Ribeira: Um tratamento especial do governo Federal ao RS, a guerra cultural do diretor da Funarte e mais

O site da Secretaria Especial de Cultura tem demonstrado atenção especial da pasta a cidades gaúchas nesse primeiro semestre de governo. Pelotas, município onde o secretário, Henrique Pires, fez carreira como gestor cultural, vai receber R$ 16 milhões pra revitalização de prédios históricos. Outros R$ 5,6 milhões foram liberados para o Margs, em um conjunto de investimentos destinados a cinco prédios tombados pelo Iphan no Brasil.

Visitas a Pedro Osório (terra natal de Henrique Pires), apoio à candidatura do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) como patrimônio cultural do Brasil, escolha de Porto Alegre como cidade-sede da reunião de ministros da cultura do Mercosul para o fim de novembro e até uma divulgação da Expotchê, em Brasília, também fazem parte do tratamento especial da pasta ao estado.  Até junho, foram pelo menos quatro visitas oficiais do secretário ou do ministro, que foram também a Canela e a uma feira agro no noroeste gaúcho. Em fevereiro, O ministro da Cidadania, Osmar Terra, já havia anunciado que o PAC Cidades Histórias destinará 154,43 milhões para em Porto Alegre, Pelotas, São Miguel das Missões e Jaguarão.

O patrimônio, aliás, tem sido até aqui praticamente o único eixo de trabalho da gestão, especialmente com o anúncio da liberação de mais R$ 184 milhões para 22 projetos de patrimônio, museus e bibliotecas no país.

Ideologia na Secretaria Especial de Cultura

Após ter convocado, via redes sociais, artistas conservadores a criarem uma “máquina de guerra cultural”, o diretor de teatro Roberto Alvim foi nomeado diretor de Artes Cênicas da Funarte. Em publicações anteriores, ele já havia afirmado que a “arte de esquerda é doutrinação”, enquanto a “arte de direita é emancipação poética”, como contou a Folha. Esta é a primeira vez, desde o início do governo Bolsonaro, que um integrante da Secretaria Especial de Cultura faz declarações ideológicas indicando uma atuação política conservadora e, consequentemente, de menosprezo à arte que não se encaixe nesta caracterização.

Alvim e Bolsonaro nas redes sociais (Foto: reprodução)

Em 2014, Michel Laub perfilou o ex-diretor para a Piauí, que abriu o perfil para o público nesta semana. Na ocasião, Alvim já falava em perseguição ideológica, como demonstra o email enviado a Laub a respeito do então possível fechamento de seu teatro, o Club Noir:

“Sem apoio de editais públicos de fomento, fica impossível custear aquela estrutura, que trabalha fora da lógica comercial. E há uma máfia em São Paulo que, por questões supostamente ideológicas (são todos supostamente ‘engajados’, e dizem que nosso teatro é elitista, que nós não fazemos teatro para o ‘povo’ (?), que nós não somos ‘de esquerda’ – e tudo isso é MENTIRA, um discurso demagógico que traveste uma inveja terrível, aliada a uma sórdida defesa de território e de grana…); pois bem: esta máfia, que domina quase todos os editais, tem bloqueado nossa companhia, apesar de toda a reverberação de nosso trabalho (junto à crítica e ao público, que lota nossas obras pagando ingressos de 10 reais ou gratuitamente, como fazemos sempre que temos patrocínio).”

Tem brincante no inverno

As cores azul, vermelho e amarelo vão colorir parte da Redenção mais cedo este ano. Neste sábado (22), a partir das 15h, tem ensaio aberto do Bloco da Laje no Recanto Africano, com gravação do videoclipe homônimo ao espaço do parque onde o bloco e seus brincantes costumam se reunir. É a primeira etapa da gravação do álbum visual que fará parte do projeto 4 Estações e conta com quatro músicas: ‘O que tu tem cidadão’ (Julia Rodrigues e Antônio Ternura), gravado em maio; ‘Recanto Africano’ (Juliano Barros e Tuane Eggers), que será gravado dias 21 e 22 de junho;  ‘Pregadão’ (Thiago Lazeri e Biel Gomes); e ‘Deixa Brincar’ (Diego Machado e Martino Piccininni), com gravações previstas para julho.

A efervescência do Pônei Xamânico

A banda porto-alegrense Pônei Xamânico lança novo show na próxima semana. O grupo caracteriza seu som como “tropicalista-psicodélico, despretensioso e perfeccionista; espontâneo mas meio travadinho também”. O show vai reunir canções autorais dos álbuns Isto Assim Mesmo e Canções Mal Gravadas Para Gente Estranha, além de músicas inéditas. A Pônei mescla e agrega elementos de diferentes gêneros e tendências musicais, abrangendo desde ritmos brasileiros a elementos do rock e da música erudita contemporânea, alcançando um resultado estético especial. O show é na terça-feira (25), às 20h30 no Comitê Latino-Americano, com couvert de R$ 8.

Poerotisa

A escritora Ana dos Santos lança novo livro na próxima semana pela editora Figuras de Linguagem. Poerotisa apresenta um conjunto de poemas pensados como um processo de tornar-se mulher, no qual a alusão à natureza reflete os ciclos naturais e obrigatórios do processo de crescimento. Esta obra traz reflexões de uma mulher negra e contemporânea, engajada com a poesia e o mundo que a circunda. Ana Dos Santos é professora e contadora de histórias. Formada em Letras, pela UFRGS, é também mestranda em Literatura Brasileira, pela mesma universidade.  Lançamento no dia 28 de junho às 18h (sexta-feira), na Livraria Baleia (Rua Fernando Machado 85, Centro Histórico de Porto Alegre).

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