Em meio às investigações que começaram no ensejo das comemorações dos 60 anos do clássico filme “Luzes da Ribalta”, cuja estreia aconteceu em outubro de 1952, foi encontrado um manuscrito inédito do cineasta Charles Chaplin (1889-1977). Trata-se de um documento com anotações sobre um projeto que nunca veio a ser concretizado: um filme inspirado na vida do dançarino russo Vaslav Nijinsky (1890-1950). O material foi descoberto pela Filmoteca da cidade de Bolonha (Itália).
Chaplin e Nijinsky se conheceram em Los Angeles (EUA), na segunda década do século passado. O dançarino estava em turnê pelos Estados Unidos com sua companhia, e visitou o cineasta durante as filmagens do curta-metragem “Rua da Paz” (Easy Street, 1917).
Nos escritos, Chaplin pincela a sua visão sobre a personalidade do amigo: “Nijinsky, o grande gênio do balé russo, era um homem simples, tímido e com dificuldade para se expressar, de origens humildes. Era filho de um sapateiro pobre que não podia oferecer a educação que desejava. Isso fez de Nijinsky um homem tímido e dubitativo sempre que tentava se expressar, pois era consciente de sua gramática e sensível ao som de sua voz pouco musical”. Ele ainda acrescenta o direcionamento que daria ao filme: “O tema da obra menciona que uma carreira não supõe a realização dos desejos do homem, mas apenas um caminho que conduz ao seu destino”. Apesar do filme não ter sido realizado, sua concepção acabou influenciando “Luzes da Ribalta”.
A notícia foi dada pelo jornal La Repubblica, que divulgou também o manuscrito digitalizado (acessível aqui). Na mesma investigação foram encontradas quatro fotografias desconhecidas de Chaplin e Buster Keaton. A Filmoteca de Bolonha apresentará mais detalhes sobre o achado nesta sexta-feira, no Festival Cinema Ritrovato.