Thaís Seganfredo Imagem: ilustração de “A Morte e o Meteoro”/ Shinya Kato Se Eduardo Galeano estivesse vivo, talvez se perguntasse para que servem as distopias, visto que é considerável o número de obras literárias que se voltam para esta temática no cenário contemporâneo. Em um panorama mundial no qual as democracias estão cada vez mais
Resenha
Thaís Seganfredo A aspereza dos traços de giz riscando o quadro negro prenuncia a reconstituição que se dá ao longo de um dos mais importantes documentários lançados recentemente no Brasil. Presas políticas durante a ditadura militar, mulheres como a fotógrafa Nair Benedicto e a presidenta Dilma Rouseff tentam ilustrar no quadro como era a Torre das
Thaís Seganfredo Das obras artísticas recentes no Brasil, algumas têm se voltado a revisitar os cenários rurais e a ampla diversidade de quem vive nesses territórios. Na literatura, Itamar Vieira Junior tem se destacado com um dos melhores livros dos últimos anos. Torto Arado (Todavia, 2019) já está na lista das grandes obras brasileiras que
Paola Mallmann* Embora de autores diferentes, dois documentários brasileiros recentes dialogam na busca por visibilizar parte da cosmovisão de diferentes povos indígenas: “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, direção de João Salaviza e Renée Nader Messora; e “Ex-Pajé”, de Luis Bolognesi. Nas obras, é possível perceber a narrativa centrada na relação indígena com o
Glauber Cruz Uma das sequências de Adoráveis Mulheres mostra a família March em um momento de confraternização à mesa. A câmera gira em torno dos personagens, revelando os sorrisos daquela simpática família que, envolta em alguns clichês, sofre com as perdas da guerra. A cena poderia perfeitamente fazer parte de uma novela das 18h, cuja
Litoral fluminense, década de 40. A mata atlântica ainda preservada foi a paisagem que Karim Aïnouz escolheu para o prólogo de A Vida Invisível, que inicia com Guida e Eurídice, duas irmãs filhas de pais portugueses conservadores, contemplando a grandiosidade do oceano à sua frente. Não deixa de ser tristemente irônico, no entanto, que a
Ronald Augusto (*) [1] Marlírico é um livro de poesia, de poemas? À primeira vista, sim, já que, afinal de contas, todo o conjunto se encontra, ao menos nominalmente, dentro dos limites do gênero – e as informações da ficha catalográfica, inclusive, cumprem função afirmativa quanto a isso, pois ali se lê “poesia” –, mesmo assim, em
Se Jair Bolsonaro entrasse em uma sala de cinema que estivesse exibindo Bacurau, sairia no mínimo horrorizado. Afinal, como pretende nossa utópica Constituição, todo o poder emana do povo no sertão de Bacurau, povoado calcado na força, na diversidade, na cultura. O longa é muitos filmes em um só, inclusive um ensaio-manifesto contra a violência
Ananda Zambi Fotos: Thiago Lima Quando queremos assistir a shows, a gente tem a tendência em priorizar as atrações de fora do estado e do país, ou até mesmo tributos. Mas afinal, o que anda acontecendo na cena musical autoral gaúcha? Foi o que o Fellas, evento do Fellas Music Fest, tentou fazer: reunir bandas dos
Há como responder racionalmente a algo basicamente emocional? Começo com essa indagação porque é difícil escrever sobre um show como o de Kamasi Washington, considerado “embaixador do jazz”, e sua excelente banda neste 26 de março, de 2019, no bar Opinião, em Porto Alegre, sem acabar apelando para o que senti e o que presenciei. Encontrando
por Glauber Cruz Tish Rivers e Fonny Hunt vestem amarelo e azul quando os conhecemos. Nesse momento, ela questiona se ele está preparado. A pergunta, embora emoldurada por um plano que coloca Tish diretamente na linha do olhar de Fonny, também se estende para a plateia. Afinal, a história que Tish nos contará é uma
por Thayse Ribeiro Eu já havia assistido a Roma duas vezes em casa. Todavia, a emoção da sala escura do cinema e de dividir a experiência com as pessoas que ali estavam foi imensamente melhor do que o meu testemunho solitário em casa. Em uma noite chuvosa de quinta-feira, após a longa espera na fila
Como se reinventa uma obra que sempre colocou o dedo na ferida da ditadura militar ainda em pleno regime e é encenada agora em um novo momento, quando temos um defensor da tortura como presidente do Brasil? Há 36 anos em cartaz, Bailei na Curva continua levando bastante gente ao teatro, como constatamos em uma das
por Thaís Seganfredo Fotos: Anselmo Cunha Talvez sejam as ondas que reverberam dos tambores, talvez seja só a longa espera, mas o retorno do Cordel do Fogo Encantado a Porto Alegre foi um reencontro com os fãs como se o tempo apenas tenha sido descongelado, fazendo chover energia. Depois de quase uma década de hiato,