Onde está a crítica de arte brasileira?

Julimária Dutra, de São Paulo para o Nonada

Guto Lacaz e Felipe Chaimovich participaram do debate sobre crítica especializada em artes visuais (Crédito: Revista Cult/Reprodução)

A relação entre as artes visuais e o papel da crítica especializada foi um dos temas discutidos nesta segunda-feira (28), no 4º Congresso Internacional CULT de Jornalismo Cultural. A mesa  intermediada pelo crítico de arte Fernando Oliva contou a participação de Guto Lacaz, artista plástico, e de Felipe Chaimovich, curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

Na discussão os palestrantes lançaram ao público a importância e os desafios da crítica para a formação do conceito de arte contemporânea, fazendo uma análise da necessidade de haver crítica dentro do jornalismo cultural brasileiro. Chaimovich citou como exemplo a revista inglesa Frieze, que possui uma postura ativa dentro do campo da arte, e ressaltou a urgência de serem criados novos espaços para os críticos de arte no Brasil. “Enquanto o Brasil não tiver um veículo ativo e internacional, que escreva suas publicações em inglês, não seremos lidos”, enfatizou. 

Chaimovich pontuou que hoje não existe nenhuma proposta editorial semelhante, o que dificulta a vida dos críticos brasileiros de arte no cenário das artes visuais: “atualmente a nossa produção só é conhecida sob os olhares estrangeiros, não temos hoje nossa própria crítica”, afirmou.

Para Lacaz existe uma tendência dentro dos jornais de copiar releases, além de haver  pouco espaço destinado nos periódicos para a crítica especializada. Ele lembrou do poder da crítica na continuidade da produção de obras de arte e citou seu próprio exemplo: “sou vítima e estimulado dentro desse processo, pois foi a partir de um concurso de uma crítica que escreveram sobre o meu trabalho que me tornei conhecido, e isso só me encorajou a continuar em artes plásticas”, contou.

Outro ponto que dificulta a relação da crítica no cenários das artes visuais  mencionado por Lacaz é que existe uma “comunicação cheia de ruídos” entre público (grande parte leigo) e arte contemporânea. “Ao participar da Bienal, percebi o quão incômoda a produção contemporânea pode ser para o espectador. Ele tenta apenas entender a ideia do artista e não percebe que o mais importante é a sua leitura particular sobre a obra”, completou. 

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