Duas páginas rascunhadas pelo escritor Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944), encontradas no início do ano entre os papéis entregues por um colecionador a uma casa de leilões francesa, lançam novas possibilidades interpretativas sobre um dos maiores clássicos da literatura infanto-juvenil do século XX. Através destes documentos, estudiosos podem afirmar que uma primeira versão de “O Pequeno Príncipe” teria uma perspectiva política diferenciada da versão que se espalhou pelo mundo. Os rascunhos serão leiloados no final deste mês.
Uma passagem inédita, representativa da chegada do pequeno viajante interplanetário a Terra, contida em uma dessas páginas, traz um diálogo com conotação antiguerra. Um novo personagem, apaixonado por caça-palavras e descrito como embaixador do espírito humano, seria a primeira pessoa que o príncipe encontraria no planeta. Ocupado demais para responder às perguntas do recém-chegado, ele se empenharia na busca de uma palavra perdida de seis letras, que começava com a letra g.
Não é possível dizer com muita certeza que palavra viria a ser essa, mas ao que tudo indica, se se considerar o contexto (França do início dos anos 1940), é guerre (guerra em francês). Segundo os especialistas, a força dessa passagem está justamente na característica do autor de não deixar explícitos os conteúdos de sua obra. Há ainda uma descrição do momento em que o principezinho chega à Terra mais precisa em relação à versão publicada. Lançado em 1943 nos Estados Unidos, “O Pequeno Príncipe” vendeu milhões de exemplares e está entre os três livros mais traduzidos do mundo.
Saiba mais na matéria do The Guardian.