Entrevista: Jeferson Tenório, entre a celebração e a solidão

Entrevista: Glauber Cruz
Vídeo: Raphael Carrozzo
Foto: Gabriela Silva/divulgação

Era uma noite de temperatura amena a do dia 26 de abril, quando as pessoas se reuniram no fundo da Livraria Baleia para ouvir a conversa entre os escritores Jeferson Tenório e Fernanda Bastos. O bate-papo integrava a programação do lançamento de Estela sem Deus, segundo romance de Jeferson. “Só encontramos pessoas de vários setores da vida em duas ocasiões: a primeira na formatura, a segunda no velório”, disse ele provocando risos e fazendo logo em seguida a promessa de lançar mais livros para que tivesse, além da alternativa do velório, outras oportunidades para encontrar novamente todas aquelas pessoas.

Nascido no Rio de Janeiro e radicado em Porto Alegre há mais de 20 anos, Jeferson Tenório é uma das vozes mais altas nas discussões sobre a literatura afro-brasileira em Porto Alegre. Primeiro cotista negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Tenório evoca em suas histórias a formação, a religiosidade e o não-lugar dos negros no Brasil, potencializando suas narrativas ao situá-las e discuti-las na capital de um estado cultural e historicamente racista.

Dias depois do lançamento de seu segundo romance, Tenório encontrou a equipe do Nonada na Casa de Cultura Mário Quinta para conversar sobre o seu processo criativo, a invisibilidade das letras negras em eventos literários, a relação entre os papeis de professor e escritor e os desafios de ser um escritor negro em um país profundamente racista.

Glauber Cruz –  Então Jeferson, queria agradecer tu ter separado um tempinho pra dar essa entrevista pro Nonada e começando pelo Estela Sem Deus, teu novo livro, queria que tu contasse um pouco como é que nasceu, como foi a construção dele.

Jeferson Tenório – Bom, o Estela começou a ser escrito há bastante tempo, há cerca de quatro anos. Ele teve três versões, e a ideia principal era contar a história da minha mãe, que é uma cartomante, e eu queria contar a infância até a vida adulta. Mas essa primeira versão ficou muito biográfica, e eu achei que estava pouco literária. Fiz uma segunda reescritura e ela ficou já um pouco distanciada, até que eu cheguei nessa terceira versão que, ao invés de ser uma cartomante, é uma menina de 13 anos que quer se tornar filósofa. É uma menina negra, a história é contada em primeira pessoa e acontece em Porto Alegre e depois no Rio de Janeiro. A história é a trajetória dessa menina, dos 13 até os 16 anos, com essa ideia fixa de se tornar filósofa.

Glauber – A protagonista do Estela e o protagonista do O beijo na parede, teu primeiro romance, são duas crianças né. Por que escrever pelo olhar de uma criança?

Jeferson – Porque eu acho que o pensamento infantil é muito poderoso, atinge as pessoas de maneira muito mais contundente do que um adulto falando. Elas são mais sinceras, são mais honestas. Também ainda estão protegidas de uma certa ingenuidade. Escolher esse tipo de personagem, que me agrada bastante, sobre a questão do aprendizado, da educação sentimental que eles vão tendo ao longo da narrativa. Por isso, eu fico com vontade mesmo de fazer esse tipo de personagem. Diferente já dos contos que eu tenho escrito, que já passam por um outro olhar,  que é mais adulto. Mas nos romances eu gosto desse olhar mais pueril.

Glauber – E qual é dificuldade, quais são os desafios de se escrever como uma criança, para não parecer que é um adulto querendo falar com uma criança?

Jeferson – É, o desafio é imenso. No primeiro livro, O beijo na parede, o menino que começa a contar com 10 anos e termina com 11 anos. É necessário se colocar no lugar de uma criança, voltar à infância e ter uma espécie de alteridade também. Mas acho que o principal desafio é quanto à linguagem. Como fazer uma linguagem que seja infantil e ao mesmo tempo profunda? Para isso, eu busquei uma referência para mim, que é o Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa, em que a gente tem ali um sertanejo bastante humilde e simples, mas que é capaz de fazer reflexões muito profundas. Então eu busquei isso nos meus personagens, principalmente no João, n’O beijo na parede. Como diz a Clarice, “dá muito trabalho fazer o simples”. Eu sempre busco uma linguagem que seja fluída, simples, enfim, um livro que fale de coisas profundas, mas de maneira mais simples.

Glauber – Já são cinco anos [desde O beijo na parede], hoje qual é o teu olhar pra ele? Como que tu vê ele? É da mesma forma que tu via quando tu lançou?

Jeferson – Ontem mesmo eu fui numa escola falar sobre O beijo na parede. Eu fico impressionado, porque a cada lugar que eu vou falar do livro, é sempre um olhar diferente, alguém sempre chama atenção pra alguma coisa que eu não tinha percebido, é sempre surpreendente rever o livro. Eu não costumo reler O beijo na parede, só quando tenho que fazer uma edição nova, mas eu não gosto de ler porque eu corro o perigo de querer fazer uma modificação, mudar alguma coisa que eu não gostei… mas sempre muda, não é mais a mesma coisa de quando eu publiquei olhando agora pra esse livro. Parece que é sempre um livro novo.

Glauber – Tanto O beijo quanto o Estela se passam no Rio e em Porto Alegre, o que conversa muito com a tua trajetória de vida. O quanto do Jeferson que tem nesses dois livros, especialmente nesses dois livros que são romances que falam sobre crianças?

Jeferson – Tem tudo. Ou muita coisa. Eu sempre digo que o escritor que diz que escreve um livro e não tem nada da sua vida ali está mentindo. A diferença é que o escritor transfigura, traduz a experiência. A literatura é uma tradução de experiências. Essa transição, [com] personagens que estão sempre indo para um lugar, fez parte da minha vida, essa vinda do Rio de Janeiro para Porto Alegre. Na Estela é o contrário, ela sai de Porto Alegre e vai pro Rio de Janeiro. Me interessam muito esses personagens que transitam, que vão de um lugar para o outro, porque a minha infância e adolescência também foi essas idas e vindas. Porto Alegre, Rio de Janeiro, passar por muitas casas, muitos bairros, principalmente os bairros da região metropolitana, os subúrbios por onde eu caminhei e é por onde esses personagens também caminham, também passam.

Glauber – Tu vai ser o anfitrião da FestiPoa Literária, o que significa pra ti ser um escritor negro em Porto Alegre hoje?

Jeferson – Olha, eu acho que é meio solitário. No ano passado, houve aquele problema com a Feira do Livro em que chamavam poucos autores negros. Enfim, eu faço literatura no mínimo há 10 anos, 12 anos, e ano passado foi a primeira vez que eu fui chamado pra participar de um evento da Feira do Livro de Porto Alegre. Eu moro aqui em Porto Alegre há mais de 20 anos. Parece que o reconhecimento demora, é mais tardio. Se a gente for pensar na Conceição Evaristo, por exemplo, ela faz literatura desde a década de 1970, nos Cadernos Negros. E ela começa a ser reconhecida depois dos 70 anos de idade. Então tem alguma coisa errada aí. Mas principalmente em Porto Alegre, pelos lugares que eu frequento não ter muitos artistas ou escritores negros, isso faz com que eu tenha um profundo sentimento de solidão mesmo, de não reconhecer os meus pares. Então é nesse sentido, acho que é de solidão mesmo.

Glauber – Nesse sentido, tem algum prenúncio de mudança assim nesse cenário? Agora se discute muito literatura negra, a FestiPoa Literária vai ser focada nesse viés, tu acredita que há uma mudança começando?

Jeferson – Eu acho que muito lentamente. Acho que a FestiPoa é um grande evento que está dando destaque pra isso, não é de agora, já faz alguns anos que o Fernando Ramos, que é o organizador, já vem pensando nisso e já vem modificando algumas coisas. Nós não precisamos fazer um evento e dizer que “agora a gente vai falar de literatura negra”. A gente precisa olhar pra aquele evento e ver que há pessoas negras assim como há pessoas brancas, naturalizar as pessoas negras nesses espaços, nesses eventos. Mas enquanto isso não é naturalizado, é preciso marcar espaço, é preciso dizer, pra que as pessoas percebam “existem escritores negros né, existem poetas negras”. Mas eu acho que ainda está longe ainda da gente chegar num ideal ainda de evento literário.

Glauber – Falando não só de Porto Alegre, mas de Brasil, em que momento que a gente está na história da literatura negra?

Jeferson – Eu acho que está muito numa questão de celebração, de descoberta e celebração. Mas pouca leitura crítica. Se descobrem os autores, se celebra esses autores em alguns lugares, mas não há assim uma leitura mais séria, mais honesta, uma leitura que seja profunda desses autores. Me parece que é muito superficial. Então, é escritor negro, então a gente tem que falar dele ou tem que celebrar esse autor. Mas a leitura mesmo, a leitura mais crítica acho que falta.

Glauber – Voltando um pouco pra tua obra, o eu lírico do novo livro, e também do primeiro, é de uma menina, de uma criança. Como tu lida com essas questões de alteridade, de empatia, de lugar de fala que esse discute muito hoje, nas tuas obras?

Jeferson – Especificamente mais na Estela, quando eu comecei a escrever, há quatro anos, a expressão “lugar de fala” não era uma expressão que eu tinha ouvido falar ou que circulava. Acho que há uns três anos que começou a circular mais essa expressão. Eu fui pesquisar, li a respeito e comecei a me dar conta de que eu estava construindo uma personagem, uma menina de 13 anos e que eu estava me colocando no lugar desse personagem, o que me deixou extremamente preocupado. Muitas vezes, eu hesitei em dar ponto final na história por não me sentir seguro quanto a isso. Por outro lado, foi bom porque sentir insegurança na hora de escrever é fundamental. Nós não podemos ter certezas absolutas quando se escreve. Também quis me colocar uma barreira, uma dificuldade pra fazer o livro, porque eu acho que a dificuldade faz com que teu texto fique complexo. Eu preciso de certa forma lutar com a literatura ou lutar contra a literatura. Isto é, me impôr dificuldades pra que a partir delas eu consiga situações complexas. Foi isso que eu tentei fazer com a Estela.

Mas antes dele ser publicado, eu passei pra algumas pessoas lerem. A Priscila Pasko foi uma que leu, a  Aline Vanim, a Ediane Gheno, enfim, várias pessoas, várias mulheres leram esse texto e a partir dessas leituras críticas eu refiz o texto, fui refazendo algumas cenas, até chegar no momento que bom: é preciso dar um ponto final. Ainda assim, me sinto inseguro. Não é uma personagem que eu fique confortável. Eu sei que estou num campo chamado ficção, literatura, em que se permite que nós transitemos em identidades, então eu posso me colocar no lugar de uma mulher, posso me colocar no lugar de uma criança, posso me colocar no lugar de um velho, então a literatura permite essas coisas. Nesse sentido que eu acho que eu consigo produzir uma obra como a Estela.

Glauber – Partindo agora mais pro lado do Jeferson leitor. Tu citou Guimarães Rosa e Grande Sertão: Veredas, quais são os títulos e autores que contribuíram muito pra construção do Jeferson escritor?

Jeferson – Acho que dois livros que me causaram uma profunda transformação, um deles é o Dom Quixote. Eu li ele muito tarde, já estava na faculdade quando eu li, e foi um momento de iluminação. O outro livro foi o Grande Sertão: Veredas, que me deixou muito impactado. E depois ter conhecido a Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo, que foi também uma outra iluminação que eu tive. Eu considero que esses três livros tenham feito muita diferença na minha formação. E depois outros autores, Clarice Lispector, gosto muito do que ela escreve, releio muitas vezes; Caio Fernando Abreu, a própria Conceição Evaristo. Enfim, são muitos autores que eu gosto e acabam fazendo parte da minha trajetória.

Glauber – E quais são as principais diferenças – se tem diferença – do Jeferson leitor antes de escrever e publicar romances e contos pro Jeferson de depois?

Jeferson – Ah, ficou muito mais difícil escrever depois. Quando eu li Grande Sertão: Veredas,  eu disse “nossa, eu nunca vou me atrever a escrever alguma coisa porque olha só o que o cara já fez né, com essa linguagem toda”. Mas é uma espécie de humilhação que a gente passa quando  a gente percebe que há uma coisa tão grandiosa e tu te colocar nesse lugar de também fazer coisas grandiosas é muito difícil. Parece que tu tem que baixar um pouco o teu ego assim né, e a partir então disso tu começa então a escolher o teu caminho e aí fazer uma literatura, uma voz né, encontrar a tua voz pra fazer isso. Então, depois da leitura ficou muito difícil, começar a escrever, enfim, depois de tudo que já foi produzido.

Glauber – E tem algum nome recente, título o autor, que tu acredite que daqui pra frente seja referência pra alguém também?

Jeferson – Na verdade, enquanto eu estou fazendo o meu doutorado eu não tenho conseguido ler muitos contemporâneos. Mas eu sei de alguns autores. A Cidinha da Silva, que mora em Minas Gerais; a própria Eliane Marques que é uma poeta aqui de Porto Alegre, foi vencedora do Açorianos no ano passado; a gente tem o Allan da Rosa, que mora em São Paulo que é um grande escritor. Essas são as minhas referências mais contemporâneas nesse sentido. E literatura africana que eu acabo lendo direto, o Mia Couto, a Paulina Chiziane, o Agualusa, o Ondjaki. Esse é o meu universo. Sem contar também autores que sempre me acompanham, volta e meia sempre acabo relendo esses autores que são os canônicos né, digamos assim. Machado de Assis, Dostoiévski,  autores que acabam sempre aparecendo e que eu preciso reler.

Glauber – Falando também um pouco do Jeferson professor, qual a é a influência do teu trabalho como autor na tua vida como professor e vice-versa? Tem alguma conversa entre esses dois?

Jeferson – Ah, totalmente. Eu acho que eu não conseguiria fazer O beijo na parede nem Estela se eu não fosse professor. Os meus alunos acabam sendo material estético dos meus personagens. Eu trabalho com adolescentes de 15 anos, nessa faixa de idade. Então a observação dos conflitos dessas crianças, desses adolescentes, me ajuda muito na hora de construir esses personagens. Nós discutimos muito literatura também. Impressionante porque às vezes eu aprendo muito mais com eles ali, discutindo coisas, do que numa sala de pós-doutorado ou de doutorado. As crianças dizem coisas muito mais contundentes, mais impactantes do que na academia.

Glauber – Nesse sentido, pra ti como professor e tendo esse contato com eles assim, qual é a potência da literatura na formação de uma criança?

Jeferson – Olha, a potência é bastante forte e necessária. Os meus alunos percebem que eu gosto muito de literatura e eu tento passar isso pra eles, Quando eles percebem que a literatura é importante, eu percebo que há uma mudança de atitude em relação à visão que eles têm do mundo, da vida. Eu explico pra eles que a literatura não é de ordem prática, ela é de ordem introspectiva, ela é interna, ela é demorada, ela precisa ser saboreada. Então é um processo de sensibilização mesmo. É um instrumento muito potente pra compreender o mundo, compreender a vida.

Glauber – Pegando gancho nisso que tu falou como que a gente pode ver a literatura como uma ferramenta de mudança social, que ajude a acabar com as desigualdades raciais e sociais?

Jeferson – Acho que diretamente a literatura não pode fazer muita coisa. A literatura não salva ninguém, o que salva é o que a gente faz com a literatura, que são coisas diferentes. Agora, colocar isso que a literatura pode ser responsável por mudanças sociais, acho que pode ser algo muito superficial. Acho que o sujeito imbuído de literatura pode fazer alguma coisa nesse sentido. Por exemplo, ontem me perguntaram por que os meus personagens são tão tristes, parece que não tem saída. E eu quis dizer que a tristeza que aparece nos livros não é uma tristeza melancólica como a dos portugueses. Ela é uma tristeza como um método de sobrevivência. O que é esse método de sobrevivência? Significa que quem é triste nos meus livros, é porque discorda da vida, eles são inconformados com as coisas. Essa tristeza então aparece como uma forma de luta, não é uma tristeza que te paralisa. Te faz ser inconformado com as coisas. Então, eu acho que se o leitor consegue se dar conta disso, a partir disso ele pode fazer alguma coisa, porque não é garantia. Acho que a literatura vai nesse sentido, de instrumentalizar as pessoas para fazer alguma coisa.

Glauber – E como tu vê, nesse sentido, um evento com a FestiPoa e, tu deu o exemplo da Feira do Livro do ano passado, como tu vê esses espaços? Eles podem ser de ordem mais prática ou não também?

Jeferson – É que existe uma diferença. Eu produzir uma obra literária com um intuito de fazer alguma coisa de ordem prática, outra coisa é tu elaborar um livro em que essas temáticas aparecem naturalmente. Então tu tem um tipo de literatura diferenciada. Agora em relação aos espaços, esses eventos literários, eu acho que tem que ser de ordem prática mesmo, a gente tem que colocar pessoas negras ali dentro porque a gente tá vendo que não existe. Nesse sentido, as coisas têm que ser mais claras, elas têm que aparecer ali né. E parece que isso só é, só acontece quando há uma pressão, que foi o caso do ano passado na Feira do Livro. Houve uma pressão, minha e do Ronald Augusto, em que nós escrevemos uma série de artigos e aí sim que Feira do Livro tomou alguma atitude. Mas parece que é preciso sempre haver uma pressão externa, senão não funciona.

Glauber – Falando um pouco do Jeferson Jeferson, e falando desse teu trajeto Rio de Janeiro e Porto Alegre. Hoje tu se vê como um carioca que mora no Rio Grande do Sul,  ou se vê como um gaúcho que não é mais tão carioca? Como que tá essa situação?

Jeferson – É um conflito de identidades. Ontem saiu uma nota no jornal [sobre o lançamento do livro “Estela Sem Deus] dizendo “escritor carioca lança romance”. Eu achei aquela frase tão esquisita porque eu não tenho mais o vínculo com o Rio de Janeiro né. Eu só nasci lá e fiquei 13, 12 anos lá. Mas ao mesmo tempo quando eu estou aqui às vezes eu me sinto estrangeiro, em função de ser negro né, e não porque eu morava no Rio de Janeiro. Me sinto um pouco estrangeiro e num conflito de identidade. Sou gaúcho, sou carioca. Então, não há uma definição.

Glauber – E como lidar com essa situação de solidão de escritor negro em Porto Alegre e lidar com essa sensação de ser um estrangeiro nesse espaço?

Jeferson – Quando eu vim pra cá, e falando um pouco do João d’O beijo na parede, tem um momento que ele diz que Porto Alegre é uma cidade triste, ele não sabe dizer porquê. E é a mesma sensação que eu tenho, talvez seja o inverno, não sei o que, mas eu lembro que quando eu cheguei aqui eu tive essa sensação. De sair de uma cidade super alegre, pra cima, praia… e aí chegar aqui e descobrir que as pessoas vão pra praia uma vez por ano e que há toda uma expectativa pra isso, a praia é o grande evento. E no Rio de Janeiro não é. Tá, pega um ônibus e em 1h, sei lá 30 minutos, dependendo de onde tu mora tu tá na praia. Acho que ficar longe do mar dá um pouco de tristeza. Acho que é isso.

Glauber – Jeferson as perguntas eram essas, tu quer acrescentar mais alguma coisa?

Jeferson – Não acho que é isso. Queria agradecer ao Nonada também. Sei das grandes dificuldades que o jornalismo alternativo tem e acho que é super importante continuar porque a gente tem uma mídia que infelizmente não dá conta dessa produção que fica à margem e aí vocês estão lá. Eu acompanho isso e fico muito contente de ter sido convidado por vocês e dar essa entrevista. Agradeço todos vocês.

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