Texto Vinicius Duarte

“Provar que esses objetos são tão repletos de histórias quanto nós, seres humanos”. Assim a jovem Lilian Ferrari sintetiza o Projeto Piano Livre, que vai espalhar pianos por vários pontos de Porto Alegre e região metropolitana em novembro. A proposta de Lilian, no entanto, passa longe de ser utópica ou inaceitável. A verdade sobre o ‘Piano Livre’ está ligada diretamente à história de alguém que se apaixonou pelo som do instrumento erudito desde muito cedo.
“Aos quatro anos, quando ainda morava em Bento Gonçalves com meus pais, escutava o som do piano de uma vizinha que ensaiava. Não demorou muito para eu começar as aulas e, tão logo, comprar um para praticar em casa”, conta. Anos mais tarde, Lilian pesquisava um presente de formatura para o namorado, o pianista Alexandre Alles. Resolveu visitar o acervo da família Person, em Porto Alegre, e aquele sentimento da menina de quatro anos foi reaceso. Porém, dessa vez a paixão ultrapassou a limitação do interesse pessoal: as histórias dos pianos mereciam um reconhecimento maior.
Para tornar o projeto realizável, Lilian contou com um financiamento conquistado por meio de um edital da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul. Piano Livre e Si são os dois primeiros projetos da Mata Hari, produtora de cinema, música e arte de Lilian e da sócia Luciana Baseggio. “Nosso objetivo é criar uma elaboração gentil sobre o imaginário dos pianos por meio de dois projetos: o Piano Livre, que é uma iniciativa mais social, e um documentário poético, que leva o nome de Si, conta Lilian.

Os pianos escolhidos foram restaurados e também serão personalizados pelos artistas Ananda Kuhn, Chana de Moura, Daniel Eizirik, Angela Longo, Carla Barth, Cauan Rolim, Lidia Brancher, André Venzon, Cadu Peixoto e Amanda Copstein. Passado esse processo – o que está previsto para novembro – os pianos ficarão expostos na Usina do Gasômetro por sete dias e, posteriormente, serão distribuídos em seus destinos. Incluem nesse roteiro musical algumas paradas de ônibus, estações de trem, pontos turísticos e até escolas de comunidades carentes. Após os cinco meses previstos da exposição, segundo Lilian, o desejo é “redirecioná-los para algum lugar que os mantenha vivos e livres”.
Lilian espera que a presença dos pianos provoque a interação entre as pessoas que dividem os espaços de convivência. Uma relação de amor com aqueles que estão à volta, vendo e ouvindo pessoas comuns tocarem e descobrirem os instrumentos. “Todos temos a vontade de mudar o mundo. Talvez um piano mude cinco perspectivas e essas cinco perspectivas mudem outras cinco e, daqui a pouco, alguma coisa melhorou. Assim como mudou a minha vida, seria sensacional saber que uma criança também despertou o interesse pelo piano”, indica.
Confira o cronograma do projeto:
De 5 a 12 de novembro: exposição dos pianos no saguão da Usina do Gasômetro
12/11: Inauguração do piano da escola EMEF Prof. Judith Macedo de Araujo
13/11: Inauguração do piano da escola EMEF José Mariano Beck
14/11: Inauguração do piano da Rodoviária
15/11: Inauguração do piano do Mercado Público
16/11: Inauguração do piano da rua São Carlos, bairro floresta, piano abraçado pelo projeto e artistas do Distrito C
19/11: Inauguração do piano da Estação de Trensurb Mathias Velho, Canoas, a área integra um dos Territórios da Paz
20/11 Inauguração do piano da Restinga, integrando a Semana da Restinga
21/11: Inauguração do piano da UFRGS
22/11: Inauguração do piano do HPS
23/11: Inauguração do piano da Gasômetro
*Atualizado em 4 de novembro de 2014
Oi, Isadora, já tem data sim. A inauguração é amanhã às 19h no gasômetro. A partir do dia 12 os pianos começam a ser espalhados pela cidade.
Já tem uma data marcada? Eu gostaria de saber pra ir no dia certinho…