por Laura Souza
Quem classifica os longas “A Origem” ou a trilogia Batman como filmes insuperáveis da carreira do diretor anglo-americano Christopher Nolan corre sério risco de sair do cinema de queixo caído após assistir a Interestelar. Nolan mantém o espectador atento e maravilhado por três horas que passam despercebidas. O roteiro, escrito por Christopher em parceria com seu irmão, Jonathan Nolan – e baseado nas teorias do físico especialista em ondas gravitacionais Kip Thorne –, desenvolve-se por meio de características já conhecidas nos filmes de Nolan, como a resistência à apresentação dos acontecimentos de forma linear e muito plot twist.
O alvoroço que precedeu o lançamento do filme não é surpreendente, se for levada em conta a escalação de dois ganhadores do Oscar como protagonistas. Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas) e Anne Hathaway (Os Miseráveis) atuam de forma impecável em cenas sequenciais de tirar o fôlego. Jessica Chastain (A Hora Mais Escura), que interpreta a filha do personagem principal em sua fase adulta, se destaca pelo olhar sensível de menina esperançosa e, ao mesmo tempo, de uma cientista pronta para salvar o mundo.
Com um orçamento que bateu a marca dos 165 milhões de dólares e um projeto criado para exibições em iMax, Nolan transmite em ricos detalhes o que seria uma provável realidade espacial. O compositor alemão Hans Zimmer assina a trilha sonora que é o acabamento preciso à obra. A equipe ainda conta com o supervisor de efeitos visuais Paul Franklin – reconhecido entre outros trabalhos pelo Oscar em “A Origem” – e o designer de som Richard King. Todos já consagrados companheiros de Nolan em outras obras.
O diretor sempre brincou com o tempo de formas distintas (“O Grande Truque” e “A Origem”), mas, em Interestelar, decide arriscar um pouco mais e faz com que seis décadas passem em alguns minutos. Matthew McConaughey chegou a comentar em uma coletiva que nenhum trabalho de Nolan teria sido tão audacioso. O que é entendido quando o próprio Nolan assume suas influências em obras consideradas marcos no cinema de ficção-científica, como Star Wars e 2001: Uma Odisseia no Espaço.
Na trama, McConaughey interpreta Cooper, um engenheiro espacial e ex-piloto da NASA que sofre os efeitos causados por tempestades de areia e a falta de oxigênio. Cooper deixa a família quando recebe a missão de explorar outra galáxia, junto a outros astronautas, em busca de planetas que possam receber os seres humanos.
Ao desenrolar do filme notamos que o tema central, acima da física quântica e todas suas teorias, é o amor, retratado pela atitude de um homem que é capaz de fazer uma viagem interestelar de 90 anos para encontrar um novo lar para a humanidade e salvar sua família.
Considerando o peso do nome do diretor e de seu elenco, somado à proposta técnica grandiosa que pode ser comparada com o aclamado Gravidade, é previsível que Interestelar esteja entre os principais indicados ao próximo Oscar.