O RRRRRRRock crocante do Autoramas

Gabriel, Bacalhau e Flávia não se deixaram desanimar pela pequena plateia no Opinião

 Fotos: Fernando Halal

 

O Autoramas é um exemplo de integridade dentro do rock nacional. Há 15 anos, o trio carioca vem sobrevivendo a todo tipo de moda sem abrir concessões – ok, a banda gravou um acústico pela MTV, mas não passou disso. Sem se deslumbrar com a repercussão do CD/DVD, o grupo retornou às origens com Música Crocante, um álbum gravado com a ajuda dos fãs (leia-se por crowdfunding). Foi para divulgar esse disco que Gabriel Thomaz (vocal/guitarra), Flávia Couri (baixo/vocais) e Bacalhau (bateria) estiveram em Porto Alegre neste dia 7 de maio, dentro do projeto Segunda Maluca.

Coube ao trio Hipnóticos a abertura dos trabalhos, em um Opinião surpreendentemente vazio. A banda, que estava retomando as atividades após seis anos, não se intimidou e mandou ver em um repertório de músicas próprias bem no estilo clássico do rock gaúcho.

A casa não lotou, mas o público se aproximou do palco quando Gabriel arranhou os primeiros acordes na guitarra. De cara, a banda emendou “Mundo Moderno” e “Hotel Cervantes”, dois de seus clássicos, mais a grudenta “Domina”, de Música Crocante.  A postura do trio é contagiante, e quem já havia testemunhado um show deles mais uma vez não se decepcionou. Estava tudo lá: as dancinhas engraçadas, as “coreografias robóticas” com a cabeça e os tradicionais “RRRRRRRock!” do vocalista. E, é claro, aquela mistura inconfundível de surf music com Jovem Guarda, só para citar as influências mais notórias da banda.

Gabriel Thomaz, há 15 anos liderando uma das melhores bandas da cena indie nacional

Gabriel não desanimou diante da plateia minguada, e até pediu para que ela fizesse barulho quando, na hora de regular os equipamentos, o bar ficou em silêncio quase total. Também foi irônico ao dizer que “Tudo Bem” estava nos primeiros postos da parada de uma rádio rock de Medellín, na Colômbia (informação não confirmada por este jornalista) e ao homenagear seu batera com a hilária “Samba-Rock do Bacalhau”.

Com tanto tempo de estrada, não faltaram hits no repertório, como “A 300km/h”, “Você Sabe”, “Fale Mal de Mim” e “Catchy Chorus”, além de um ótimo cover instrumental de “Blue Monday”, do New Order, presente no último disco. Alguns fãs sonhavam em ouvir algo do Little Quail & the Mad Birds, banda anterior de Gabriel e Bacalhau, ou até mesmo as músicas que o primeiro compôs para o Raimundos (“I Saw You Saying” e “Aquela”), mas aí já era exigir demais.

Para concluir, vou ter que bater na mesma tecla de sempre: ok, era uma segunda-feira… Mas será mesmo que não há público em Porto Alegre para o show de uma banda como o Autoramas? Faltou divulgação? Tava muito caro? O lugar era grande demais ? Me ajudem a entender a estranha realidade da cidade que um dia já se intitulou a “capital brasileira do rock”.

OBS: após a publicação desse post, a própria banda tratou de nos corrigir. A música estava em terceiro lugar em uma rádio de Medellín, não em Bogotá!

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