Foto: Fernando Halal
Alguém aí já ouviu falar em White Denim? Com certeza, poucos. Porque o show que os caras fizeram no Beco203 na sexta-feira, 4 de maio, tinha umas 80 pessoas na plateia – com muito otimismo, 100. O que é uma lástima, tanto para a viabilização da vinda de outras bandas gringas quanto para aqueles que ainda não conhecem o quarteto americano e um dia podem se arrepender de não tê-los visto ao vivo. Sim, esta resenha vai ser um pouco rancorosa.
Tecnicamente falando, foi o show mais sofisticado que o Beco já recebeu. Só pela quantidade de pedais no palco já dava para perceber que os caras não estavam ali para tocar punk rock – embora haja muitas influências do estilo em sua música. Aliás, se algumas pessoas (e estou falando de gente da minha geração, com mais de 30) não achassem que o rock morreu quando o Led Zeppelin acabou, certamente não subestimariam uma banda como o White Denim.
Para os padrões do universo indie, o grupo faz um som difícil, com elementos de jazz e rock progressivo, mas sem negar as (fortes) influências de seu estado natal, o Texas. Rock básico e sulista, mas executado por músicos muito acima da média e com arranjos pouco convencionais. Mal comparando, é como se o Rush resolvesse fazer suas versões para as músicas do White Stripes.
O escasso público, formado principalmente por curiosos e amantes do indie rock em geral, ficou pasmo com a desenvoltura dos caras no palco. O som elaborado do White Denim, longe de ser maçante, envolve a plateia por conta das melodias nada pretensiosas. Nenhum solo parece gratuito; tudo se encaixa de forma apropriada. Não há espaço para “masturbação sonora” e muito menos soberba. Tanto que os caras não se perturbaram por estar tocando para meia dúzia de gatos pingados.
Detalhes sobre o setlist? E quem se importa com isso? Afinal, alguém já ouviu falar em White Denim? Espera-se que após este belo show eles consigam ser um pouco mais conhecidos por aqui. Se você ainda não ouviu, tente as mais famosas (e palatáveis à primeira audição), como “Shake Shake Shake”, “Drug” e “I Start to Run”. Depois da iniciação, dá para encarar faixas como “Anvil Everything” e “At the Farm”. Se curtiu todas, chore por não ter visto o White Denim ao vivo em Porto Alegre. Pela quantidade de público, será difícil pintar outra oportunidade.