Nos últimos tempos, os setores da cultura e da Justiça Climática têm se aproximado nas ações globais. Para o jornalista e gestor cultural Eduardo Carvalho, que atua nesta intersecção desde 2010, esses assuntos não estão mais desconectados. Co-fundador e diretor da Outra Onda Conteúdo, ele tem desenvolvido projetos nacionais e internacionais para visibilizar a cultura como instrumento e ferramenta de defesa do clima.
Segundo ele, a visão da cultura apenas como entretenimento contribui para uma subestimação do seu poder de ação e mobilização. “A gente quer, cada vez mais, trazer essa agenda para diversos setores para que seja possível explodir essas as “bolhas” do [ debate] cultural e climático. Ou seja, para que os “climáticos” entendam a importância da cultura como ferramenta de mobilização e os “culturais” entendam que é importante a gente promover narrativas que abordam as mudanças climáticas, suas diversas formas, através do fazer cultural”, defende.

Através do diálogo entre comunicação, arte e tecnologia, ele trabalhou no desenvolvimento de pavilhões artísticos e culturais durante as últimas COPs. Em junho desse ano, participou da articulação do primeiro diálogo do Balanço Ético Global (BEG), em Londres. Na ocasião, organizou um evento, dentro do Jardim Botânico, de apresentação de uma peça teatral que aborda a criação do protocolo de Kyoto, acordo internacional assinado com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Em uma cena, um representante de Kiribati, país insular, contestava a forma como as negociações estavam sendo conduzidas, porque daquele jeito, levava à morte das populações que moram ali.
A arte pode ser agente de provocação, inclusive em contextos de decisões políticas e globais. “A cultura pode ser, de fato, esse vetor que vai mobilizar por meio da emoção. Precisamos unificar as áreas, trazer quem está fora da agenda para dentro. Criar oportunidades para trazer quem não está dentro do Congresso Nacional”, defende Eduardo.
Desde 2021, o jornalista já foi responsável pela concepção de iniciativas da sociedade civil brasileira, como o Brazil Climate Action Hub, além de ajudar na curadoria da programação das filantropias climáticas globais. Em 2025, é um dos curadores do Balanço Ético Global, ligado à presidência da COP30. Em entrevista ao Nonada Jornalismo, o gestor reflete sobre a relação entre clima e cultura, adianta os planos para atuação em Belém, e anuncia os projetos atuais da Outra Onda.
Entrevista completa:
Nonada – Como a relação entre clima e cultura surgiu na sua trajetória profissional?
Eduardo Carvalho – Eu sou jornalista da área de meio ambiente e ciência. Trabalho na cobertura de Conferências Climáticas e mudanças climáticas desde 2010, quando eu comecei a cobrir a primeira Cúpula do Clima, no México, como enviado de um jornal que não existe mais, de São José dos Campos.
Eu fui para lá para fazer essa cobertura e tentar traduzir ao público da região do Vale do Paraíba, já que na região estão localizados o INPE e o ITA, por exemplo. É um lugar de várias instituições científicas e climatologistas. Era importante explicar ao público sobre a negociação climática que ganhou impulso de uma forma negativa por conta da COP15. Depois, trabalhei na Globo Natureza, em São Paulo, também na temática da ciência.
Em 2012, cobri a Rio+20. Em 2014, a COP no Peru. Até que eu me mudei para o Rio de Janeiro e atuei na implementação do Museu do Amanhã, na equipe curatorial, um trabalho que tinha tudo a ver com o que eu já vinha fazendo, de divulgação científica, só que em uma outra linguagem.
Era uma linguagem que eu não tinha trabalhado ainda, porque sempre trabalhei com jornalismo. No museu, a linguagem já é um pouco mais cultural, de divulgação científica para os vários públicos que ainda não estão, vamos dizer, “catequizados” em relação à cultura e à ciência. É um museu gigante que completa 10 anos esse ano. Tenho muito orgulho de ter feito parte desse histórico dele.
Ali, se abriu a porta de um outro mundo para mim, em que é possível aproximar o público de temas complexos, como o clima, o antropoceno, o futuro no Brasil, esse nosso país que precisa enfrentar o combate à pobreza, à violência e, ainda, as repercussões climáticas.
Nonada – O que você destaca nesta intersecção entre projetos artísticos que você participou relacionados ao clima?
Eduardo Carvalho – Um dos trabalhos que fizemos foi sobre a Amazônia. Um trabalho que nasceu, durou 4 anos de pesquisa e deu origem à exposição de realidade virtual “Fruturos – Tempos Amazônicos”. Também fizemos uma das primeiras exposições sobre a pandemia do mundo, a “Coronaceno – Reflexões em tempos de pandemia”. De alguma forma, ali surgiu uma virada de chave, o embrião da Outra Onda Conteúdo, que depois tomaria forma com o Léo Menezes, que era o meu sócio, criador do Museu do Amanhã.
Em 2021, fui trabalhar na Inglaterra, justamente no ano da COP. Naquele momento, existia o Brasil Climate Action Hub, que era o pavilhão da sociedade civil durante os anos de governo Bolsonaro, quando houve uma tentativa de apagamento da política climática no país. A sociedade civil emergiu com esse pavilhão para ter voz, e mostrar que o Brasil ainda estava no jogo. Naquele ano, tive a oportunidade de fazer esse pavilhão durante a COP, propondo articulação entre pessoas e programação cultural.
O Brazil Climate Action Hub promoveu uma série de ações, reunindo organizações não governamentais, empresas, governos subnacionais. Nas COPs de Glasgow e Sharm-El Sheyk esses espaços foram importantes diplomaticamente para mostrar que o Brasil se mantinha vivo nas negociações e ações voltadas à mitigação do aquecimento global, e que também era provedor de soluções para o resto do mundo. Em 2024 a Outra Onda Conteúdo concebeu o pavilhão e ajudou na curadoria da programação das filantropias climáticas globais e também do Pavilhão Brasil, em Baku, na COP29

Foi um dos primeiros movimentos da participação brasileira, mas também de outros países, em trazer a política cultural como um grande agente mobilizador para a ação climática. Hoje, já está se vendo que essa é [uma aproximação] muito mais potente. Foi toda uma luta para fazer com que as entidades da sociedade civil climática entendessem que a cultura não é só entretenimento, mas sim uma poderosa forma de mudar mentes e corações. Em 2022, o Brasil continuou esse trabalho. Fizemos um pavilhão que se tornou uma grande atração lá no Egito, com uma curadoria de conteúdo e de experiências, para as pessoas se entenderem como parte da solução.
Nonada – Foram essas experiências que levaram você a fundar o Outra Onda Conteúdo? Poderia contar o que é a iniciativa e quais os propósitos de vocês?
Eduardo Carvalho – Em 2023, nasce a Outra Onda. Nós trabalhamos com três pilares: criação de exposições e experiências, que tratam de temas sociais para engajar o público em diferentes formas, usando tecnologia ou não, em soluções globais. O segundo eixo do conhecimento, em que a gente desenvolve aplicações, pesquisas, conteúdos para eventos. Um exemplo é a criação da coleção Educação Climática com a Turma do Pererê, um projeto da editora Inteligência Educacional, direcionado para o ensino fundamental sobre educação climática. Temos quase 50 livros lançados, e cerca de 150 mil pessoas são alcançadas em todo o Brasil. A ideia foi trazer um olhar brasileiro, através das ilustrações do Ziraldo, para falar com estudantes sobre florestas, adaptação das cidades, alimentação, oceano, saúde climática, migrações climáticas, bioeconomia, e transição energética.
Também fizemos pesquisas, envolvendo cultura e clima, como a realizada em parceria com o C de Cultura, lançada ano passado. É um dos primeiros relatórios sínteses no Brasil sobre a pauta e tem ganhado fôlego, tanto com o suporte dos Ministérios do Meio Ambiente e da Cultura. Tivemos muitas conversas e diálogos com o MinC sobre a necessidade de políticas de financiamento para projetos culturais, que tratam da agenda climática.
O terceiro eixo é o do audiovisual. Temos três filmes lançados e esse compromisso de trabalhar com projetos com propósito, que realmente possam gerar uma transformação e um engajamento do público nas pautas que a gente se propõe a trabalhar, tendo a prioridade, por causa dos nossos backgrounds e compromissos pessoais, com o combate às mudanças climáticas.

Nonada – Quais os projetos que vocês estão desenvolvendo neste momento?
Eduardo Carvalho – Estamos com dois lançamentos neste ano. O primeiro é a Plataforma Espalha, lançada em agosto. A proposta é uma plataforma em que as pessoas, projetos de organizações, empresas, possam cadastrar seus projetos. A ideia é reunir uma semântica de informações para que o público possa saber de onde são esses projetos, quais são as causas que eles trabalham. É também para que essas pessoas que ainda não se identificam como projetos que tratam de cultura e clima possam se identificar dessa forma, porque muitas vezes as pessoas já fazem, só ainda não se reconhecem assim. Ou seja, a gente está dando nome a algo que as pessoas ainda não se reconhecem. Tem até o ditado que as coisas começam a existir quando damos nome a elas.
A ideia é que essa plataforma possa fazer com que todos se conheçam, se conectem. Vai ser algo permanente. E nessa primeira fase também estamos lançando um prêmio, que é o Prêmio Espalha. Ele vai premiar sete projetos em cinco categorias: ações realizadas no contexto amazônico, mata atlântica, comunidades indígenas, comunidades quilombolas, além de um o prêmio de votação popular. Cada iniciativa vai ganhar R$10 mil reais.
É uma forma de incentivar esses projetos a terem continuidade e também promover ainda mais essas ações que tratam de cultura do clima. Essa coletânea de iniciativas vai estar distribuída por biomas, então, as pessoas podem entrar no site, cadastrar, e depois até quem sabe expor para que possíveis patrocinadores possam conhecer mais sobre o projeto.
O segundo lançamento é uma pesquisa que estamos fazendo em parceria com o C de Cultura e a PUCRS, para entender o que as pessoas acham e entendem sobre temas climáticos. Entender como elas consomem cultura e o que elas percebem acerca das atrações culturais que falam de clima.
Nonada – Como você analisa a importância de criar essa espécie de rede, no sentido, de conectar os agentes culturais em defesa do clima?
Eduardo Carvalho – A gente quer, cada vez mais, trazer essa agenda para diversos setores para que seja possível explodir essas “bolhas”: a cultural e a climática. Ou seja, para que os “climáticos” entendam a importância da cultura como ferramenta de mobilização e os “culturais” entendam que é importante a gente promover narrativas que abordem as mudanças climáticas, suas diversas formas, através do fazer cultural.
Há muitas formas de fazer isso, seja valorizando o saber tradicional, seja trazendo esse saber tradicional para locais onde ainda não estão inseridos. Seja por meio da conscientização dos gestores culturais, curadores, dos museus, para que tragam cada vez mais públicos para as exposições, projetos ou programas educacionais que abordem essa temática.
Todo mundo mundo está falando de COP30. É importante que se fale mesmo, mas não somente. É preciso entender que a COP é um evento que acaba em novembro, mas as ações, a implementação de políticas públicas, a busca por financiamento, a responsabilização comum, deve permanecer e gerar cada vez mais preocupação nas pessoas.Precisamos combater a desinformação e o negacionismo usando a cultura e diversas outras ferramentas.
Nonada – Quais impactos vocês projetam para a plataforma Espalha?
Eduardo Carvalho – A gente quer fazer com que as pessoas se enxerguem como fazedoras de projetos de cultura e clima, e colaborem com outras pessoas que também atuam nessa área. Não é sobre criar uma rede, mas queremos fortalecer essa rede que já existe. É pequena, porém crescente, e a gente quer potencializar cada vez mais, ligando as pessoas, para que seja cada vez mais robusta.
A proposta é conectar a política pública, ao setor privado, ao cidadão comum. Muita gente não entendeu a importância da cultura no impacto das mudanças climáticas. Temos que conversar com as pessoas, principalmente. Hoje a gente tem que pensar em modos de essa mensagem se espalhar para diversos públicos e diversas gerações. A gente precisa achar um ponto de equilíbrio que coloque todo mundo na mesma página, na mesma importância, entendendo a diversidade de tecnologias, mas contribuindo para táticas que reduzam o impacto da mudança climática e salvem vidas.

Nonada – Nesse sentido, a cultura pode ser uma aliada para chegar em diferentes públicos, isso?
Eduardo Carvalho – Não é através de uma peça de teatro, que vou resolver o problema da falta de saneamento, por exemplo. Mas, às vezes, a peça de teatro vai ser importante para conscientizar algumas pessoas sobre seus direitos e isso pode ter um resultado mais para frente.
Claro que precisamos ter uma capacidade maior de solução de problemas, de mitigação e adaptação, mas a cultura é uma forma de pressionar. Por isso, às vezes, ela é malvista. Temos que trabalhar para que essa pauta [clima e cultura] também seja vista nos seus diversos níveis e que seja entedida como parte da política. Não só da ação individual. Mas, especialmente, da ação coletiva.
Nonada – Poderia comentar do trabalho de pesquisa que estão realizando neste ano?
Eduardo Carvalho – A pesquisa está no final da fase de coleta. Estamos fazendo uma pesquisa online em questionário. A intenção é que essa pesquisa chegue para as pessoas fora da “bolha” de cultura, ou seja, pessoas que não estão tão habituadas a conversar sobre esse assunto diariamente.
Queremos ouvir como elas entendem as climáticas, suas consequências e as responsabilidades. Quem são os responsáveis? Também temos perguntas sobre o consumo de cultura nas suas localidades. E, o mais importante, que as pessoas enxerguem a cultura como uma oportunidade da ação climática, ou seja, para proteger as populações e as diversas consequências da alteração da temperatura no planeta.
Depois da fase de coleta, os dados vão ser trabalhados, refinados por nós, e devemos divulgar os primeiros resultados ainda neste segundo semestre, durante a COP30. O resultado mais robusto deve sair no começo do ano que vem.
Nonada – Me parece que o trabalho que você realiza auxilia também para materializar a relação entre cultura e clima, mostrando que não é um tema que está no abstrato ou no campo teórico.
Eduardo Carvalho – Dar concretude é muito importante. A Plataforma Espalha é uma forma de trazer os projetos para a pauta. Fazer com que as pessoas se reconheçam como parte dessa agenda e não como fora dela. A pesquisa é uma forma de entender como a população enxerga tudo isso, assim como os agentes culturais.
Estamos tentando colocar na mesa algo concreto. Dados, números, opiniões e ideias. Para avançarmos no debate e irmos para a prática. Reunir essas iniciativas é uma forma de alimentar a rede para que ela se fortaleça ainda mais. Precisamos sair do “etéreo” e se perguntar: Quando? Como vamos conseguir dinheiro? Quem pode ajudar nisso? Como a gente combate a tal desinformação usada na guerra cultural para falar de clima? Então, é nosso papel como agentes de cultura questionar tudo isso.
Nonada – Como será a atuação de vocês na COP30, em Belém?
Eduardo Carvalho – Estamos trabalhando na criação e implementação do Balanço Ético Global, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. O Balanço nasce inspirado no que foi aprovado em 2023 na COP de Dubai. Foi uma sistematização de todas as nações realizadas ao redor do mundo para combater o aumento da temperatura a 1,5°C. Ele nasce como talvez um dos principais legados de mobilização da COP brasileira para o sistema climático.
Os [principais questionamentos] são: como a gente pode agir de forma ética em relação às ações dos países e das pessoas para mitigar e adaptar as pessoas mais vulneráveis em relação à crise climática? Um dos nossos papeis, além de ajudar na concepção da metodologia, foi o de trazer a cultura para o centro desses encontros.
Em Londres, criamos um evento dentro do Jardim Botânico, em diálogo com a apresentação de uma cena da peça Kyoto, que foi criada pela Good Chance Company. O espetáculo aborda a criação do protocolo de Kyoto. Em uma cena, um representante de Kiribati, um país insular, anunciava que eles agora só negociavam um bloco para que eles tivessem mais força. Ele contestava a forma como as negociações estavam sendo conduzidas, porque daquele jeito levava a morte das populações que moram ali.
A gente começou o evento já com essa apresentação de impacto para que todo mundo entendesse de que forma estamos negociando. É uma espécie de constrangimento para que, de fato, se entendesse que precisamos agir de outra forma nas negociações e que a cultura pode ser uma aliada.

Nonada – E assim como em outras COPs, haverá conexão entre artes e discussões climáticas?
Eduardo Carvalho Sim, estamos trabalhando em uma obra de arte coletiva junto com a artista Alexia Ferreira, construída a partir do diálogo com vários lugares: Inglaterra, Colômbia, Índia, Etiópia, Austrália e Estados Unidos. A obra vai reunir vozes e artistas locais. A Alexia trabalha com colagem e tecidos. A gente escolheu esse material justamente para ser fácil de transportar para o Brasil. Em cada evento, os participantes do diálogo vão atuar nas obras de arte coletivas. No final, vamos apresentar essas seis obras de arte no mesmo lugar.
Queremos ouvir os participantes para que eles tragam diferentes formas, respostas e manifestos em relação à Ética Global. Faremos um pavilhão na Zona Azul (Blue Zone) da COP com uma exposição sobre o Balanço Ético Global, em que a gente vai trazer essas obras coletivas. Além disso, qualquer pessoa vai poder fazer seu Balanço Ético, debatendo de qualquer local, tentando responder às perguntas que foram propostas pela presidência da COP sobre como a gente pode combater a desinformação, como a gente pode reduzir o número de combustíveis fósseis, entre outros temas.
Também estamos conversando com outros parceiros para que haja programação cultural e discussões sobre a importância da cultura em todos os lugares, como a Green Zone.
Nonada – Sua trajetória está muito ligada ao esforço de didatizar e popularizar os conhecimentos sobre as mudanças climáticas. Agora na iminência da COP30, em Belém, muito se debate sobre a dificuldade de dialogar com as populações de modo geral. O que você diz sobre isso°
Eduardo Carvalho – A COP é fechada, é um lugar de negociação. Acabou se tornando uma grande ação, um grande evento, porque a sociedade civil brasileira está carente de locais para que ela pudesse cobrar com liberdade. As últimas COPs aconteceram em locais que não eram permitidos as manifestações, por exemplo. A expectativa é que Belém fique lotada de pessoas que vão colocar pressão.
Então, respondendo a sua pergunta. Acho que isso vai muito além da COP. A gente precisa falar de educação climática. A gente precisa falar de como fazer com que as pessoas entendam o que são as mudanças climáticas. As pessoas precisam entender que essa pauta de mudanças climáticas deve entrar na agenda de candidatos a prefeito, governador, deputado, senador, presidente. O Simon Stiell, secretário executivo da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), fala que a cozinha da casa das pessoas tem a impressão digital das mudanças climáticas.
Isso faz com que as pessoas comecem a entender um pouco por que os valores estão aumentando. Não estou falando da taxação, mas do preço do tomate, do chuchu, da carne ou do arroz. Que estão acometidos por secas ou excesso de chuva, aumentando o desabastecimento. Esses dados já estão evidentes de que tem uma coisa muito errada. Só que a forma que a gente passa para o público sobre como isso está errado é uma forma que ainda não está dando certo. Estamos usando meios de comunicação tradicionais, redes sociais, mas apenas atingindo as bolhas. Então, a gente precisa pensar: e depois da COP?
Precisamos pensar em quem não está interessado na COP, em quem não lê jornal, em quem só consulta uma única rede social. Como é que a gente está falando com esse público? Por isso, a necessidade de levantamento de dados sobre como a gente está se comunicando. Precisamos entender o que as pessoas pensam quando falam de mudança climática. Se negam ou não, até onde pensam que podem ir
A cultura pode ser, de fato, esse vetor que vai mobilizar por meio da emoção. Precisamos unificar as áreas, trazer quem está fora da agenda para dentro. Criar oportunidades para trazer quem não está dentro do Congresso Nacional. Agora a gente precisa agir com intensidade. Muito além da COP.