamente vai ficar na memória de todos os presentes.

Mais fotos no nosso álbum Shows na página do Nonada no Facebook.

 

Set list:
Detroit Rock City
Shout It Out Loud
Calling Dr. Love
Hell or Hallelujah
Wall of Sound
Hotter Than Hell
Love it Loud
Outta This World
Solo de guitarra e bateria
Solo de baixo
God of Thunder
Psycho Circus
War Machine
Love Gun
Black Diamond

Bis:
Lick It Up
I Was Made For Lovin’ You
Rock ‘n’ Roll All Nite

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