Call of Duty: Black Ops

Em menos de dois meses, Black Ops já arrecadou mais de US$ 1 bilhão em vendas (Crédito: Divulgação)

TEXTO Rodrigo Olsson

IMAGENS Divulgação

Versão testada: PC

O novo game da franquia Call of Duty é igual aos seus predecessores.Até aí, tudo seria perfeito: é desafiante e intrigante no modo single player. No entanto, pergunto-me se o fato do Black Ops não conseguir trazer novas propostas à série põe em risco à diversão desse e dos próximos jogos da franquia. O game ainda é empolgante nas primeiras partidas mesmo não possuindo grandes inovações, porém depois de um início rápido e de missões em diversos lugares do mundo, ele acaba por se tornar maçante e, dificilmente, será jogado mais de uma vez no modo single player.

A história se desenrola durante o período da guerra fria, não é – como inicialmente falavam – focada na guerra do Vietnã. Alguns combates também acontecem na Rússia, Hong Kong, Cuba, etc. O jogo começa com a personagem principal sendo interrogada e, a partir de flashbacks, a história se desenrola de forma não cronológica, mas fazendo sentido. Em função disso, talvez um dos melhores momentos do jogo e da história seja voltar a uma missão inédita na segunda guerra mundial vivenciada por Vicktor Reznov.

Jogando Call of Duty: Black Ops – As inovações são poucas, o que mantém CoD:BO no mesmo ritmo dos seus antecessores: há fugas, perseguições, infiltrações, combates em cidades, selvas e em campos de batalha tradicionais – esses últimos na minoria. Nessa versão, o jogo se desenrola com uma velocidade incrível e, assim, parece que não há muito controle sobre o que irá acontecer, as missões só “acontecem” e você só está lá, dando tiros e acompanhando a história em paralelo. O game já se inicia de uma maneira frenética que só se encerra com o autossacrifício da personagem principal. Mas em relação a isso, não é preciso se preocupar, é a partir daí que o jogo realmente começa.

Você é Alex Mason, uma espécie de soldado especial que realiza operações especiais que não constam nos relatórios e arquivos, daí o “BlackOperations. O jogo se desenrola, diferentemente dos anteriores, em torno de Mason, ou seja, em uma única personagem – o que dá uma legitimidade impressionante ao enredo. O interessante de frisar é que reencontramos com Viktor Reznov – uma das principais personagens do Call of Duty: World At War. Novamente, ele será de grande auxílio ao jogador e, também, uma peça fundamental no desenrolar da história. É tudo isso que se pode revelar!

No modo single player a história é empolgante e há muitos tiros, muitos seus – é verdade. Um dos pontos fracos é a inteligência artificial do jogo, tanto os inimigos quanto os seus companheiros não primam na capacidade de ações individuais ou inesperadas. O jogo depende muito de você e, por conta disso, parece uma guerra de um homem só. Os combates são bons, algumas missões bastante interessantes, outras perdem para games predecessores da série. Entrar em uma “toca” de vietcongs é merecedor de uma boa dose de adrenalina assim como, também, fugir de uma mina (de mineração) de prisioneiros na Rússia.

Missão em que você controla o barco é a mais divertida (Crédito: Divulgação)

Um ponto muito interessante é a oportunidade de pilotar barcos, helicópteros e uma moto durante uma fuga. A melhor experiência, mesmo, é a do barco – as demais não são empolgantes ou parecem difíceis de manejar: com a moto não se consegue fazer curvas e não importa aonde você mirar, seu tiro irá acertar os inimigos; no helicóptero, por outro lado, há desafiantes batalhas, porém não são interessantes o suficiente uma vez que  é desparelho o seu veículo em comparação ao dos inimigos: ele é mais lento e, assim, fica mais difícil de se locomover.  Já pilotar o barco, ao contrário, é uma grande diversão: ao som de “Sympathy for the Devil“, dos Rolling Stones, você poderá matar centenas de vietnamitas e vietcongs – dá a impressão de uma pequena reprodução da matança descabida durante a guerra no Vietnã.

Qualidade de Cinema – Por mais de um motivo o CoD:BO pode ser comparado a um filme de Hollywood. Não se trata dos gráficos, das explosões ou do heroísmo patriótico – o que emerge, na realidade, é um enredo com forte apelo de cinematográfico: não se trata de apertar o gatilho, mas o porquê de estar fazendo isso.

A belíssima história é possibilitada, justamente, pela opção de cercar o jogo em cima de uma personagem só e, assim, tecer todo o desenvolvimento histórico e fictício na sua participação. O resultado disso tudo é uma forte ligação entre o usuário do joystick e seu avatar, Alex Mason. Tanto você quanto Mason desejam saber a verdade e o desenrolar dos fatos, pois Mason não se lembra do que aconteceu e, através do interrogatório que é submetido, a história é recontada até o presente.

Ação é o que não falta em Black Ops: são 15 horas no modo campanha. (Crédito: Divulgação)

Apesar de, pessoalmente, ser a favor da ação e pouco me importar com os diálogos insossos de alguns games, o caso do Black Ops é diferente. A relação com a história se passa tal como um filme, com revelações e sem exageros nos diálogos: o jogo aproveita o tempo de espera enquanto a missão é “carregada” para nos apresentar o “filme”. Aliás, quem já jogou “Brothers in Arms” sabe o quão maçante é esperar o desenrolar (sem opção de pular essa parte) de minutos e mais minutos de uma histórica fraca. Em suma, a ação e a história no CoD:BO são bem dosadas.

Para completar o realismo, há um time de Hollywood para atuar como os dubladores das principais personagens do jogo: Sam Worthington – Alex Mason, Ed Harris – Jason Hudson, Gary Oldman – Reznov, Ice Cube – Joseph Bowman. Por conta da capacidade dos atores, as vozes soam muito mais reais e compondo uma excelente composição dramática.

Desfecho – O jogo é tão bom quanto os seus predecessores, Black Ops não perde em nada, mas também não acrescenta novos elementos à série. Os gráficos também não possuem um salto de qualidade em relação aos anteriores, não são piores, nem melhores. São os mesmos. Há mais violência, mas é o que faz parte de toda e qualquer guerra: aí está a realidade.

Depois, o melhor mesmo é jogar com uma boa história compondo o cenário dos tiros incessantes. Vale à pena jogar, não há duvidas, mas o que não se deve fazer é esperar por inovações, o jogo segue o esperado: a fórmula continua funcionando. O surpreendente, mesmo, está no final do jogo e as insinuações pós-término. Call of Duty: Black Ops é um excelente jogo de guerra e, provavelmente, é essa a franquia que possui os melhores games do gênero.

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