Vanguart, folk à brasileira e bom de palco

Fotos:Fernando Halal

Flanders, o líder do Vanguart: folk do grupo funciona melhor em português

O Vanguart é conhecido por fazer um dos melhores shows nacionais de pop rock (embora o termo seja genérico demais para definir a música da banda mato-grossense). Por isso, era de se esperar que o público presente na edição do projeto Segunda Maluca realizada nesta segunda-feira, 19 de dezembro, no bar Opinião, fosse um pouco maior. Quem não foi, vacilou: o grupo liderado por Helio Flanders é, de fato, um prodígio em cima do palco.

A abertura dos trabalhos ficou por conta da Dingo Bells. Ao contrário do que ocorreu na abertura do show de Ringo Starr, os gaúchos puderam dispor de uma bateria, mais o trio de metais que vem os acompanhando há algum tempo. Assim, fizeram uma apresentação mais “encorpada”, com ótima aceitação da plateia e elogios da atração principal.

Depois de lançar um bom disco de estreia, mas que atirava para todos os lados, o Vanguart passou por um período relativamente longo sem gravar. Voltou com um segundo álbum mais coeso, Boa Parte de Mim Vai Embora, lançado este ano. Obviamente, o show atual é baseado nele, a começar pela cativante faixa de abertura “Mi Vida Eres Tu”, única com um trecho que não é cantado em português, como entrega o título. Felizmente, a banda privilegia as músicas em seu idioma pátrio, mesmo que Vanguart (2007) tenha muitas composições em inglês – algo que predominava nos EPs anteriores. Essa opção trouxe unidade ao show, além de valorizar as interessantes letras de Flanders.

Após “Cachaça” e “Desmentindo a Despedida”, entra em cena a bela violinista Fernanda Kostchak. Mas não se engane: a menina não está ali como um mero atrativo visual. A riqueza dos arranjos de “Das Lágrimas” (com os vocais do baixista Reginaldo Lincoln), “Enquanto Isso na Lanchonete”, “Amigo” e “Nessa Cidade” demonstram que a tendência é de o Vanguart contar cada vez mais com sua sexta integrante.

Certamente a faixa mais famosa do Vanguart, “Semáforo” surge cadenciada e dramática no arranjo feito por Cida Moreira e Arthur de Faria. Este, inclusive, sobe ao palco para dividir os vocais com Flanders (e a plateia) e tocar acordeom.

Violinista Fernanda Kostchak, a sexta integrante do Vanguart

“Antes que Eu me Esqueça” e “O que a Gente Podia Fazer” são as últimas antes da saída de Fernanda do palco (ela voltaria para o encerramento) e do momento mais agitado do show. O hit “Para Abrir os Olhos” põe todo mundo pra dançar, a exemplo de “Depressa”. A linda “Onde Você Parou”, também com vocais de Lincoln, e “Cosmonauta” antecedem uma surpresa bacana: com o guitarrista Guri Assis Brasil no palco, o Vanguart faz sua versão de “1996”, da Pública. Emocionado, Flanders rasga elogios ao rock gaúcho.

Aliás, o vocalista faz questão de ressaltar o tempo todo sua identificação com Porto Alegre, citando pessoas, bandas e até mesmo lugares. A única coisa que o incomodou foi o calor, do qual reclamou várias vezes, brincando que “Porto Alegre era mais quente que Cuiabá”. Algo difícil de imaginar, embora a temperatura realmente estivesse insuportável naquela noite.

O show termina com a impagável “Se Tiver que Ser na Balada, Vai”, a versão original de “Semáforo” (imagine se os fãs iriam ficar satisfeitos apenas com a versão anterior!) e “O Mar”, de Dorival Caymmi, gravada no ao vivo Multishow Registro Vanguart. Todos saíram do Opinião pingando de suor, mas com a alma lavada. Afinal, os comentários sobre a qualidade do show do Vanguart eram verdadeiros.

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