Lenine: “Meu trabalho no palco é a soma de várias autoralidades”

FOTOS Alina Souza

Durante sua passagem por Porto Alegre, Lenine  encontrou tempo para conversar com a equipe do Nonada. Na experiente carreira, que já tem trinta anos, o cantor tem diversos sucessos como “Paciência”, “Leão do Norte”, “Na Pressão”, “Hoje eu quero sair Só”, “Jack Soul Brasileiro”, “Todas elas juntas num só ser”, “Do It”, entre muitas outras. Agora, ele está em turnê do seu oitavo disco, intitulado Carbono.

No palco, é impossível não ser levado pela linguagem gestual de Lenine. E, durante a entrevista, percebia-se que os intensos gestos são parte dele. Juntando isso, ao seu sotaque pernambucano e uma simpatia quase que exclusiva dos nordestinos, o cantor consegue prender a atenção de qualquer pessoa e encantar com suas respostas.

Lenine está em turnê com seu oitavo álbum
Lenine está em turnê com seu oitavo álbum

Nonada – Eu percebi que você tem uma influência no seu novo álbum, Carbono, que não tem nos outros, que é do sertanejo. Você já estava flertando com esse estilo ou foi uma coisa que veio?

Lenine – Bom, que massa você levantar isso. Que bom você percebeu isso. É intuitivo, cara. A gente é uma esponja, vai bebendo, vai bebendo. E como a gente joga isso? Eu não tenho a mínima ideia. A dosagem disso? A mínima ideia. Eu percebo quando estou fazendo. É muito intuitivo. Não tem essa matemática, não é cartesiano. Nesse CD, são 11 mecânicas completamente diferentes de fazer. Uma foi diferente da outra e envolvendo incógnitas diferentes. Mas eu percebi isso quando estava fazendo o disco. A questão pantaneira que permeava ali. Ou mais que pantaneira, interiorana. Isso remonta a uma discussão que eu acho muito pertinente a gente falar, sobre uma expressão mais solar e litorânea, que abrange o Brasil, e uma expressão mais lunar e interiorana, que é pouco vista. Eu acho. E que bom que você percebeu isso, porque não que tenha sido intencional, mas eu percebi na hora que eu estava fazendo e também porque a gente procura o tempo todo não fazer o que já fez. Que estímulo eu teria em estar repetindo algumas coisas aqui? E que bacana que isso permeou a minha vida desde o inicio. Então o público, que realmente me acompanha, espera que eu me jogue, ele espera que eu me atire. E eu tenho feito isso. Então cada mergulho é um mergulho profundo.

O Carbono tem isso e percebi no fazer, depois que eu descobri, porque muito das músicas surgem de uma maneira muito solitária, mesmo que seja em parceria. Mas o início, realmente, é uma coisa muito solitária. Sou eu, sozinho, com meu instrumento. É um riff. Por isso que eu digo que sou Zéppeliniano, minha história é de rock, cara. O que eu faço é riff. A partir do riff eu vou montando um castelo de coisas. Esse momento é meio solitário, e aquela coisa de achar uma levada, achar uma maneira, um groove. Mas tem muita música minha que é meio psicofonada. Eu digo assim porque….eu não preciso de instrumento. E “não deixo a vida me levar” eu fiz…Eu sou amigo do Zeca Pagodinho, já fizemos várias coisas juntos. Apesar da canção não ser dele, mas é um grande sucesso na voz dele. E brinco com ele: é fácil pra você dizer isso “deixa a vida me levar”. Porra, pra mim não foi assim não, velho. E corroborei isso, não, “deixo a vida me louvar”. Aí eu peguei a brincadeira com a palavra. Mas eu fiz a canção em uma tarde. No dia anterior eu estava mostrando as músicas, um dos produtores, que por acaso é meu filho, o Bruno, e ele disse que não tinha nenhuma música só minha e que tinha que ter. Simples assim. E foi assim, em uma tarde. Então, ela careceu de harmonia, a melodia foi tão…chegou tão..que eu chamo de música psicofonada. Se eu não pegar, o cara ali da esquina pega. Eu tive a sorte de estar ali e capturar. Mas outras não. As outras tem a ver com a maneira como eu toco, me expresso, tendo o violão como uma extensão de mim. É sempre com ele. Por isso que grande parte das canções se resolvem. Se eu pegar o violão e tocar, vocês reconhecem elas. Porque todo o arranjo foi feito a partir de como eu toco.

Nonada –  Você é conhecido por falar de amor e desencantos. E eu percebi que esse CD fala muito da natureza. Tem alguma relação com o nome? Ou isso veio porque no ano passado você fez o Encontro Socioambientais, que por acaso passou pelo Espírito Santo – eu sou de lá. E você veio nessa inspiração? Ou se é algo que já permeia a sua vida, porque você é um fanático por orquídea e a natureza faz muito parte de você…

Lenine – No Encontro Socioambientais foram 12 regiões, espalhadas pelo Brasil, que a gente pode conhecer, em cada uma dessas regiões, de 10 a 15 projetos. E isso realmente foi alimentado. Mas, veja só, eu acho que sempre teve esse viés. Pelo fato do meu trabalho, de alguma maneira, transitar com reportagem, como o que vocês estão fazendo aqui, eu acho que sempre foi um tema que me interessou. Porque está presente. A gente está vivendo o antropoceno, cara. Isso nunca aconteceu na história do planeta. Uma espécie interferir no planeta. Isso nunca aconteceu (falando pausadamente, com ênfase). Então isso realmente é novo. Não existe fórmula pra gente viver, no que vai dar. Cada ano os caras erram, “não, é daqui a 30 anos, não, é 15 anos, 50 anos”. Não se sabe. É um fato que é evidente para quem trabalha com reportagem. Então acho que esse tema sempre esteve presente em todos os meus discos. No Carbono, fica muito evidente porque tem uma canção que é muito ícone, o “Quede Água” tem uma coisa que é muito imediata e oportuna. Que é algo que estamos vivendo, que é um paradoxo. Somos conhecidos no mundo como o País da Água, cara. O Rio Amazonas. A gente abre a boca pra dizer que é o maior rio, o rio São Francisco, as Cataratas do Iguaçu. Todo nosso projeto de país tem a ver com essa natureza e com água, e estamos a três anos, operando parte do Sudeste vivendo com a escassez. Isso é muito novo.

Então a canção, talvez tenha sido a que teve a equação com mais incógnitas para resolver, eu perdi o tempo pra descobri o tom daquilo. Porque aquelas palavras você fica beirando o piegas ou o apocalíptico. E são muito tênues essas duas coisas. Então descobrir o tom de como dizer aquilo, tirando o peso de algumas palavras, botando o peso de outras palavras em umas que não tem, isso é uma maneira de como fazer. Porque a gravação é uma fotografia que você faz, no dia a dia, cantando, é uma interpretação, mas ali, que é uma foto que você faz, por mais que tenha o photoshop depois, é aquela foto, e como dizer aquelas palavras foi uma equação, não digo difícil, mas sim, mais trabalhosa.

Nonada – E vi seus vídeo que Castanho é como se fosse “A ponte”. Mas eu achei o “Quede Água”, em temos de letra, muito mais semelhante.

Lenine – É porque “A Ponte”, assim como o “Quede Água”, é longo, tem aquela coisa de estar falando….veja bem, o “Castanho” tem uma coisa muito íntima que eu exponho ali, e as pessoas se identificam com isso. A pessoa pode pensar que estou falando do amor, “eu sou em par”, mas 4 também é par, 6, 8. O fato de não ser ímpar é que não pode ser um. E isso faz toda diferença. Porque ímpar também pode ser 3, 5, 7, mas não é 1. Mas o ímpar pode ser 1. Mas quando eu digo par você pode pensar no casal, mas o “Castanho” corrobora um caminho coletivo. Quer dizer, tem uma coisa ali que é mais geral, no sentido não do par de viver a dois, mas tem a ver com o dividir em fazer, a ponto de você somar várias assinaturas e ter uma outra coisa, que é a somatória de tudo isso. Eu acho que meu trabalho no palco é muito isso, é a soma de várias autoralidades.

Cantor se apresentou no Opinião em Porto Alegre na sexta-feira (3)
Cantor se apresentou no Opinião em Porto Alegre na sexta-feira (3)

Nonada – Eu vi em uma entrevista com o Jô, você afirmando que o CD é um coletivo, não se faz sozinho. E no “Castanho” você diz: “o que eu sou, eu sou em par, não cheguei aqui sozinho”. Parece que pelo fato de você ter gravado em tão pouco tempo e ser a primeira música do CD, que você está agradecendo a todo mundo está te ajudou na composição do projeto.

Lenine – Que lindo. Você sintetizou o fato de abrir aquilo e de fechar com “Undo”, que é termo que quer dizer desfazer. Para alguém que fez “Do It”, imagina o que é escrever “Undo” encerrando. E essa música eu só fiz por causa do show, eu queria uma música para encerrar e poder falar o nome das pessoas, e não tinha nada a ver eu fazer isso no cd. Eu tinha que ter o groove, o som de banda. E para gravar essa música, ela surgiu num set, no estúdio, que não por acaso escolhemos fazer na Toca, do Tom Capone, e eu escolhi fazer lá, na toca do bandido. E é um local que eu vi nascer junto com o Tom e reuni meus parceiros de estrada e vamos fazer a música, todo mundo junto. O riff é esse. E gravamos ali. Então, teve essa coisa muito bacana, você perceber isso, esse agradecimento em formato de canção que o “Castanho” tem e “Undo”, que é a assinatura dos 5 do palco.

Nonada – Ainda falando das suas músicas, nesse CD tem muita influência do frevo e maracatu, isso tem alguma relação com o fato de você ter feito a turnê do Baque Solto (1983) e Olho Pexei (93), voltar para origens, influências?

Lenine – Sempre tem. E sim, acho que isso me reaproximou de um bocado de gente, teve o Encontro Celebrativo, e o Carbono foi um aglomerado dessas experiências.

Nonada – E a que tem mais maracatu é a música que você faz em parceria com o Nação Zumbi. E depois de 30 anos, como é fazer essa parceria em um álbum seu pela primeira vez?

Lenine – Mas, olha só, tudo é a partir do estímulo inicial. Eu disse: quero fazer um disco. Qual título? Carbono. Todas as músicas tem a ver com Carbono. Veja só. Tem um clássico na música pernambucana, do Capiba, “Madeira que Cupim não rói”, isso é um clássico. Madeira do Rosarinho é um bloco que foi garfado em um carnaval em um determinado ano, e não ganhou, e todo mundo ficou puto. E Capiba, que é um dos torcedores do bloco, era fã, fez essa música, “eu sou madeira que cupim não rói”, e isso virou um lema quase estadual. Quando me surgiu: tá, madeira que cupim não rói, mas e a madeira do cupim que já foi? (risos) isso ficou na minha cabeça.

Então um tema: “Cupim de Ferro”. Quem eu vou chamar? Nação Zumbi. Primeiro porque faz uma música contemporânea, como eu. Segundo, mesmo lugar que eu sou, tem uma compreensão fundamental dessa história toda, da quase heresia que é tocar em um patrimônio desse e dizer: eu sou cupim de ferro, não tem essa de madeira que cupim não rói (risos). Então quando surgiu o mote, e eu escrevi algumas coisas, primeira coisa que eu fiz foi ligar para o Pupilo (baterista e percussionista da banda Nação Zumbi), que já conheço. E não é de agora. A gente já dividiu o palco, no Brasil e fora dele, em diversas situações. E liguei explicando e que tinha que ser com eles. Mas tive um cuidado, como eu disse, cada canção foi uma equação diferente. E resolvido de uma maneira diferente. Eu tenho muito cuidado na mecânica do fazer. E em um coletivo, como é o Nação, as do “vamos fazer”, eu perguntei pro Pupilo como eles fazem. Simples assim. Então fizemos da forma como eles fazem. Então, quando você leva em consideração o processo, cara, é o melhor da história. O melhor da história não é chegar. Isso pode parecer óbvio e piegas, velho, mas é puta de uma verdade. O que chega é a parte da coisa. Tanto é que eu estou falando aqui, sem parar, sobre uma coisa que ta gravada, não precisava de legenda. E a música, eu coloquei todos para cantar, em tom só. É radical. E ganhou toda essa verdade, tem essa verdade quase herética de estar mexendo em coisas muito tradicionais e tinha que ser esse encontro. Da mesma maneira que o maracatu que você identificou em “À Meia Noite dos Tambores Silenciosos”, quando eu quis fazer isso como uma oração, de imediato eu me lembrei do Letieres (criador da Orkestra Rumpilezz), porque já havia feito “Back to Black” com eles, já havia feito turnês com eles, com a Rumpilezz.

A música quando ela surgiu, ela já surgiu também associada: “bom, pra fazer esse tipo de oração, uma ancestralidade, tem que ser os caras”, mas nesse caso, não a criação, só o arranjo. Nessa eu fiz a canção, eu disse: ó, aqui, aqui, aqui (batendo palma e apontando), divirta-se. Daqui a 15 dias eu volto pra gravar a orquestra. Uma equação completamente diferente. Você entende? Com o Martin Fodse (maestro holandês) foi via Skype, eu disse, “Velho, to terminando um disco e tem que ter você”, “é lógico, eu estava de férias, mas diga, até quando eu posso trabalhar?”, eu respondi, “Não, você tem todo o tempo do mundo, mas eu preciso que você me entregue isso ontem” (risos).

Lenine falou sobre as diversas parcerias de Carbono
Lenine falou sobre as diversas parcerias de Carbono

Nonada – E aproveito o que você está falando de parcerias, você tem novos parceiros neste trabalho.  Gostaria de saber como é quando você chama as pessoas para trabalhar com você: a sintonia é imediata ou existe alguns conflitos de ideias ou gostos?

Lenine – É imediato. Não existe essa coisa de não gostar. Criar é, antes de tudo, confiança. Então, você não chama se você não tiver confiança. E com cada um desse “novos”…vamos colocar o “novo” entre aspas porque o novo é o que você esquece. Tem o sabor de novo, mas se você for ver, eu sempre digo isso, não existe ineditismo que resista a uma boa pesquisa bibliográfica. Se você procurar, você acha. (risos). Então, esses “novos” não são tão novos. O Carlos Posada (parceiro na música “Castanho”), já participei da banda dele, já levei ele pra Recife, pra abrir o Carnaval comigo. “O Impossível vem pra Ficar” tem co-produção do Tó Brandileone e na parceria Vinicius Calderoni, ele (Calderoni) é do 5 a Seco, eu já gravei com os meninos. Entende? Tem um novo ai na lista, que é o João Cavalcante, que é o meu filho (risos), que é novo pra gente fazer uma canção, veja bem, tem uma novidade incomensurável da gente estar fazendo junto isso. Mas, não é novo, nenhum dos três. São novos velhos amigos. Diferente dos velhos velhos amigos, como Lula Queiroga, Carlos Rennó, Dudu Falcão, Carlos Malta, Suzano.  Esta turma aqui (apontando para a banda que está passando o som), o Pantico está a 22 anos tocando comigo. Se você analisar a letra do “Impossível vem para Ficar”, eles estão falando sobre isso, um sonho. Eu tive experiência com cada um, sabia da excelência de cada um na área que eu chamei pra atuar, Tó é um puta produtor e o Vinicius é um dos mais interessantes dessa turma mais nova aí, seu primeiro cd é um trabalho primoroso.

Tem uma aposta. Depois que tive essa urgência do fazer, a partir do estímulo, não tem erro. Erro convicto é acerto (risos). Mas eu sou sortudo, porque, ao longa da vida, eu fui tendo uma permanência com esses cúmplices de criação, com esses músicos incríveis, com esses poetas fodas, que me garantem esse tipo de confiança que eu te falei, que está envolvido o processo de fazer um disco em dois meses. Eu só consegui por causa do coletivo, porque não cheguei sozinho, porque eu sou em par. E isso faz o som ficar ímpar (risos), aí o som fica ímpar. Porque é o somatório dessas assinaturas, dessas expressões. E eu sou meio espelho delas.

Nonada – E seus filhos, que são músicos, eles te ajudam a buscar novos sons, apresentando para você, ou você por natureza, é curioso?

Lenine – São três coisas: eu já tenho essa curiosidade; o fato da minha música ser maneira que ela é, atrai esse tipo de coisa, das pessoas me mandarem coisas; e tem sim o fato de eu estar sendo municiado o tempo todo por três cabeças completamente distantes, até porque a diferença de idade do primeiro segundo é de 8 anos, do segundo pro terceiro é de seis anos. Eu praticamente tive três filhos homens. E cada um bixado com a música – e quando uso esse termo quero dizer em todos os sentidos – e me municiam muito. João tem essa coisa mais eclética, abrangente, ouve tudo. Bruno é coisa radioheadica, mais atual, e não sei lá o que. E Bernardo é um cara do Hip hop. Eles me municiam muito. Mas é o somatório de coisas. Eu também sou um cara curioso. E o fato da minha trajetória me aproximar, é engraçado isso, porque termina, de alguma maneira, o que eu faço, as pessoas se espelham porque entendem que a minha trajetória foi de um certo cabeçadurismo da minha parte, que houve um sorriso amarelo e eu não retribui esse sorriso, e ao contrário, eu investi no fazer, e continuei fazendo. E isso me deu uma perenidade, porra. Porque eu faço dessa maneira. É muito honesto. Eu tento ser muito honesto. E é meu trabalho, só vai até a página oito. Depois da página oito, não me enche o saco. Eu tenho meu trabalho, eu ritualizei isso. É quase como minha missa. A gente tá fazendo uma coisa que é como se fosse um ritual pra nós. Tipo, daqui a pouco não vou poder mais falar porque tenho que passar o som e já está quase na minha hora de ir lá. Isso é uma ritualização. E eu adoro fazer isso, cara. Adoro fazer isso. Gosto muito do que faço. E só faço o que eu gosto.

Nonada – Para finalizar, Rodrigo Amarante foi fazer um show em Vitoria/ES ano passado e ele disse na entrevista que, com seu novo CD, ele tenta “conquistar o silêncio, com o silêncio”, pelo fato de ser apenas ele com um violão. E ouvindo essa frase de novo, esses dias, eu me lembrei de você e sinto que se encaixa no seu trabalho. Mesmo com bateria, guitarra, baixo e feito, eu sinto um silêncio e leveza muito grande nas suas músicas. E percebi isso no show do Chão, quando você foi pra Vitória. Aquele espetáculo mais íntimo, com efeitos de luzes…

Lenine – Eu tenho um medo dessas luzes, rapaz (risos), delas começarem a girar sozinho (risos). E acho que a minha música é muito cheia de referências. Então o Robson, que trabalha há muito tempo comigo e assina o desenho da luz, sabe disso. A luz não dança, a música não está dançando. E não ilumine o músico, ilumine a música. Sabe? Tem umas coisas que são fundamentais pra mim. A vedete não sou eu, é somatório de várias pessoas fazendo, essa é a vedete, porra. Se não entender isso… por isso tem uma penumbra, de jogo de luz, não tem que iluminar muito. Para fotografia é uma merda, mas para o espetáculo é maravilhoso, porque você pode criar um relevo. As compreensões são diferentes. E quando você está no ao vivo, é igual à diferença do cinema e teatro. No cinema a câmera pega você e não precisa ser caricato. Qualquer expressão a câmera pega. No teatro, como o cara tem que fazer uma expressão, e o espectador na última cadeira tem que entender, ele carrega na expressão, beirando a caricatura. Pelo menos é assim que eu entendo. Ou como eu defino como é tocar indoor, ou tocar ao ar livre. No teatro ou em uma casa como no Opinião, você pode experimentar o silêncio de outra maneira, ao ar livre é mais difícil. E é quase impossível, porque o silêncio não tem o mesmo peso. Eu acho que a figura de linguagem sonora de maior importância é a pausa. Mesmo.

 

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