Recortes | Música – Aposentadorias que nunca chegam

Desde que constatei que o post de música da coluna Recortes cairia na véspera do famigerado Dia Mundial do Rock, fiquei matutando sobre o que escrever aqui. Teria que ser algo que estivesse relacionado à data?

Pensei logo numa lista de favoritos (as), mas me pareceu óbvio. Além do mais, no ano passado, eu e outros editores do Nonada já havíamos falado sobre nossos discos preferidos, como você pode conferir aqui.

Foi então que me veio à cabeça uma segunda opção, mais maldosa (rá): listar umas, sei lá, cinco bandas que já poderiam ter se aposentado. Que fique bem claro que, ao contrário de muitos, sou um defensor da longevidade na música, desde que os artistas ainda tenham algo a oferecer. Ou que pelo menos não nos façam ter vergonha deles. Ah, só não me perguntem o que essa lista tem a ver com o Dia Mundial do Rock.

Olhando assim, até dá pra compreender porque Steven Tyler não quer sair de cena

Aerosmith – Uma grande banda dos anos 70, uma quase nulidade nos 80 e um megasucesso da MTV nos 90. E poderia ter ficado por aí. Just Push Play, de 2001, é horroroso. O disco de covers de blues Honkin’ on Bobo (2004), assim como o novo single, “Legendary Child”, até enganam, mas não justificam o esforço auditivo. É 98,7% certo que Steven Tyler e Joe Perry continuarão melando cuecas e calcinhas  em seu próximo disco, Music from Another Dimension. Se é pra ficar com pelancudos, fique com Jagger e Richards, os toxic twins originais, que nesta quinta completam 50 anos de banda.

Deep Purple – Um dos grupos mais irregulares quando se trata de formação – nenhuma delas durou muito tempo, a não ser a atual, que repete exatamente o mesmo show há dez anos. Dono de clássicos inegáveis de 40 anos atrás, o Deep Purple sempre vai morar no coração dos fãs de hard rock, mas há muito tempo que não consegue gravar sequer um disco meia boca.

Iron Maiden – Se algum dos fervorosos fãs da Donzela de Ferro – e eles são muitos – ler este post, serei linchado até a milésima geração, mas o fato é que este ano completam-se 20 anos do lançamento de Fear of the Dark, o último álbum relevante da banda. Daí em diante, me desculpem, mas, com muita boa vontade, dá pra fazer uma coletânea nota 6.

Sepultura – Uma das melhores bandas de metal de todos os tempos, mas que a cada ano fica mais capenga. Quem acompanhou o grupo mineiro com os irmãos Max e Igor (hoje Iggor) Cavalera na formação sabe que o que ouvimos hoje é apenas um arremedo de um passado glorioso.

Guns N’Roses – Preciso entrar em detalhes?

Não entraram na lista por motivos variados:

AC/DC, Motörhead, Alice Cooper – porque o autor deste texto não é nada imparcial.

Bob Dylan, Neil Young, Patti Smith – porque artistas desse nível ficam melhores com a idade.

Rolling Stones, Paul McCartney, Ringo Starr – porque artistas como estes não devem morrer. Nunca.

Kiss, Ozzy Osbourne – porque mesmo com o marketing exagerado, ainda soam mais rock’n’roll que o Aerosmith.

Se você não concorda, pense pelo lado positivo! Outras bandas já deveriam ter encerrado as atividades, mas algumas delas são tão ruins que não mereceram nem ser mencionadas nesta lista – as que estão aqui já foram boas algum dia.  E tem aquelas que nem deveriam ter começado a tocar, mas aí já é outra história.

De qualquer forma, como já disse um velho sábio: “listas são listas”. Coloque Machine Head ou Toys in the Attic a todo volume e seja feliz no Dia Mundial do Rock.

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