Star Wars II: Os sofrimentos do jovem Anakin

Fotos: LucasFilm/Divulgação

Há apreensão no Senado Galáctico. Milhares de sistemas solares manifestam sua intenção de deixar a República. Esse movimento separatista, sob a liderança do misterioso Conde Dookan, tornou difícil para o pequeno número de Cavaleiros Jedi manter a paz e a ordem na galáxia. A senadora Amidala, ex-rainha de Naboo, está voltando ao Senado Galáctico para votar a delicada questão de criar um Exército da República para ajudar os combalidos Jedi.

Relação entre Anakin e Amidala é ponto baixo do filme
Relação entre Anakin e Amidala é ponto baixo do filme

Sou um fã de Star Wars. Não sei definir se é a minha saga favorita (provavelmente sim), mas já gostaria de deixar claro de prontidão que esse é um texto de um conhecedor apenas dos filmes – o máximo que sei sobre o universo expandido é o que li em sites de pessoas muito mais aficionadas do que eu. E também em alguns games, que provavelmente não são canônicos na série. Dito isso, é realmente fantástico o que George Lucas conseguiu criar com apenas três filmes lá na década de setenta e oitenta. Só o A Nova Esperança já nos dava um leque imenso de possibilidades de exploração de enredo e de personagens, além de levar a outro nível o cinema de entretenimento. Uma história calcada no clássico mito da jornada do herói recontada no espaço, entre as estrelas. Mas esse texto não é sobre a trilogia antiga (que pena pra mim!), mas sim sobre o episódio II, também conhecido como Ataque dos Clones.

Se Lucas deu um novo sopro para o cinema de fantasia na década de setenta e oitenta, essa sua segunda trilogia parece quase que um desserviço. Infelizmente, a Ataque dos Clones só não é pior do que Ameaça Fantasma (Maldito Jar Jar Bins!). Por sorte do cinema de fantasia, nessa mesma época era lançada a grande trilogia do Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. Só para citar alguns dados de premiações e popularidade: Ataque dos Clones e Senhor dos Anéis: As Duas Torres foram lançados no mesmo ano (2002), e o filme dos Hobbits ganhou seis indicações ao Oscar de 2003, levando duas estatuetas. Já o filme dos Jedi recebeu uma indicação apenas, que perdeu justamente para Senhor dos Anéis, a de melhor efeito visuais. No Imdb, um dos sites mais populares sobre cinema da internet, As Duas Torres aparece na posição número 16 dos filmes mais bem avaliados pela comunidade, enquanto Ataque dos Clones não está nem entre os 500…

Esses dados, porém, podem ser bem subjetivos ou balizados por um sistema de votação que você não concorde. Tudo bem. Mas deixa eu continuar e te convencer porque o segundo episódio da guerra nas estrelas não é bom. Se a intenção de toda essa trilogia era contar como o jovem Anakin Skywalker se tornaria um dos vilões mais icônicos de todos os tempos, por que não apostar em um desenvolvimento melhor do personagem na trama? Esse é o grande problema de Ataque dos Clones que falha frequentemente em nos entregar um Anakin convincente em seus dramas. O que acabamos presenciando são diálogos forçados que estão lá obviamente para dar a entender que ele vai acabar se enveredando pelo temível lado negro da força. Infelizmente esse Anakin não tem um pingo carisma, assemelhando-se mais a uma terrível criança mimada e chorona.

Tudo isso fica bem evidenciado na sua relação com a agora senadora Padmé Amidala. Desde o começo do filme, o jovem já é obcecado pela figura dela, com quem teria sonhado durante todos dez anos em que ficaram distantes. Não há, entretanto, a mínima química entre o casal em tela, que parece acabar se envolvendo muito mais devido a uma falta de algo melhor para fazer. Além disso, também tem a problemática relação com a mãe – sempre ela. O jovem Anakin não consegue esquecê-la e isso acaba enublando cada vez mais sua trilha Jedi. Reitero novamente: outra situação má construída. Se Lucas tivesse optado por focar melhor em uma das relações, provavelmente o desenvolvimento teria se saído melhor. Até a cena do massacre dos sequestradores de sua mãe não tem nenhuma força dramática, porque não conseguimos ter nenhuma empatia por ela ou pelo jovem.

Ao mesmo tempo, toda uma outra trama está acontecendo em paralelo – e felizmente essa é a melhor parte do filme. A investigação de Obi-Wan que revela o exército de clones é interessante, assim como toda a trama que desemboca nessa primeira batalha que reúne vários Jedis contra o movimento separatista formado pelo ex-Jedi Conde Dookan. Aliás, outro ponto alto do filme é ver a luta entre ele e Yoda – ainda que esse último seja feito todo em efeitos especiais é, no mínimo, legal vê-lo finalmente empunhando um sabre de luz. E, claro, sabemos mais também sobre a origem de um dos personagens secundários favoritos dos fãs: Boba Fett. Tudo isso, infelizmente, não paga o preço do filme, que desliza quase todas as vezes que o jovem sofredor (sem carisma) Anakin Skywalker aparece na tela. Uma pena.

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Jornalista, Especialista em Jornalismo Digital pela Pucrs, Mestre em Comunicação na Ufrgs e Editor-Fundador do Nonada - Jornalismo Travessia. Acredita nas palavras.

One thought on “Star Wars II: Os sofrimentos do jovem Anakin

  1. Belo texto. Muito a se dizer a respeito das prequels, e concordo com quase tudo que disseste. Meu unico porem foi o comentario sobre o Yoda. Eu me decepcionei com a tal luta pque o Yoda q eu conhecia estava acima da agressao, do combate direto. E esse é um dos problemas q tenho com as prequels. Yoda passa de sabio e filosofo para general de guerra. Um dis muitos retrocessos dessa trilogia. Parabens pelo texo!

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