Filme Drive my Car é paciente reflexão sobre luto

Por Rafael Gloria

O Nonada Jornalismo traz a resenha de Drive my car, do diretor Ryûsuke Hamaguchi

A produção foi indicada em quatro categorias, incluindo melhor filme, filme internacional, direção e roteiro adaptado

O longa foi crescendo no circuito de premiações durante o ano, conquistando as merecidas indicações ao maior prêmio da indústria

Drive my car é inspirado em alguns contos do livro Homens sem mulheres, do celebrado escritor japonês Haruki Murakami

O enredo traz a história do ator e diretor Yusuke Kafuku, que é reconhecido no mundo do teatro e acaba perdendo a sua esposa repentinamente

Dois anos depois, ainda de luto, ele  aceita dirigir uma peça no teatro de Hiroshima. Lá tem que aprender a lidar com Misaki Watari, designada para dirigir seu precioso carro

Hamaguchi trata seus filmes com cuidado, e uma inspiração literária invejável, no sentido de trabalhar seus conflitos e flashbacks a partir dos diálogos entre os personagens

O principal conflito aqui é o de Kafuku nunca ter compreendido realmente a sua esposa, e se culpar por várias atitudes

Paralelamente, há também uma discussão sobre o fazer artístico e representação com ecos na peça que está trabalhando, Tio Vânia, de Tchekhov

Mas o filme é generoso e abre espaço para outros coadjuvantes terem seus momentos, como a de Watari, que também tem um luto para enfrentar

Drive my car é paciente e reflexivo, mas, ao mesmo tempo, contundente em seus diálogos - e maravilhosamente filmado