LCD Soundsystem, pela primeira e última vez

Em sua turnê de despedida, o LCD Soundsystem realizou uma apresentação fantástica na Casa do Gaúcho no dia 20 de fevereiro

Texto: Daniel Sanes

Fotos: Fernando Halal (http://www.flickr.com/photos/fernandohalal)

A ideia que se tem de um artista em final de carreira geralmente não é das melhores. Pensamos em decadência, performances abaixo da média, falta de criatividade, turnês caça-níqueis… Mas e quando esse artista decide dar um fim a sua carreira no auge?

É exatamente isso que o LCD Soundsystem fez. Um dos mais relevantes nomes do cenário musical dos últimos tempos, o grupo norte-americano está encerrando as atividades este ano, após pouco mais de meia década de existência. O ocupadíssimo produtor musical James Murphy, líder da banda (e, na verdade, o único integrante de fato) optou por se dedicar mais ao selo DFA Records.

Felizmente, antes do derradeiro show, Murphy resolveu mostrar mais uma vez a força que o LCD tem ao vivo para os brasileiros. Desta vez, a turnê incluiu Porto Alegre, em um show inesquecível realizado na Casa do Gaúcho no domingo passado, dia 20 de fevereiro.

O show começou às 22h20min, como indicava o relógio digital gigante instalado estrategicamente no palco. Quando as luzes se acenderam e Murphy surgiu no palco, a plateia quase surtou.

Se o cara tivesse vindo apenas com alguns sintetizadores e bateria eletrônica, já seria um show bacana. Mas foi simplesmente sensacional, por conta de uma respeitável banda de apoio. A performance empolgante, aliada à excelente qualidade de som que saía dos amplificadores, fez com que a música eletrônica do LCD soasse mais pesada que muitos grupelhos de rock que andam por aí.

A apresentação começou com “Dance Yrself Clean”, faixa que abre o terceiro e derradeiro álbum da banda, This Is Happening, lançado no ano passado. À medida que a música foi “crescendo” e ficando mais pesada e dançante, Murphy, que parece um cara bem tímido, foi se soltando – mais tarde, até arriscou uma percussão. E o público veio abaixo, é claro.

Mesmo com o cara sendo – inevitavelmente – o centro das atenções, os demais músicos também chamam a atenção não só pelo talento, mas também pela performance pra lá de energética. O convidado especial Al Doyle, do Hot Chip, pulava enlouquecidamente sem camisa, ora tocando baixo, ora guitarra. A tecladista Nancy Whang, carinhosamente apelidada de “japa” por vários presentes, também arrasou com sua presença de palco cool.

James Murphy vai se dedicar à carreira de produtor

Algumas faixas, como os hits “Daft Punk Is Playing at My House” (do primeiro disco, de 2005) e “Drunk Girls”, mostraram a influência do punk rock na música do grupo. Outras menos pesadas, mas igualmente eficientes, também foram bem recebidas pelo público, como a genial “Get Innocuous!” e a grudenta “I Can Change”. Ao todo foram 14 músicas, em uma apresentação que durou pouco menos de duas horas.

Murphy e companhia se despediram com a Linda balada “New York, I Love You But You’re Bringing Me Down”, do segundo disco, Sound of Silver. Como já se esperava, muita coisa boa ficou de fora, mas dificilmente alguém saiu do show decepcionado. Os bons morrem cedo, dizem. Algumas ótimas bandas também. Agora é torcer para que o cara resolva lançar ao menos um disco póstumo ao vivo. Não é a mesma coisa que um show, mas certamente seria uma boa surpresa.

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