Para tornar o conhecimento acessível

Julimária Dutra, de São Paulo para o Nonada

 

O historiador norte-americano Robert Darton esteve em São Paulo, no dia 30 de maio, para participar de uma palestra no Congresso Internacional CULT de Jornalismo Cultural, e contou o seu mais novo desafio de criar a Biblioteca Pública Digital da América.

Digitalizar as coleções de todas as grandes bibliotecas do País e criar uma base para abrigar uma grande coleção de livros, manuscritos, filmes, gravações e canções disponíveis de graça para o mundo, tem deixado ele elétrico.

O projeto de Darnton, denominado DPLA (Digital Library Public of America), engloba não apenas as produções da academia, mas também a literatura mundial, imagens e vídeos (Crédito: Revista Cult/Reprodução)

A megacoleção de obras digitalizadas estreou em abril e tem como ideia principal criar uma espécie de serviço de busca para tornar o conhecimento acessível.

Segundo Darton, hoje, existe uma monopolização e comercialização da informação o que ameaça substancialmente o acesso ao conhecimento.

Na ocasião Darton explicou o que acontece com os serviços editorias da área da saúde. Eles são alimentados por informações acadêmicas e produzidos por meio de colaborações de professores e alunos, mas, depois de compilados no formato jornalístico, são vendidos por um preço muito alto.

O historiador lembrou o caso dos livros no Google Search, em que a empresa Google tentou fazer algo semelhante ao que hoje ele está fazendo, só que optando pelo caminho da comercialização. “A minha objeção não se trata da ideia, pois a considero boa, mas da comercialização. Você teria que assinar aquele serviço e pagar taxas ao Google”.

Para ele, o Google falhou nesse processo desde quando sugeriu taxa de serviço para ter acesso a livros. E. também, por ter posto em seu acordo que poderia escanear quaisquer livros e indexar o seu conteúdo online. “A proposta do Google de iniciar o projeto de digitalização de qualquer livro sem pedir autorização acabaria com a Lei do Direito Autoral e isso implicaria diretamente no não recebimento de valores por parte dos autores e editoras, por isso a Corte americana rejeitou o acordo”, explicou Darton.

Esse debate, hoje, é especialmente trincado nos Estados Unidos e já foi dominado por Hollywood que tem se mostrado muito preocupada com a reprodução gratuita na grande rede de seus filmes e suas músicas. “Eles não estão preocupados com a herança cultural”, declarou o historiador ao ser questionado sobre as inquietudes da empresa cinematográfica.

Nessa discussão o que impede de tornar grande parte dos livros digitalizados é a questão a durabilidade dos direitos autorais. “Nossa primeira lei de direitos autorais, de 1970, seguia a britânica: 14 anos renováveis por 14. A lei hoje protege os direitos durante a vida do autor e por mais de 70 anos após a sua morte”, esclareceu.

A Leia dos Direitos Autorais tem sido seguida à risca na maior rede de bibliotecas universitárias do planeta – Haward. Mas, segundo Darton, é preciso que aja uma estratégia que abra caminho para a digitalização em massa na comunicação. 

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