Maria Dinorah, mais do que professora, uma promotora da literatura infantil no RS

veredas-banner-300x300px (1)“Todos que estão aí [no RS] produzindo literatura infantil estão porque ela abriu espaço.” A afirmação é da pesquisadora Patrícia Pitta se referindo à escritora Maria Dinorah Luz do Prado (1925-2007), que foi homenageada no livro Maria Dinorah Luz do Prado: que falta ela nos faz (Arte em Livros, 168 págs.), e lançado no final de 2015. A obra, dividida em quatro partes e organizada por Patrícia, contou com uma seleção de textos, manuscritos, fotografias do acervo familiar, poemas inéditos e versos livres feita pelos quatro filhos: Luiz Carlos, Malu, Beto, Keka. Uma espécie de álbum de família feito de recortes de escritos. Por adotar um perfil mais afetivo, a teoria ficou de fora, por escolha da organizadora.

Maria Dinorah colaborou no povoamento do imaginário de muitas crianças entre as décadas de 1970 e 1990. Alguns títulos, inclusive, podem iluminar a lembrança de alguns leitores já maduros: Catavento e outras histórias (1974), Cantiga de estrela (1984), Panela no fogo, barriga vazia (1986), Boi Boá (1986), Chapéu-de-vento (1989) e Giroflê giroflá (1995) são apenas alguns dos cerca de 100 livros publicados pela escritora. Dinorah popularizou a literatura voltada a crianças e adolescentes no Rio Grande do Sul. Contudo, é importante ressaltar que Mario Quintana, por exemplo, já havia lançado obras destinadas a este público, assim como Erico Verissimo, apenas para citar alguns nomes.

O resgate feito por Patrícia permite aos leitores mais jovens ou àqueles que simplesmente não tiveram a chance de conhecer a escritora saber que Dinorah foi uma ativista cultural. Ia ao encontro dos alunos em escolas de Porto Alegre e do Interior do Rio Grande do Sul, quando tal postura, tão comum hoje – quase uma exigência – não era aplicada. Mantinha ainda programas de rádio e colunas em jornais, espaços nos quais discutia a produção literária infantil no Brasil.

Patrícia Pitta é mestre e doutora em Teoria da Literatura (Pucrs), escritora e pesquisadora da literatura infanto-juvenil, estuda a obra de Maria Dinorah desde 2012. Concluiu o estágio de pós-doutoramento com o apoio do CNPq, tendo explorado o acervo literário da escritora abrigada no Delfos (Espaço de Documentação e Memória Cultural). Em uma agradável e longa entrevista, ela conversou com o Veredas sobre as exigências do papel da mulher na sociedade, a importância e o descaso em relação à literatura infantil e, é claro, sobre a produção de Maria Dinorah.

Veredas – Foste uma leitora da Maria Dinorah?

Patricia Pitta – Sim. Para tu teres ideia, uma das razões de toda essa minha mobilização, de ter ajudado a família a recuperar isso: eu fiz mestrado e doutorado na Pucrs, entrei em 2000 e saí em 2006, sempre concentrando meus estudos na literatura infantil. Quando eu cheguei no Delfos, na Pucrs, em busca de um acervo sobre o qual eu pudesse concentrar uma pesquisa de pós-doutoramento a única autora ligada à área era a Maria Dinorah. Ela foi muito grande na literatura infantil, produziu muito, em massa. Mas ela também tem ótimos livros que não são dirigidos à criança; há estudos e promoção de literatura e leitura na mídia da época. Conhecemos ela como a “professorinha que escrevia para crianças”, mas ela é mais que isso.

Veredas – E como foi este contato?

Patricia – Quando vi que a Maria Dinorah era a única da literatura infantil, decidi fazer o projeto com ela. Vi o material, encontrei livros que eu havia lido quando pequena. Inclusive o primeiro livro que comprei na Feira do Livro da minha escola, em Taquara, foi dela. Nem eu mesma lembrava. O que me causou estranhamento foi eu ter feito mestrado e doutorado sem ler os livros dela em literatura infantil. Por que raios nos esquecemos dela?

Veredas – Como chegaste à Maria Dinorah e ao livro?

Patrícia – Sabe o que é maluco? Esse livro foi quase sem querer. Ele é um resultado de pesquisa, mas não daquilo que foi oferecido ao Cnpq como projeto de pesquisa. O que eu ofereci está pronto, foi enviado ao Cnpq e aceito, mas não saiu em forma de livro ainda.

Quando cheguei no Delfos, me deparei com a obra da Maria Dinorah – o acervo não está catalogado, encontra-se em caixas – encontrei três manuscritos dela:  Simplesmente Maria, Apenas uma menina e Vida fragmentada. São autobiografias. Simplesmente Maria foi publicado, os outros dois, não, são inéditos. O que tu tens em Simplesmente Maria: um sujeito que é uma criança, pueril, com memórias. Apenas uma menina, quando ela está na adolescência a caminho de uma vida adulta, e Vida fragmentada, quando Dinorah é uma senhora e tem até netos.

Esse percurso de vida ficou fantástico. Eu usei o [Paul] Ricoeur, O si-mesmo como um outro, pois eu queria ver onde estava a esta operária, pois ela escrevia, divulgava, lecionava… Essa coisa que os escritores fazem hoje de ir às escolas, ela foi a primeira. Ela pegava o ônibus, o carro, e ia de escola em escola no Interior, fazia palestras. Ela fazia o trabalho da formiga, mas ela era cigarra também. Eu queria ver onde é que era a interseção, onde esta operária interferia na produção dela. Esse era o resultado esperado do pós-doutoramento.

A escritora Maria Dinorah (Foto: arqui da família)
A escritora Maria Dinorah (Foto: arqui da família)

Veredas – Qual o material existente neste acervo?

Patrícia – Se pensarmos na importância histórica da Maria Dinorah, é a chave na porta. Todos que estão aí produzindo literatura infantil estão porque ela abriu espaço. Por que raios o acervo dela foi doado em 2009 e ninguém fez nada [pesquisa acadêmica] até agora? Ninguém viu essa mulher, que não parava um minuto de escrever?

Nesta minha pesquisa, sobrou tempo para estudar outras produções dela. Foi então que cheguei às agendas poéticas da Dinorah, que as reaproveitava escrevendo poesia, loucamente. Junto a “ir ao dentista”, “tratamento de canal” havia uma poesia. Essa coisa mundana misturada com a escrita. Ela não separava poesia e vida. Há notinhas, aforismos, no canhoto de supermercado… Procurarei financiamento para realizar o projeto das agendas poéticas também. Dessas, tem-se umas 20, 25 lá no acervo.

Além de ela ter deixado publicado mais de 100 livros, o acervo da Dinorah, conta com mais de 200 caderninhos manuscritos, todos numerados. Entre originais e inéditos, sabe-se lá quantos.  Só que minha pesquisa tinha um furo, dos 123 pulava para os 129, do 15 para o 18. Daí descobri que um dos filhos ficou com uma caixa dessas. Então, provavelmente, passe dos 200 caderninhos escritos.

Eu fui leitora dessa mulher, eu também estou na literatura por causa dela. Sei falar, escrever, pensar por conta dela. E por que raios a gente não presta este tributo?

Veredas – Por que isso aconteceu, em tua opinião?

Patrícia – Existem várias questões. Ela era muito próxima da Pedagogia, e aí teve ranço da Literatura, uma briguinha entre Literatura e Pedagogia, que havia uma rejeição a tudo que fosse vagamente pedagógico.

Veredas – Ainda hoje tem…

Patrícia – Dizer que ela era falsamente literária porque era pedagógica é burrice, este conceito não passava pela cabeça dessa autora. A Pedagogia Moderna surgiu atrelada à Literatura Infantil, ela usou os livros para isso. É um momento histórico, ok. Hoje não teria cabimento que se produzisse literatura infantil de forma pedagógica.

Veredas – Podemos dizer que a literatura infantil amadureceu?

Patrícia – Amadurecimento, não. Se eu disser isso, estarei avaliando, levantando juízo, não é isso. Houve uma modificação, sim. Foi bom para a literatura, dá certa consistência no espaço literário. Mas, na época em que ela produziu, essa avaliação é ridícula. Dizer que o texto é bom ou ruim porque é pedagógico é dizer que Eça de Queiroz, por exemplo, era machista. É um conceito que não existia. Ela fazia a literatura do tempo dela. Hoje, realmente, há textos dela que são datados, não funcionariam para o leitor infantil contemporâneo. Mas muitos, não. Muitos têm aquela coisa perene da literatura, sabe? Então só isso comprova que não é uma escritora para se jogar no limbo.

Dinorah fez magistério antes de casar, e essa coisa de ser professorinha determinou muito a visão dela. Se tu lidas com alfabetização, todo adulto que tu olha em volta, em qualquer nível, vai ser alguém em processo de aprendizagem, seja ela emocional, pessoal, seja ética. Tu não perdes este intuito pedagógico, toda pessoa que está ao teu lado é teu aluno. E eu noto isso no texto dela. Ela trazia esta humanidade, este ensinar a ser no texto. Todas as questões dela estão relacionadas a isso. É uma voz pedagógica ensinando a ser.

É impressionantemente ver como ela acaba no ostracismo. Quando eu peguei [o livro da Dinorah] rolou um mea culpa. Como que eu me digo especialista em literatura infantil, moro no Rio Grande do Sul e nunca falei desta mulher que abriu todo este espaço?

 

Estão esperando que a gente brilhe no escuro? Trabalha-se, cuida-se de filhos, casa e daí? Imagina quantos livros tu deixa de produzir, quanto conhecimento tu deixa de ter. E aquela outra pessoa? Por que ela também não pode se realizar assim? Por que isso é menor?

 

Livro resgata a obra da escritora gaúcha (Foto: divulgação)
Livro resgata a obra da escritora gaúcha (Foto: divulgação)

Veredas – Ao que se deve isso? À escassez dos livros nas bibliotecas?

Patrícia – É coisa da academia. É uma culpa maior ainda, de quem produz o saber literário. É uma culpa, não sei se política… Mas é de quem estuda a literatura e, por um modismo, talvez, por uma necessidade de apagar aquela produção “ruim”, para que uma nova produção surgisse… Agora estamos num patamar tão bom da literatura infantil, coisas tão boas sendo produzidas, que, óbvio, dá para olhar para trás [e avaliar com olhar crítico]. Estamos neste patamar. Aqui no Estado temos tão bons escritores de literatura infantil que está na hora de revitalizar a obra dela. Tem coisa muito apaixonante.

Por exemplo, não sou ligada às questões de gênero. Mas neste trabalho com a Dinorah, por mais que não seja a minha praia, vai perpassar. Ela era uma mãe viúva, numa época em que trabalhar fora não era fácil. Era viúva de um médico, quer dizer, até então ela era só a mulher do médico, ela trabalhava ajudando ele…

Veredas – Ela inclusive escreve o poema Oração da dona de casa.

Patricia –  A Oração da dona de casa é algo. Eu leio e me vejo assim ainda hoje. As questões do espírito são tão nobres quanto, mas como é que vou fazer se tenho que limpar a bunda da minha filha? É um embate feminino que até hoje existe. Ainda mais agora nesta moda de que toda empregada é escravizada. Eu acho muito problemático isso. Acho muito mais escravizante se perder a vida numa esteira de sapato do que fazendo comida para outra família. Estamos com um problema. Paga-se mal? Ok, está errado. Estabelecer uma relação hierarquizante? Ok, está errado. Mas essa Oração mostrava como ontem e hoje alguém que me ajude com minha família é muito necessário. Por que não ter ajuda do outro? Por que ter esta perspectiva tão escravizante? Tem algo de nobre nisso. Quem trabalha como empregado doméstico, está lidando com matéria humana. Estão esperando que a gente brilhe no escuro? Trabalha-se, cuida-se de filhos, casa e daí? Imagina quantos livros tu deixa de produzir, quanto conhecimento tu deixas de ter. E aquela outra pessoa? Por que ela também não pode se realizar assim cuidando de outrem? Por que isso é menor?

Este texto da Dinorah, deve ter sido escrito em 1950. Ela pensa: “eu não posso sentar e ler meus textos e fazer meus escritos porque isso é menor e eu sou mulher, tenho que cuidar da minha casa. Agora, meu marido pode lá cuidar dos doentes, ele é nobre, eu não”. Ela teve que romper com essas coisas por necessidade. Ela ficou sem o marido, tinha que sustentar os filhos.

A Maria Dinorah não tinha muito a questão do empoderamento feminino, ela não tinha o outro para o embate. Noto que, na perspectiva familiar, se sentia “Ela Futebol Clube”, pelo que vejo nos escritos. Ela ficou viúva antes dos 40 anos. Mais tarde, ela teve um companheiro muito nobre [Roberto Mara]. Ela não tinha que lidar com a questão do empoderamento, era natural, ela já estava empoderada. Não vejo isso nos textos, mas na postura. Era algo que nem passava pela cabeça dela. Ela teve um pai que deu muita autonomia e respaldo também.

Se eu quiser escrever um romance, é o meu romance. Se tu quiser escrever um texto infantil, me desculpa, o texto não é teu, é da criança. Porque se ela não receber, tu não fez nada, só jogou palavra ao vento.

 

Veredas –  A crítica deve ter sido severa com ela…

Patrícia – Acho que a Maria Dinorah não era fácil, não. Acredito que ela se viu numa posição de abrir um espaço. Penso que quem avaliou o texto dela antes foi meio poluído por essa picuinha e não teve a nobreza de ver que tem muita coisa boa.

A Dinorah, guardadas as devidas proporções, é meio [J.K] Rowling, sabe? Vendia, daí ficou ruim. As pessoas liam, “então não era bom”. Teve um pouco deste ranço. Ela produzia muito. Casou com o Roberto Mara [pseudônimo de Francisco Belvedere], na década de 1970, ele tinha a editora Bels, o que ela produzia, ele lançava, incentivava. Muito da popularização da literatura infantil na década de 1970 veio deste casamento. Talvez se ela não tivesse casado com ele não tivesse lançado tantos livros.

Há uma discussão de que não existe literatura infantil, existe a boa literatura. Não, existe literatura infantil, sim, porque as coisas se estabelecem na linguagem. Agora, se tu vai pegar este “infantil” e pensar em imaturo, ferrou. Infantil é literatura dirigida à criança, e é uma literatura especialíssima, é a única que escreve pensando em quem vai ler. Ela tem que saber deste sujeito. Então não é uma literatura pequena, muito pelo contrário. Se eu quiser escrever um romance, é o meu romance. Se tu quiseres escrever um texto infantil, me desculpa, o texto não é teu, é da criança. Porque se ela não receber, tu não fizeste nada, só jogou palavra ao vento.

A Maria Dinorah talvez tenha sido esquecida em relação a Mario Quintana, à Patrícia Bins (1928-2008) por escrever mais para crianças. Ela criava, entendia de essencialidade e daí tu percebes que o texto pegava a criança e o adulto, Dinorah entendia de essencialidade.

Se uma autora, como ela foi, consegue ser regional e universal, o que mais a gente quer? Ah, “nem tudo o que ela produziu era bom”. E daí? A Dinorah, eu noto, não tinha filtro, mas ela não fez o papel do cânone. Ela não estava preocupada com isso.

Veredas – Percebemos que o livro não é teórico.

Patrícia – Não… Aliás, essa foi uma das minhas brigas. Eu fiz um pós-doutorado Junior e, agora, pedi o sênior, para poder continuar pesquisando, mas ainda não foi possível. Uma das justificativas é que eu não dou aula em instituição de ensino superior, e, por isso, eu não iria multiplicar este conhecimento. Estou pulando desta altura com isso, porque é público e notório que as instituições de ensino superior de letras estão todas fechando, só estão salvando as de Escrita Criativa. Uma pessoa que faz mestrado em Escrita Criativa não quer multiplicar o saber da literatura, quer multiplicar os produtos da literatura. Nós vamos publicar trocentos produtos, mas teremos quantos leitores?

Eu tenho uma bandeira de tirar aquilo que está no Olimpo da academia e trazer para a rua. Essa era a minha preocupação. Os meus trabalhos não são teóricos para colocar na Scielo* que meia dúzia vai ler. Não é coisa para gringo ler. Tanto que eu produzi dois ou três textos para revistas especializadas em literatura nestes dois anos pois eu estava concentrada em fazer livros que saiam para o público.

(* Scientific Electronic Library Online. É uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros)

Veredas – Por vezes, a academia parece fechada, não?

Patrícia – Está sempre fechada. Dá para contar nos dedos as pessoas que sabiam de quem eu estava falando [Maria Dinorah). Gente da minha geração. A nossa classe média alta emburrecidíssima para caramba, que conhece marca da China, mas não conhece escritor do Rio Grande do Sul, isso me incomoda.

Veredas – Há pesquisas sobre a Maria Dinorah?

Patrícia –  Nenhuma, só a minha. Parte do acervo está com a família e a outra no Delfos. Os da Pucrs não foram catalogados ainda nem digitalizado. Estou aguardando a chance de fazer um pós-doutorado sênior, pretendo fazer a biografia da Dinorah.

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Veredas –  As crianças leem Maria Dinorah na escola?

Patrícia –  Elas nem sabem quem é Dinorah.

Veredas – Seria necessário reeditar alguns livros, então?

Patrícia – É aqui que eu entro. A gente vai reeditar tudo. Vamos montar os projetos. Já tenho alguns que são os preferidos, no sentido de que são mais facilmente recebidos pelas crianças. Precisam de adequação da linguagem, da ortografia, da estética, o que está faltando é a verba.

Veredas –  Existem outros trabalhos que gostarias de reeditar?

Patrícia – Ela tem um livro muito legal, que é o Guardados de afeto, repensando a alfabetização. Neste texto ela conta pequenas passagens da vida dela como professora alfabetizadora em escolas carentes. O mais triste é que o contexto não mudou muito.

E eu quero fazer na base do workshop, quero falar com professores alfabetizadores, pedir o relato deles. Eu fiz um evento teste na escola da minha filha, apresentei este texto da Dinorah, e vi que cada professor tinha a sua experiência a ser compartilhada. Queria fazer este paralelo.

Os professores hoje estão exauridos. Na época da Dinorah, ela trazia uma tristeza desse sujeito, da criança sem sapato, mas tinha um pouco mais de esperança do que os professores de hoje. Ela sabia que iria plantar uma semente. O professor de hoje está completamente exaurido, cansado. Mesmo assim, conheço vários que continuam trabalhando pelo brilho do olho da criança, e é esta perspectiva que eu quero colocar no Guardados de afeto. É outra contribuição muito generosa da Dinorah, é um ganchinho para um estudo fantástico sobre o posicionamento do professor, da escola, da família.

Talvez seja bom que se tire a literatura infantil da escola e da academia, porque então ela volta a ser brinquedo. Assim, a criança se apodera no livro de novo.

Veredas – A literatura infantil é estudada? Existe interesse?

Patrícia – Não, falta interesse, são poucos os que estudam, são muitos que a olham como uma forma menor. É mal vista, muito associada à pedagogia, ao pequeno. É uma coisa demente já que, talvez, deveria ser a literatura mais cuidada, pois todas as outras dependem dessa. O leitor não vai ser leitor aos 30 anos de idade, se ele não ler aos 6. E mesmo porque ele não vai ter imaginário suficientemente rico para receber aquela obra, não vai ter crivo para deglutir aquilo que ler. É uma das grandes besteiras que se faz com o infantil, dentre outras tantas: não dar esta atenção à formação.

Se a gente não cuida deste sujeito a gente só vai dar marretada no futuro. Vai ser aquele bando de pessoas que estuda e lê apenas quando precisa entrar no vestibular, que adoraria ler, mas que só escolhem livros fracos, pobres e que não consegue ir além. Mas tem o contraponto: talvez seja bom que se tire a literatura infantil da escola e da academia, assim ela volta a ser brinquedo. Desta forma, a criança se apodera do livro de novo. Pode ser triste que as pessoas não pensem mais em literatura infantil na academia, porém, pode ser positivo, pois sempre foi mal-vista mesmo. Talvez o lugar dela nem seja lá mesmo, seja ao lado do brinquedo.

 

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3 comentários em “Maria Dinorah, mais do que professora, uma promotora da literatura infantil no RS

  1. Queria saber como localizar um parente mais próximo da escritora Maria Dinorah pois no colégio da minha esposa, em Muriaé, MG, os alunos estão estudando desde o inicio do ano sobre essa escritora e agora no dia 09 de novembro farão um Sarau Poético.
    Queria fazer uma surpresa para eles gravando um video com alguém da família.

    MEDINA 98846- 7363

  2. Só saber um pouco sobre a Maria dinorah me identifiquei muito…Não estudei nada mais q um segundo grau…Mas sempre escrevi tenho muitas coisas numa caixa…nasci no Sul e sou maria dinorah nunca mostrei oq escrevo ….tenho rascunhos da menina dos trapilhos….e do meu galo zizao….e do gato fonfon e outras …..coisas. …

  3. Gosto muito das poesias da Professora Maria Dinorah, que foi contemporânea de minha mãe aqui em Gravataí.
    Tenho uma edição da SEARA DE LUZ de 1962, e alí me conforto quando ” musgos de tédio aveludam os dias ”
    Do soneto Vida – só isso?…

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