A semana que nunca terminou

  Julimária Dutra, de São Paulo para o Nonada

 

A semana que continua muito atual (Crédito: Arquivo)

A cada aniversário decenal da Semana que estabeleceu o marco na história cultural do país, os estudiosos, escritores e jornalistas tratam de ressurgir o tema proposto pelos modernistas de 1922. A discussão segue conforme os interesses e o contexto de cada época especialmente este ano em que se comemoram os 90 anos da Semana de Arte Moderna.

Para trazer luz ao assunto o crítico de arte e historiador Francisco Alambert e o jornalista, autor de 1922 – A semana que não terminou, Marcos Augusto Gonçalves, analisaram no 3º dia do Congresso de Jornalismo Cultural, em São Paulo, os desdobramentos da Semana que mudou o Brasil.

Para Alambert a história da Semana de Arte Moderna está intrinsecamente ligada com a história do nosso século e ela se modifica de acordo com a conjuntura em que o Brasil vive suas décadas. O historiador citou o ano de 1932 como exemplo e ressaltou que mesmo 10 anos depois da Semana de Arte, tudo ainda reverberava como fato vivo. Em um espaço de tempo mais dilatado, ele explicou o contexto dos anos 80 para mostrar que mesmo em um cenário de golpe militar, instabilidade política e crise desenvolvimentista nacional, a Semana também estava presente, sendo reverberada de outros modos.

O fato é que se o Mário de Andrade enterrou a Semana de Arte Moderna, ao mesmo tempo em que propôs continuidade com o desdobramento dela, Oswald defendeu arduamente a proposta de que a Semana continuava e isso para o historiador Alambert é que tem mantido a ideia incial dos modernistas de 1922 até hoje.

“Os modernistas são filhos do passado. Eles forçosamente tinham que se debater com um passado recente que não passava e um novo que já tardava”, enfatizou Alambert.

Gonçalvez também concorda com as ideias de Alambert, mas chamou atenção para o fato de que ao longo da história a Semana foi se transformando em um mito fundador, muito embora não veja dessa forma. Para ele, ‘internamente a Semana de Arte mudou muito, já do ponto de vista externo os projetos dos modernistas tinham o objetivo de inserir o Brasil no debate mundial.

Alambert considera a Semana de Arte Moderna como a chave do nosso entendimento para sabermos o que exatamente somos e para onde vamos. “A semana continua nos assombrando. Ela é ao mesmo tempo muito velha e muito nova”, conclui o historiador. 

 

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