5 artistas visuais brasileiros para acompanhar, por Izis Abreu

Ester Caetano
Foto: Secretaria Municipal da Cultura

O trabalho de curadoria é fundamental no processo de construção de uma exposição artística. É a curadora ou o curador quem seleciona as obras e propõe uma narrativa a partir delas, produzindo um sentido. Para Izis Abreu, historiadora da arte e curadora do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), para que esse sentido seja coerente, é necessário incluir uma pluralidade de vozes e narrativas, que podem ampliar o conhecimento em relação à sociedade. “Essa sociedade da qual estou falando são pessoas que geralmente não têm acesso aos espaços artísticos. Pensar uma curadoria narrativa na qual eles possam se enxergar é o primeiro ponto muito importante para mim. Não consigo desvincular a questão social e política como curadora e historiadora da arte”, destaca.

Izis Abreu é bacharela em História da Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestranda em História, Teoria e Crítica de arte na mesma universidade. É também coordenadora do Núcleo de Curadoria do MARGS. Em 2019, foi a responsável pela curadoria da exposição “Estética da rebeldia”, em homenagem ao artista gaúcho Otacílio Camilo (1959-1989). Izis pesquisa as visibilidades e invisibilidades de artistas afrodescendentes no sistema da arte gaúcho, assim como as representações de indivíduos negros na história da arte no Brasil.

Perguntamos à curadora quais são os cinco artistas visuais brasileiros que mais têm se destacado atualmente na opinião dela. Confira abaixo as indicações: 

Arissana Pataxó

Obra sem título de Arissana Pataxó

De etnia Pataxó, é professora da educação básica e Artista Plástica Visual, desenvolve uma produção artísticas em diversos métodos abordando a temática indígena como parte do mundo contemporâneo. Formada no curso de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes (UFBA). É Mestre em Estudos étnicos e africanos pela mesma universidade. Ao longo de seus estudos, desenvolveu atividades como oficinas e produção de materiais didáticos com o povo Pataxó. Além continuar trabalhando com os povos de sua origem, agrega outros povos indígenas da Bahia com atividades de arte-educação.

Utilizando diversas técnicas artísticas, que acrescenta a seu trabalho, desde a pintura à fotografia, desenvolve uma poética sobre os povos indígenas e a contemporaneidade. Participou de várias exposições individuais e coletivas, internacionais e nacionais, entre elas “Mira ! Artes visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas”, que reuniu artistas do Brasil, Equador, Bolívia, Peru e Colômbia. Sua exposição mais recente é “Resistência” que aconteceu na UFBA, durante o Fórum Social Mundial 2018. Indicada ao Prêmio PIPA em 2016, foi premiada com o 2º.

Castiel Vitorino Brasileiro

“Manjericão Roxo” (2018), foto-performance no Festival Internacional da Imagem/Santos-SP

Artista visual, macumbeira e psicóloga  formada em Universidade Federal do Espírito Santo e mestranda  no programa de Psicologia Clínica da PUC-SP. Atualmente, desenvolve estéticas macumbeiras de sua Espiritualidade e Ancestralidade Travesti. Participou de diversas exposições individuais e coletivas sendo a mais recente “O trauma é brasileiro” que ocorreu na Galeria Homero Massena em Vitória/ES, 2019.

Jota Mombaça

“As filhas da chuva mais seca”, instalaçao, de Jota Mombaça – Bienal de Sidney

Nascida em Natal/RN, conhecida também como Monstra Errátik e Mc K-trina, é uma escritora e artista visual brasileira, que movimenta seus trabalhos e estudos sobre as relações entre monstruosidade e humanidade, estudos queer, giros decoloniais, interseccionalidade política, justiça anti-colonial, redistribuição da violência e tensões entre arte e política nas produções de conhecimentos do Sul-do-Sul globalizado. Trabalhos recentes: Black El Dorado. Com o artista Ikí Yos Piña Narváez. Residência artística no âmbito do Pernod Ricard Fellowship, Villa Vassilief, Paris, França, 2020 e The Daughters of the Driest Rain // #NIRIN Biennale of Sydney, 2020.

Mitti Mendonça

“Ela Quer Tudo”, de Mitti Mendonça

Natural de São Leopoldo/RS, Mendonça é artista têxtil e ilustradora. Em 2017, criou o selo Mão Negra para protagonizar poéticas negras no universo da arte. Trabalha com gravura, bordado, colagem e desenho, Além disso, elabora publicações independentes, como fanzines. Atua no circuito Latino-Americano de Feiras de Arte Impressa. Seus trabalhos abordam a ancestralidade, a memória e o afeto. Em 2020, venceu o Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea.

Jaider Esbell


“Maldita e desejada” (2013), acrílica sobre tela

Artista, escritor e produtor cultural do povo Makuxi do estado de Roraima e livre-pesquisador do Sistema de Arte Indígena Contemporânea. Vive e trabalha em Boa Vista, onde mantém a Galeria Jaider Esbell de Arte Indígena Contemporânea. Vencedor do PIPA online 2016, seu trabalho traz “influências da ancestralidade, conhecimento, memória, diálogos, plasticidade contemporânea, política global, o ser local, xamanismo visual, poder.”

Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.

Compartilhe
Jornalista engajada nas causas sociais e na política. Gosta de escrever sobre identidade cultural, representatividade e tudo aquilo que engloba diversidade.
Ler mais sobre
Coberturas Processos artísticos

Onde está a crítica de arte brasileira?

Memória e patrimônio Processos artísticos Resenha

Há 70 anos, Abdias Nascimento transformava questionamentos sobre identidade negra em arte

Comunidades tradicionais Processos artísticos Reportagem

Auá Mendes, artista indígena do Amazonas, desponta na cena da arte contemporânea do Brasil