Como crianças percebem e recriam o acervo de um museu? Quantos de seus pensamentos e devaneios podem estar inseridos nas narrativas de um arquivo? Orientando-se por essas questões, Juca Fiis — artista que trabalha entre a arte, a educação e a arquitetura — realizou a oficina Arquivo de arquivo: seres invisíveis, espécies fantásticas, em parceria com o setor educativo do Museu Paranaense (MUPA), em Curitiba. Voltada para crianças de 6 a 12 anos, a atividade ocorreu na primeira semana de junho, propondo um percurso pelas diferentes etapas de uma produção audiovisual.
Uma das práticas artísticas favoritas de Juca Fiis é justamente trabalhar em colaboração com crianças. Com elas, já construiu esculturas escaláveis, jogou bingo aquático, costurou outras bandeiras para o Brasil, inventou espécies invisíveis e fez gifs da coragem do milho de virar pipoca. Somando anos de experiência no setor educativo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) e em residências artísticas em diversas partes do mundo, sua pesquisa conecta a infância e a arte para debater regras e estruturas que permeiam a sociedade.

No dia em que a reportagem do Nonada esteve no museu, cerca de quinze crianças exploraram as exposições, a reserva técnica e os espaços externos do museu em busca de objetos, sons, cenários e temas para criar vídeos experimentais e colaborativos. Divididas em grupos e guiadas por mediadores, elas observaram as peças do acervo e foram criando histórias para cada uma delas. O passo seguinte foi construir os roteiros e confeccionar personagens, acessórios e cartazes. O museu se transformou em um grande ateliê, com crianças entendidas como também sujeitos e protagonistas das instituições artísticas.
As mesas presentes no espaço estavam repletas de materiais como lápis, borracha, apontador, hidrocor, giz de cera, cartolina, fita colorida, tesoura, régua, linha, adesivo, moldes de letra de forma etc. Enquanto as crianças se dividiam nas tarefas, Juca explicava a cada grupo como fazer um storyboard para planejar a sequência das cenas que seriam filmadas. Mais do que uma aula formal sobre o cinema, a proposta acontecia em diálogo com os pensamentos e sugestões das crianças.
Em um momento avançado da oficina, era possível ver crianças ocupando diferentes espaços do museu – em cima da mesa, no chão, em pé, debruçadas sobre as atividades de pintar e escrever. Algumas delas, inclusive, se balançavam nas redes de dormir instaladas no local.
Em entrevista ao Nonada, Juca Fiis contou sobre a atividade realizada no MUPA, e de que forma ela se insere em sua trajetória artística, comentando o que aprendeu ao realizar oficinas e produzir filmes com crianças. “A arte e a arte-educação podem servir como um espaço para suspensões e remodelagens de regras que geralmente seguimos para nos integrar na sociedade”, argumenta.

Ao participar de exposições e residências artísticas nacionais e internacionais, Juca percebeu que museus e instituições de arte podem ser espaços de experimentação coletiva. Dessa forma, a relação entre arte e educação foi se consolidando em sua pesquisa durante o desenvolvimento dos trabalhos abordados a seguir. Tendo estudado arquitetura, outro ponto forte de sua obra é a relação com a cidade e com o espaço público.
Em suas propostas artísticas, é possível perceber uma prática que busca a desconstrução e a desidentificação do pensamento binário como elemento estrutural, questionando as regras que nos condicionam socialmente. Trabalhar com crianças é, portanto, ter contato com “infinitas outras formas de viver e ler os espaços”. Mais do que isso, conviver com crianças e levar a sério o que elas têm a dizer pode ser uma maneira bastante eficaz, segundo Juca, de reaprendermos a sonhar.
Nonada – Juca, na oficina que acompanhamos no Museu Paranaense, nós começamos nos apresentando dizendo os nossos nomes, e escolhendo um animal e uma cor. O que acha de começarmos a entrevista dessa forma?
Juca Fiis – Na oficina, escolhi uma aranha amarela. Foi uma escolha intuitiva, mas depois, pensando bem, acho que meu papel ali era de aranha mesmo, como quem tece uma teia. Amarela não sei, talvez pela sonoridade: aranha amarela. Mas, justificando o exercício em si, acho que vem um pouco da prática de se entender como alguém que pode se renomear. Ou, pelo menos, que pode escolher uma personalidade temporária, mutável. Isso no micro, no individual. No macro, esse exercício é um ótimo ponto de introdução ao grupo e suas escolhas estético-políticas.
Quando nas apresentações das crianças aparecem muito as cores rosa e azul, sabemos que influências estruturais de gênero podem estar fortes ali. Quando aparecem cores como marrom ou preto, podemos imaginar que exista um trabalho de letramento racial e antirracista presente no grupo. Eu aprendi essa dinâmica com a educadora Sasha Sicurella e é um jeito bonito de se aproximar das diferentes personalidades e humores das pessoas presentes. A energia para mediar uma criança se sentindo pantera, por exemplo, é diferente da energia de uma criança se sentindo axolote.
Nonada – Logo no início da oficina, você disse que, ao contrário das crianças, pessoas adultas não costumam sonhar acordadas, mas que fazer filmes poderia ser uma forma de retomar essa prática. Como você pensa a relação entre a arte e o sonho?
Juca Fiis – Se, às vezes, até mesmo dormindo é difícil sonhar, imagina acordado! Para crianças, geralmente é mais fácil sonhar (dormindo ou acordado), e até perder os limites e fronteiras entre essas vivências. Cada infância é uma infância. Quanto mais violenta e vulnerável a realidade da criança, mais rápido as fronteiras da realidade vão se delineando; por necessidade, por segurança. Eu tento aprender com elas e exercitar o meu sonhar acordado. Enquanto se faz um café ou se toma banho podem ser bons momentos para tentar assistir a filmes que se desenrolam “sozinhos” na cabeça.
Não foi exatamente isso que você perguntou, mas a relação entre arte e sonho acho que vem daí – uma capacidade de extrapolar duras realidades através da construção e conexão com outras possibilidades de regras, lógicas e interações. O sonho e a arte suspendem regras de gravidade, tempo, moralidade. A arte e a arte-educação podem servir como um espaço para suspensões e remodelagens de regras que geralmente seguimos para nos integrar na sociedade. E aí a gente vive o que aparece quando essas regras são suspensas, mesmo que temporariamente. Até porque, quando a gente volta, não volta igual.
“A arte e a arte-educação podem servir como um espaço para suspensões e remodelagens de regras que geralmente seguimos para nos integrar na sociedade”
Nonada – No seu trabalho, você levanta algumas questões, por exemplo “como as crianças falam sobre um museu?”; “como elas o percebem?”; “quantos de seus devaneios podem ser inseridos nas narrativas do acervo?”. Você poderia aprender nesses momentos educativos?
Juca Fiis – Você acompanhou a oficina, então talvez tenha visto que essas respostas não são tão concretas ou imediatas. Eu espero que o projeto seja como uma chave para as crianças, e que ao longo da trajetória delas, ele possa se desenrolar, como um ponto de contato e de influência no museu. Ver sua criação ao lado das obras do acervo, no espaço expositivo, é um avanço de intimidade e inserção no arquivo.
Para citar um exemplo: eu gostei muito de um protesto que filmamos contra os calos no pé. As crianças escreveram um roteiro que se passava num escritório de uma ferroviária, e os trabalhadores protestavam contra os calos do pé. Fizeram um cartaz com um pé cheio de calos e a frase “queremos menos calos no pé”.
Imagino que para quem acompanhou essa história, seja difícil olhar de volta para o objeto do acervo que a gerou, um brinquedo alemão de uma estação de trem, e não lembrar da narrativa dos calos sobreposta. Isso é uma inserção de narrativa das crianças, nesse caso do Yuri [criança participante] em algo que provavelmente estava estagnado em sua própria significância. Imagino que seja parecido com um processo de curadoria que se dedica a reescrever ou reposicionar um acervo em relação à sua história. Mas de um jeito um pouco diferente, com uma liberdade de fantasia, uma camada narrativa adicional.
Nonada – Como foi a sua experiência com as práticas artísticas durante a infância e a adolescência?
Juca Fiis – A primeira “exposição de arte contemporânea” que me lembro foi num jardim de uma casa que vendia esculturas, feitas de cimento pintadas com tinta de parede. Tinha esculturas de animais, personagens da Disney e cogumelos. Era nos anos 1990, e me lembro de pensar sobre aqueles universos convivendo ali. E de achar muito interessante a possibilidade de criar um espaço onde a Branca de Neve poderia viver ao lado de um sapo e do Cristo Redentor.
Nonada – Como a relação entre arte e educação se consolidou na sua pesquisa?
Juca Fiis – Acho que foi durante o desenvolvimento dos trabalhos. Conhecendo pessoas, reconhecendo mentores e colaboradores. Como na 15ª edição da Documenta de Kassel, em 2022, onde eu pude viver e colaborar durante três meses com coletivos que trabalham entre a arte e a educação. Ao convidarem o coletivo indonésio ruangrupa para assumir a direção artística, e eles, por sua vez, convidarem coletivos do mundo todo para morar lá por um tempo, fazer uma cozinha, receber pessoas nas oficinas e criar comunidades, mudou a forma como eu entendo o meu próprio trabalho. Foi realmente mágico encontrar, acompanhar e trabalhar com coletivos de arte-educação de diferentes partes do mundo. Trabalhar com a Redes da Maré, no Rio de Janeiro, também me ensinou que instituições de arte podem ser espaços para fazer amigos, lutar, desenhar, dar risadas, cozinhar, viver junto.
Nonada – Você trabalhou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), coordenando o núcleo de infâncias e ativações, e deu aula para crianças na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Quando você começou as oficinas? Além da oficina no MUPA, você poderia comentar sobre outros projetos que tem realizado, como, por exemplo, “A coragem do milho de virar pipoca”?
Juca Fiis – Eu comecei a trabalhar com crianças em 2015, em um projeto chamado ab_obrinhas, no Oi Futuro Flamengo (RJ). Foram quatro sábados no pátio da instituição, em que colocávamos materiais à disposição das crianças para que elas pudessem brincar, e convidávamos profissionais de diferentes áreas para narrar em tempo real no microfone o que as crianças estavam fazendo. Em um sábado, foram quase sete horas de brincadeiras contínuas de construção e desconstrução com bloquinhos de sabão de coco.
Depois desse projeto, eu pensei: “gostei desse ateliê vivo”. Hoje em dia, eu considero a minha prática de oficinas de forma análoga a de um processo de ateliê. Trabalhei no Parque Lage enquanto a Lisette Lagnado implantava o Parquinho Lage. Aprendi sobre a importância de processos institucionais, defesa de pesquisa, discurso e direito das crianças oficializados na história e em instituições de arte. No MAM Rio, eu tive o prazer de desenvolver programas públicos que ainda estão lá, como o AniMAM, o Zona Aberta e as “oficinas caseiras”.
“A coragem do milho de virar pipoca” é uma oficina um pouco mais recente, criada em 2021, quando me convidaram para participar de um desses projetos que contribuí na formação, o Zona Aberta — um projeto em que a equipe de educação desce até os jardins do Aterro do Flamengo para realizar oficinas gratuitas com o público. A gente reparava que o Museu estava vazio, mas os jardins estavam sempre cheios. Então a gente pensou: melhor ir onde o público está, e criar uma relação com o Museu de fora para dentro. São projetos que eu tenho bastante orgulho de ter participado. O AniMAM, por exemplo, foi a concretização de uma metodologia de arte-educação que eu arquitetei. O projeto começa ao convidar pessoas que trabalham com música, e pessoas que trabalham com animação, para colaborarem em videoclipes experimentais para crianças, sobre a trajetória de artistas que fazem parte da história do Museu.

A ideia é criar uma obra colaborativa, que não apenas introduza o trabalho de artistas brasileiros para crianças, mas que também possa questionar suas posições na história, através de novos olhares e escutas. Daquela mesma forma dos filmes no MUPA, gerando camadas narrativas adicionais, que então são sobrepostas ao acervo. Depois que eu saí, fiquei feliz de ver que o projeto não só continuou, como também virou uma chamada aberta. São experiências muito interessantes de criar para museus, quando o seu trabalho se mistura com o trabalho da instituição, com o trabalho de outras pessoas, se multiplica, entra em rede.
“A coragem do milho de virar pipoca” é uma oficina de desenho, sobre a coragem do milho de explodir, transformar, deformar. Nenhuma pipoca explode igual à outra. O legal de desenhar pipoca é que ela não tem formato certo, até mesmo ao virar a pipoca de lado, já temos outros desenhos possíveis.
Nonada – Você estudou arquitetura e produziu algumas instalações urbanas. Eu lembro de um grande painel de azulejos na Nova Holanda, no Complexo da Maré (RJ), feito com desenhos de crianças. Como essa relação com a cidade e com a arquitetura se desenvolve no seu processo artístico?
Juca Fiis – Quando eu trabalhava no Parquinho Lage, a produtora na época, Rosa Melo, levou a gente para colaborar com a Geisa Lino, hoje diretora da Redes da Maré. Realizamos algumas oficinas, pintamos a quadrinha e fizemos o “Bingo Aquático”, uma oficina-brincadeira em que escrevemos sonhos das crianças em bolinhas de ping-pong, colocamos em uma piscina e jogamos bingo. É uma oficina ótima para exercício de leitura, dentro d’água, com amigues. Depois disso, eu participei do “Maré a céu aberto”, um projeto da Redes da Maré que, como o nome diz, instala nas ruas da Maré um percurso de arte a céu aberto, destacando histórias, culturas e identidades da região através de intervenções artísticas. São metodologias que eu aprendi durante o processo, com as curadoras Keyna Eleison e Laura Taves. Fizemos o painel em colaboração com as crianças que frequentam a Biblioteca Lima Barreto, na Nova Holanda, com a coordenação da Luciene de Andrade.
Conversamos sobre bichinhos que moram, já moraram ou poderiam morar na Maré, e fizemos os desenhos e as esculturas. Apareceram tartarugas, tubarão, dinossauro, caranguejo, a Alice e seu coelho preto… O direito à cidade pode começar para crianças ao identificarmos e questionarmos juntes os símbolos e as regras presentes nos espaços compartilhados.
Nonada – Se eu não me engano, o primeiro contato que eu tive com o seu trabalho foi através do CHURRASQUIN MODERNIN. De onde surgiu essa ideia maravilhosa de transformar maquetes de museus em churrasqueiras?
Juca Fiis – Foi quando eu conheci o Cosme Rodriguez, artista do Rio de Janeiro, coautor desse projeto. Eu lembro de ver o trabalho que ele faz com metal, e isso abrir muitas possibilidades na minha cabeça. Quando eu estudava arquitetura, o fantasma do Modernismo ainda ocupava muito as ideologias da Universidade. O modo como se pensava desenho, estudo de terreno para projeto e programa de arquitetura. Eu lembro de não conseguir entender como uma linha no papel poderia ser vista como um muro de concreto pronto no mundo. Para mim, faltavam muitas etapas, trabalho, pessoas etc., entre uma coisa e outra.
Uma pergunta que esse trabalho levanta é: onde estão os espaços para se comer, para fazer um churrasquinho na arquitetura moderna? Aquele terraço todo… E aí eu percebi que as cinco regras para uma boa arquitetura do Le Corbusier funcionam perfeitamente para fazer uma churrasqueirinha móvel: terraço, janelas horizontais, térreo livre, pilotis e fachada livre. Existem outras camadas nesse trabalho também, de incêndios, histórias violentas, histórias de genocídio. Mas, em geral, é um dispositivo ilustrativo, uma ferramenta metodológica de se reunir e comer junto, conversar sobre espaço público, histórias e possibilidades da arquitetura.
“Para muitas pessoas, se ancorar nas estruturas pode ser também uma forma de descanso. Mas as crianças ainda não estão tão presas às estruturas. Elas conseguem imaginar infinitas outras formas de viver e ler os espaços”
Nonada – Sua pesquisa busca a desconstrução e a desidentificação do pensamento binário como elemento estrutural. Isso fica evidente em obras mais ligadas a uma perspectiva de gênero. Mas, se estou correto, esse me parece ser um caminho perseguido por você de maneira geral. A desconstrução, prática cujo nome remete diretamente à arquitetura (não à toa, o filósofo Paul B. Preciado fez um doutorado em filosofia e teoria da arquitetura), pode ser entendida como uma espécie de articuladora das diferentes perspectivas do seu trabalho?
Juca Fiis – Sim! Quem me ajudou a entender isso foi a artista e curadora Monica Hoff, durante a residência que fiz no Pivô, em São Paulo. Um processo curatorial muito importante na minha trajetória. De fato, a desconstrução é um processo recorrente nos meus trabalhos. Ou ao menos o reposicionamento de algum símbolo, uma inversão de perspectiva. Acho que aí volta o poder do sonho, de suspensão das regras. O espaço público é regido por regras estruturais baseadas em identidades: de gênero, de experiências racializadas, geracionais etc. O texto do Preciado sobre banheiros públicos é uma ilustração direta disso. A arquitetura e o urbanismo, e a história da construção conceitual desses campos, têm responsabilidade no pensar do espaço público.
É possível traçar os filósofos europeus que fundaram uma ideia de espaço público baseada em estruturas de controle, nomeação e identificação, estruturas que ainda persistem no condicionamento de como entender, perceber e desenhar os espaços. Apesar de serem textos interessantes, muitas das teorias e práticas da arquitetura, em que se forma a ideia do que é uma cidade, têm vácuos ao serem aplicadas sem filtro a contextos não europeus. Algo que, muitas vezes, pode ter consequências violentas, como no caso do Modernismo, em que são aplicadas noções neocoloniais, repetindo e reiterando apagamentos e violências históricas. Acho que aqui o pensamento não binário aparece: a gente pode entender e dialogar com esses textos, mas, ao mesmo tempo, pode escolher não entendê-los.

Nonada – Além de sonhar, o que podemos aprender se levarmos a sério o que as crianças têm a ensinar? E, se além de apenas ouvirmos o que elas têm a dizer, fizéssemos filmes com elas?
Juca Fiis – Com o tempo, a gente vai ficando cada vez mais preso a regras e estruturas. Para muitas pessoas, se ancorar nas estruturas pode ser também uma forma de descanso. Mas as crianças ainda não estão tão presas às estruturas. Elas conseguem imaginar infinitas outras formas de viver e ler os espaços — e, geralmente, com muito mais empatia. Fazer filmes com elas é um jeito de rir junto. De exercitar. De dar lugar, documentar e concretizar sonhos desestruturados.
*O jornalista viajou para Curitiba (PR) com uma bolsa da Wenner-Gren Foundation for Anthropological Research.