Fotos: Ita Pritsch
Porto Alegre viveu uma daquelas noites raras em 29 de abril. Em plena quarta-feira, o bar Opinião recebeu um minifestival chamado Brgmota Nights, trazendo artistas da cena independente local e nacional. A casa não estava completamente lotada, mas é de se louvar que ainda exista gente que prestigie shows alternativos no meio da semana, mesmo que eles acabem depois das duas da manhã.
O conjunto da obra agradou, mas podia-se constatar que cada um tinha seu favorito ali. Com topetes e visual estilo rock anos 50, os fãs do paulista Thiago Pethit marcaram presença. Mas, em conversas informais, percebia-se que grande parte do público estava ali para ver a banda Boogarins. Muitos, inclusive, se surpreenderam pelo fato de os goianos serem a atração de abertura.
Hierarquias à parte, Dinho Almeida (vocal e guitarra), Benke Ferraz (guitarra), Raphael Vaz (baixo) e Ynaiã Benthroldo (bateria) fizeram seu show com a competência de sempre, deixando de queixo caído aqueles que ainda não os tinham visto ao vivo – e também os que já tinham. Destaques da apresentação, “Lucifernandes” e a indefectível “Doce” deveriam ser precedidas de um aviso de “conteúdo altamente lisérgico”. LSD ou Boogarins, você decide.
Assim como a Boogarins, a gaúcha Wannabe Jalva vem acumulando boas experiências em festivais e abrindo para bandas renomadas. Recentemente, com a música “Down by the Sea”, alcançou 71% dos votos no reality show Superstar, da rede Globo, mas ficou para a repescagem. Com uma apresentação já bem conhecida dos porto-alegrenses, a Jalva tocou canções antigas e algumas mais recentes, como “Miracle”. Um show impecável tecnicamente, mas havia algo faltando, talvez maior interação. Quem já viu sabe que eles podem mais.
Bom de papo (como você pode conferir nesta entrevista), Thiago Pethit subiu ao palco para mostrar suas habilidades no palco. O rock apresentado por ele não é exatamente uma novidade, e sim uma mescla de influências dos anos 60 e 70, não por acaso as décadas mais prolíferas para o estilo. Ainda assim, funciona bem dentro da proposta de Pethit de resgatar um período em que rock’n’roll não era sinônimo de caretice. Dois momentos emblemáticos da apresentação: primeiro, quando o cara canta “Quero Ser seu Cão”, chega na beira do palco e se insinua para um rapaz loiro da plateia, quase beijando-o; segundo, quando encerra o show com a música que o inspirou – “I wanna Be your Dog”, dos Stooges –, tascando um beijaço de língua no mesmo fã. Quer algo mais rock’n’roll que isso?
Torçamos para que o Brgmota Nights tenha continuidade, e o “S” em nights dá a entender que sim. Porto Alegre precisa de eventos como esse, mesmo durante a semana e varando a madrugada.
Os comentários estão desativados.