Ricardo Chaves será o homenageado do 7º FestFotoPoa

Por Riccardo  Facchini* 

O próximo homenageado do FestFoto participou ontem de palestra (Crédito: FestFoto/Alexandro Auler)

O fotógrafo Ricardo Chaves, o Kadão, vai ser o homenageado da próxima edição do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, que será realizado em 2013. A revelação deu-se durante os eventos de ontem da presente edição do festival. Também foi anunciado o tema para o ano que vem, que será “Preto e Branco”.

Na noite de ontem, 22, ocorreu ainda palestra sobre “As experiências das agências independentes da década de 80”, que contou com a participação do futuro homenageado e do fotógrafo Juca Martins, com mediação de Rubens Fernandes Júnior. Ao longo de duas horas e meia, tendo Juca se estendido no tempo em uma hora, os fotógrafos relataram suas experiências profissionais, principalmente no que diz respeito às agências Focontexto, em que Kadão trabalhou, e F4, fundada, além de Martins, por Ricardo Malta, Delfim Martins e pela homenageada desta edição do festival, Nair Benedicto.

A ideia em torno da F4, explanou Juca, era fazer um trabalho não pautado por interesses comerciais. Eventualmente, ele disse que acabavam fazendo trabalhos encomendados, afinal precisavam pagar as contas, mas que esse jamais passou perto de ser objetivo dos integrantes. A ideia era a de que os próprios fotógrafos pautassem suas reportagens. Os trabalhos de maior expressão da agência foram as coberturas das Greves do ABC paulista e do Garimpo de Serra Pelada, obra que rendeu – e com a possibilidade de ainda render mais –, segundo Juca, R$ 200 mil reais, com fotografias sendo publicadas ao redor do mundo. Além disso, temas a que os fotógrafos da agência se dedicaram foram questões sobre o meio ambiente, mulheres e crianças, sendo os pioneiros a tratar destas questões.

O ineditismo também se fez presente nas relações trabalhistas: conforme Nair Benedicto, “soubemos fazer de nosso projeto de produção e utilização fotográfica um projeto político de defesa dos interesses da categoria como um todo, estabelecendo novas relações de trabalho em um mercado reconhecidamente caótico. Desde o início, os fotógrafos associados pautavam suas matérias, eram donos de seus originais negativos e cromos, e tinham sua produção organizada e distribuída pela agência”. Juca terminou sua fala explanando sobre o projeto documental Terra Brasilis, que pode ser integrado por qualquer um.

Atividades do festival acontecem principalmente no Memorial do RS (Crédito: FestFoto/Alexandro Auler)

Na sequência, foi a vez de Nair Benedicto receber o carinho de amigos, colegas e demais presentes, em mesa formada, entre outros, pela filha da fotógrafa e por Ateneia Feijó, escritora e jornalista. O que se sucedeu acabou sendo mais uma homenagem pontuada por pequenos depoimentos carinhosos das participantes à pessoa Nair, desta vez sem foco no seu trabalho fotográfico. A própria homenageada, em sua curta fala, falou de outros temas, como por exemplo seu vizinho astrólogo. Isto se deveu à organização e aos participantes propositalmente não terem preparado um debate. Desta forma, a segunda parte da programação do dia foi mais curta; ambas transcorreram sempre com bom humor por parte dos participantes e suscitando a curiosidade do público.

*Estudante de Jornalismo da UFRGS

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