Star Wars III: A trilogia que deveria ter ficado no imaginário

Fotos: LucasFilm/Divulgação

Guerra! A República está desmoronando sob o ataque do impiedoso Lorde Sith, Conde Dookan. Há heróis de ambos os lados. O Mal está por toda a parte. Em uma manobra surpreendente, o diabólico líder Dróide, General Grievous, invadiu a capital da República e sequestrou o Chanceler Palpatine, líder do Senado Galáctico. Enquanto o Exército Separatista de Dróides tenta escapar da capital sitiada com seu valioso refém, dois cavaleiros Jedi lideram uma missão desesperada para resgatar o Chanceler preso….

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Excesso de efeitos especiais deixa marca negativa na trilogia “nova” de Star Wars

A Saga Star Wars, junto com a trilogia De Volta para o Futuro, foram filmes que me deixaram impressionados pelo universo que desenvolveram. O longa dirigido por George Lucas criou um leque absurdo de personagens, costumes, vestimentas, acessórios, etc. Enquanto a primeira trilogia, do final da década de 1970 e o início de 1980, impressionou não só a mim, mas uma geração inteira, a segunda trilogia, lançada durante a primeira década dos anos 2000, foi completamente decepcionante.

O terceiro episódio da saga, A Vingança dos Sith, começa três anos após o filme anterior, Ataque dos Clones. A República continua em guerra com a Confederação. Após resgatar Chanceler Palpatine das mãos de Conde Dooku, Obi Wan Kenobi (Ewan Mcgragor) e Anakin (Hayden Christensen) continuam tentando evitar que a República perca a guerra. Porém, Anakin começa a se aproximar de Palpatine, o que causa uma desconfiança no conselho Jedi. Paralelo a isso, o jovem Skywalker precisa evitar que suas premonições em relação a morte de sua esposa, Padme, se concretizem.

Neste último episódio, a expectativa é que fossem respondidas algumas perguntas, como por exemplo, “Como foi que Anakin se tornou Darth Vader?” ou “O que levou ele a ir para o lado negro da força?”. Ao meu ver, esse tipo de pergunta não precisa ser respondida. É como querer saber sobre a história de Yoda. Certas partes da história devem ficar no imaginário de cada um, nas teorias. Porque, da forma que for, sempre criamos uma expectativa com relação ao enredo e, muitas vezes, sempre nos decepcionamos.

Mas é lógico que isso não importa muito para as produtoras, porque o que realmente interessa é o lucro que os filmes irão trazer. Dito e feito. A Vingança dos Sith arrecadou milhões, mas fracassou em contar uma história interessante e no mínimo criativa. O motivo que leva Anakin a “trocar de lado” é muito raso. Afirmo isso porque, se nos dois primeiros episódios observamos apenas realces do seu lado maquiavélico, nesse ele se transforma completamente. Não ouve uma construção coesa na saga. Provavelmente devido devido a falta de preocupação nos roteiristas em criar uma trama principal no enredo, que fizesse o público sentir empatia. Ao Invés disso, várias tramas são criadas, todas com o mesmo peso narrativo e que saltam sem o mínimo de coesão. E isso não acontece apenas neste longa, mas nos dois anteriores também.

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Luta entre Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker (agora Darth Vader) é ponto alto do filme

Dessa forma, a empatia que deveríamos sentir por Anakin, e desejar que ele não se transforme em Darth Vader – mesmo sabendo que é inevitável – acaba falhando. Os diálogos são fracos e expositivos, o que prejudica a atuação de todos os atores, até mesmo os veteranos, como Samuel L Jackson, Ewan Mcgragor e Christopher Lee. Enquanto isso, Hayne, ao longo de dois filmes, demonstrou ser alguém completamente sem carisma, limitado e que usa de artifícios técnicos para passar determinadas sensações, o que torna sua atuação completamente artificial. O que ele encarna não é um personagem complexo, mas sim um adolescente mimado. E, se não criamos empatia pela história, fica óbvio que sua relação com Padmé não foi construída corretamente ao longo dos dois filme, o que só reforça a falta de química entre os dois e nossa falta de torcida para que no fim – mesmo sabendo que é impossível  – eles possam ficar juntos.

Quanto aos itens técnicos, não chegam nem perto da primeira trilogia de Star Wars. O excesso de feitos especiais – e sim, são muitos – acaba tornando o universo criado por George algo completamente artificial. E isso não é saudosismo de minha parte, levando em consideração que naquela época a maior parte dos personagens usavam maquiagem e as naves eram maquetes. O uso de CGI ajudou a criar universos maravilhosos, como Avatar, ou possibilitou que personagens ganhassem mais profundidade poética, como na nova saga dos Planeta dos Macacos. Porém, em a Vingança dos Sith, o CGI extrapola. Até mesmo roupas de soldados são efeitos computadorizados. No lugar de ajudar, é algo que atrapalha, até roubando nossa atenção para detalhes que poderiam ter sido feitos de forma real.

Além disso, a direção de fotografia mostra-se completamente despreparada. Sempre imergindo Anakin em meio a sombra, para dar um teor poético a sua personalidade dúbia, o que deveria ser algo usado para ajudar a narrativa acaba se tornando cansativo e, em determinados momentos, completamente estúpido. Em uma cena em particular, Anakin conversa com seu mestre ao lado de uma grande janela que, ao fundo, nos revela um enorme sol. Obi Wan encontra-se completamente iluminado, já o jovem Skywalker, está em sombras…

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Perto do fim, a cena icônica do “nascimento” de Darth Vader

É triste ver o que essa trilogia se tornou e o que ela fez com todo o universo Star Wars. Eu preferia não saber a história de Anakin. Assim minha imaginação poderia criar momentos e narrativas muito mais interessantes da criada em A Viingança dos Sith e dos dois filmes anteriores. O que sobra é a esperança que o Episódio 7 consiga despertar o ânimo pela série, assim como foi nos três primeiros filmes.

Obs: Algo que é importante contar, para os que não sabem. Hayden foi incluído em uma determinada cena, do episódio VI, substituindo o ator que inicialmente interpretou Darth Vader. Uma falta de consideração completa não apenas com o ator, mas com todos os fãs e a saga no geral.

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