Agent Orange mostra que o HC californiano ainda vive

Fotos: Isadora Lescano

Os anos passam, mas o hardcore californiano não perde a força. Mesmo não sendo um subgênero do rock extremamente popular, esse tipo de som tem um público fiel que sempre garante a lotação (ou quase) de pequenas e médias casas de shows. A apresentação do veterano Agent Orange, segunda-feira, véspera de feriado do Dia do Trabalho, no Dhomba, é um exemplo disso.

Abertura do show no Dhomba ficou a cargo da veterana banda Atraque

Longe de estar no auge da fama e já ostentando volumosas barrigas de cerveja, os norte-americanos de Orange County têm um séquito fiel de admiradores no Brasil. Por conta disso, foram escolhidos para encerrar o encontro de skate Swell Old Is Cool, realizado em Viamão entre os dias 28 e 30 de abril. Foi a identificação com o skate – embora ela seja rejeitada pelo grupo – que permitiu à banda tocar para um público predominantemente jovem.  

 A noite começou com o retorno da banda Atraque, veterana do HC gaúcho liderada pelo vocalista Leandro Padraxx, hoje conhecido por ser o frontman do Grosseria. Com alguns clássicos underground e covers (como “Tv Party”, do Black Flag, e “Bodies”, dos Sex Pistols), o grupo fez um show com bastante pegada, que conquistou principalmente a “velha guarda” do hardcore, familiarizada com o repertório.  

Agent Orange em ação: Mike Palm, Dave Klein e Perry Giordano

Sem nenhum suspense, jogo de luzes ou efeito visual impactante, o Agent Orange entrou rachando para um setlist de mais de 30 faixas. Sabiamente, a banda deixou de lado suas músicas mais cadenciadas e acelerou um pouco as que já eram rápidas. Assim, as rodas punk logo viraram regra com “Tearing me Apart”, “Everything Turns Grey”, “Too Young to Die”, “America” e “Living in Darkness” – que dá nome ao clássico disco de estreia.

O vocalista e guitarrista Mike Palm, uma espécie de versão mais velha de Dexter Holland, do Offspring – ou seria o contrário? – não se preocupa em falar muito. Seus riffs fortemente influenciados pela surf music contagiam a molecada e, com o acompanhamento da competente cozinha formada por Perry Giordano (baixo) e Dave Klein (bateria), são suficientes para manter o show em um alto nível de adrenalina.

Trio californiano tocou mais de 30 músicas, entre clássicos e covers

Sem dar tempo para respirar, a banda manda uma música atrás da outra. Os covers têm presença certa e até meio exagerada no repertório. A onipresente “Secret Agent Man” (Johnny Rivers), versões óbvias (“Police Truck”, do Dead Kennedys, e “Misirlou”, imortalizada pelo rei da guitarra surf, Dick Dale) e outras nem tanto (“This House is Haunted”, de Alice Cooper) são apenas algumas das diversas regravações feitas pela banda californiana.

O bicho pega mesmo é em clássicos como “Fire in the Rain” e “Bloodstains”, talvez a mais esperada do show. A presença dela na trilha sonora do game Tony Hawk’s ProSkater 4 consolidou a fama do trio entre os adolescentes dos anos 2000. E, pelo que se viu no show, renovou o público de um dos raros sobreviventes da cena HC oldschool que conseguiram manter a integridade.

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