No dia 10 de setembro de 2010, nasceu o Nonada Jornalismo. O nome, retirado da primeira palavra de Grande Sertão: Veredas, já carregava o espírito de travessia e reinvenção que guiaria toda a nossa trajetória. Hoje, já institucionalizados como uma organização da sociedade civil, em 10 setembro de 2025, celebramos 15 anos de existência ininterrupta, marcados por mudanças profundas, amadurecimento e pela certeza de que seguimos relevantes num jornalismo cultural que se transforma ano após ano.
Se, para um veículo de comunicação, 15 anos pode parecer pouco, para quem faz jornalismo independente é quase uma eternidade. Não foram anos fáceis: a cada etapa enfrentamos dilemas sobre sustentabilidade, diversidade de olhares e o próprio sentido de fazer jornalismo cultural. Mas também foram anos férteis, que nos mostraram que um projeto construído de forma coletiva, com visão própria e coerente, pode dar muitos frutos, também em novas formas de fazer jornalismo através dos nossos projetos socioculturais.
Nascemos como um site colaborativo e independente, focado em reportagens culturais, em Porto Alegre. Aos poucos, fomos amadurecendo a partir da pluralidade de vozes e temas, entendendo que cultura não se resume apenas a obras artísticas, mas é também memória, política, identidade, direitos humanos e modos de viver. Essa mudança de olhar nos levou a reformular o site, em 2016, organizando as editorias por gêneros jornalísticos, e não mais por áreas clássicas da cultura.
O processo de institucionalização veio alguns anos depois: em 2020, já reconhecidos como um coletivo consolidado, formalizamos a estrutura e, em 2022, nos tornamos uma organização da sociedade civil. Essa transformação foi decisiva para ampliarmos nossa atuação, desenvolvendo projetos culturais e de formação que conectam jornalismo e educação, sempre com base em redes colaborativas espalhadas pelo Brasil.
Chegamos a 2025 fortalecidos e em movimento. Somos hoje uma associação cultural sem fins lucrativos que se sustenta com leis de incentivo, editais, doações e parcerias nacionais e internacionais. Temos uma sede em Porto Alegre, uma rede de freelancers em todas as regiões do país e projetos de impacto como o Comunica: Potencializando Culturas Locais e o LAB Futuro Ancestral, que celebram a potência das culturas periféricas e socioambientais. Também seguimos inovando no jornalismo cultural, com a nova editoria Clima e Cultura, conectando a cobertura cultural aos desafios da emergência climática.
Ao todo, nossos projetos de cultura, jornalismo e educação alcançaram milhares de pessoas, destinaram R$ 70 mil reais em bolsa-auxílio aos participantes dos cursos e R$ 25 mil em premiações pelo reconhecimento de mestres da cultura popular e de ativistas.
Para marcar os 15 anos, apresentamos uma nova identidade visual: um logotipo que simboliza igarapés e veredas, fazendo referência à fluidez dos rios e à inspiração roseana que nos acompanha desde o início. O novo site amplia nossa paleta de cores, com inspiração nas fitas das culturas populares, valoriza as imagens e reforça o espaço para leituras aprofundadas, reafirmando nossa vocação autoral e independente.
Ao longo dessa travessia, mais de duzentos colaboradores já passaram pelo Nonada, ajudando a construir uma instituição que, mesmo sem o poder econômico dos grandes veículos, têm mostrado que a originalidade, a diversidade de olhares e a qualidade jornalística podem ser muito maiores.
Seguimos, então, com o mesmo espírito do início: pensar e praticar um jornalismo cultural que não se limita, que se abre ao diálogo e que reconhece a cultura como força viva, plural e transformadora. Porque, nesses 15 anos, se aprendemos algo é que o Nonada é travessia.
O Nonada segundo seus integrantes
Para marcar esta data especial, ouvimos algumas das pessoas que fazem parte da história do Nonada! Ao todo, mais de 200 colaboradores já passaram pelas as áreas do jornalismo e de projetos da organização.
Uma breve linha do tempo
2010 – Criação do Nonada, nascido como um site colaborativo e independente voltado para a cobertura aprofundada de cultura, com foco em reportagens, em Porto Alegre. Financeiramente, não éramos sustentáveis e funcionávamos de forma colaborativa. Nosso olhar sobre cultura ainda era mais “clássico”.
2014 – Com a entrada de novos colaboradores, surgem novas discussões sobre a cobertura cultural. Passamos a nos questionar mais sobre diversidade e, gradualmente, ampliamos nosso conceito de cultura, conciliando-o com a prática jornalística. O Nonada começa também a se reconhecer como um coletivo jornalístico.
2016 – Essa transformação no modo de cobrir cultura se materializa na primeira grande mudança estrutural do site: deixamos de lado as divisões clássicas da cultura e adotamos editorias organizadas pelos gêneros jornalísticos — reportagem, análises, entrevistas, entre outros.
2020 – O Nonada inicia um processo de maior institucionalização, formalizando-se primeiro como uma pequena empresa (MEI). Já consolidado na cobertura cultural, o site cria novas editorias que refletem uma visão mais diversa sobre as várias culturas que compõem o Brasil. Ao mesmo tempo, passamos a atuar cada vez mais como agentes culturais, desenvolvendo projetos por meio de editais da Lei Aldir Blanc.
2022 – O Nonada se torna uma organização da sociedade civil. Passamos a ser um híbrido: um veículo de jornalismo com foco sociocultural e, também, uma associação que articula redes e projetos de comunicação e cultura. Expandimos nossa cobertura para todo o território brasileiro, com apoio de freelancers, e criamos nosso primeiro projeto pela Lei Rouanet: o Comunica – Potencializando Culturas Locais.
2025 – Após três anos, seguimos no caminho de consolidar a Associação Cultural Nonada Jornalismo, ampliando nosso portfólio de projetos culturais, cada vez mais voltados para a área da educação, sempre com o recorte da comunicação e do jornalismo. Conquistamos uma sede própria, alugando um espaço em Porto Alegre. Reformulamos o layout do site, incluindo a nova editoria Clima e Cultura. Financeiramente, sustentamo-nos por meio de leis de incentivo (com investimento social privado), chamadas públicas (editais culturais), doações, grants de fundos nacionais e internacionais e participação em projetos de parceiros.
Mais: confira fotos de todas as gerações do Nonada