Fotos: Gabriel Schmidt/Maria Cultura/Divulgação
Tonho Cocco vai até o centro do palco e pergunta, já sabendo a resposta: “Vocês estavam com saudades?” E, diante de um expressivo “siiiim”, ele próprio responde: “Nós também”.
E não poderia ser diferente. Depois de meia década fora dos palcos, a Ultramen voltou a se apresentar ao vivo nesta quarta-feira, 6 de março, no Opinião. A saudade dos fãs era tanta que o bar simplesmente ficou abarrotado – e olha que o retorno estava previsto para a quinta, mas uma nova apresentação precisou ser agendada para dar conta da demanda. E a banda fez jus a tanta expectativa.
O show começa pouco depois das 23h10min, após uma homenagem a Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr. que havia morrido no mesmo dia (um vídeo no telão mostrava o cantor junto à Comunidade Nin-Jitsu em um show no Opinião). Os scratches do DJ Anderson são acompanhados pelo restante da banda, dando início a “Tubarãozinho”, do último disco de estúdio, Capa Preta, lançado em 2006. Se antes já não dava para se mexer na pista, agora, menos ainda.
“Grama Verde”, “Esse é o Meu Compromisso”, e “Alto e Distante Daqui” (o momento Tim Maia de Tonho, que mostra todo o potencial de sua voz) mantêm o público dançando em uma espécie de transe. Parece incrível que uma banda tão empolgante ao vivo tenha ficado tanto tempo afastada dos palcos.
“A Estrada Perdida” e “Vou a Mais de 100” (esta do primeiro disco, homônimo, de 1998) mostram que a música da Ultramen, do reggae ao hardcore, do samba ao funk, não fica datada com o tempo. Em seguida, Tonho anuncia uma “inédita” e manda “Dívida”, provavelmente a música mais famosa da banda, com direito a um remix de Jackson Five .
Como se trata de uma volta, a noite é mais longa do que de costume, dá para incluir algumas preciosidades que, numa apresentação mais curta, nem sempre são lembradas. Com mais de duas horas de show, não falta espaço no setlist para “U.T.I.”, “Olelê” e “Erga Suas Mãos”.
Mesmo com apenas quatro discos, sobram clássicos, e a Ultramen guardou uma porção deles para o final – “Bico de Luz”, “Santo Forte”, “Preserve”, “General” – esta dedicada a Hugo Chávez, presidente da Venezuela, falecido na véspera do show – e “Coisa Boa”. O desfecho não poderia ser com outra canção que não a quase gaudéria “Peleia”, que ganha o público tanto pelo bairrismo “do bem” quanto pela qualidade das rimas.
No entanto, ninguém espera que o show acabe por ali, então o público não arreda pé do Opinião. E a banda volta com “É Proibido”, “Hip-Hop Beat Box com Vocal e James Brown”, “La Negrita” e “De Canto e Sossegado”. Simplesmente de tirar o fôlego.
Quem não foi pode se lamentar, mas não precisa perder as esperanças. A banda deve fazer mais shows e, se tudo der certo, também vai gravar um novo disco de estúdio. Se o nível for o mesmo do show, podemos esperar coisa (muito) boa.
Em tempo: Além do visual bacana (com novos painéis com imagens de shows memoráveis), o Opinião promete grandes atrações nacionais e internacionais para os próximos meses. Como a casa está completando 30 anos, a expectativa é das melhores.